Foto: reprodução/ Facebook/Faxinal do Céu

Por Nara Coelho

Alguns moradores das Vilas residenciais de Segredo, em Reserva do Iguaçu e de Faxinal do Céu em Pinhão no Paraná, e do seu entorno repassaram à reportagem do Fatos do Iguaçu, que estavam percebendo várias modificações na condução das Vilas e que eles estavam preocupados.

As duas Vilas  pertencem à Companhia Paranaense de Energia – Copel, que as criou e as mantém, onde residem prestadores de serviços à empresa, professores e os trabalhadores que atuam nas Usinas de Energia Elétrica, Governador Ney Aminthas de Barros Braga, localizada no rio Iguaçu, a 2 km da montante da Foz do Rio Jordão, a Governador Bento Munhoz da Rocha Netto de Foz do Areia.

A vida dos moradores do entorno hoje está muito ligada às Vilas residenciais, principalmente do Faxinal do Céu. 

Ao levantar os dados a reportagem do Fatos do Iguaçu constatou que a Copel está com um plano para a desativação das Vilas.

HISTÓRICO

Em 1975 a Copel ganhou a concessão para a construção da Usina Governador Bento Munhoz da Rocha Netto para a exploração de energia no rio Iguaçu distante 5 km da jusante da foz do rio Areia. Essa construção e exploração atingiu de forma direta os moradores do distrito de Faxinal do Céu, em Pinhão, Paraná.

Para a construção da Usina várias áreas de muitos moradores foram alagadas, assim tiveram que mudar o rumo de suas vidas. 

Começando  a operar em 1980, hoje é a maior usina da Copel, possui capacidade de 1.676 MW de potência.

A CONCESSÃO

Pelo contrato existente entre a Copel e a União, a estatal tem o direito de explorar a Usina até setembro de 2023. Após essa data a concessão da exploração da energia de Foz do Areia para os próximos 30 anos iria para novo leilão.

PRIVATIZAÇÃO  

Com base em um decreto federal de 2018 reeditado em 2019, no qual permite às concessionárias terem as outorgas renovadas por 30 anos, desde que privatizem a maior parte das operações em até 18 meses antes do fim do contrato, aestatal, não querendo por em risco sua posse da Usina, formalizou um pedido ao Ministério de Minas e Energia de concessão de sua principal usina hidrelétrica: a Governador Bento Munhoz da Rocha Neto, ao repasse à iniciativa privada  de 51% da operação de Foz do Areia, ficando com uma fatia minoritária da Usina. A empresa indicada para o repasse é a F.D.A. Geração de Energia Elétrica S.A, hoje subsidiaria da Copel.

CORTANDO CUSTOS

Para atrair o interesse do setor privado para realizar a transação que a manterá explorando a Usina da Foz do Areia, a Copel organizou um plano de redução de custos e nesse está a desativação das Vilas residenciais.

Há que se dizer que a empresa tem buscado fazer tudo isso de forma muito discreta, pois é evidente que essa operação levará a demissões de centenas de pessoas,  que  até por medo de retaliações da empresa não falam muito da situação, sejam trabalhadores diretos, fornecedores ou terceirizados.

GRANDES E IMPORTANTES ESTRUTURAS

Em Segredo, no municipio de Reserva do Iguaçu, além do setor de residências, tem o Museu Regional do Iguaçu que guarda e conserva elementos que contam a história da região, já que muitos desses  foram destruídos com o alagamento para a construção da Usina.

Em Faxinal do Céu, no municipio de Pinhão,  tem uma grande estrutura, há dois anfiteatros, um com capacidade para 600 pessoas, outro com salas para estudos e discussões de temas diversos, o Jardim Botânico.

 Para a inauguração do espaço de recepção do Jardim Botânico, em 05 de junho de 2019,  a superintende de meio ambiente da Copel Geração e Transmissão Luísa Nastari, falou que a Copel tem o grande desafio  de gerar e transmitir energia em equilíbrio com o meio ambiente. O Secretário  Estadual de Desenvolvimento Sustentável e Turismo do  Paraná, Márcio Nunes, que declarou “É muito bom estar aqui, ver essa obra que foi toda realizada com materiais reciclados em um espaço que, com certeza, já promove o turismo, mais ainda, vai ser muito mais impulsionado, contribuindo para o desenvolvimento de toda a região”.

No entanto, o que se percebe é que a empresa não está assim tão preocupada com o meio ambiente e com o desenvolvimento da região, pois quando Fatos do Iguaçu procurou a Copel, questionando como seria mantida a manutenção desses espaços após a privatização, teve como resposta, via assessoria de imprensa, “a Copel esclarece que está estudando alternativas para a destinação de instalações que não sejam vinculadas às atividades fim da Companhia (geração, transmissão de energia elétrica), entre elas, as vilas residenciais de usinas e estruturas anexas. Essa medida integra um plano de ações a serem adotadas para garantir a perenidade dos negócios da empresa no mercado de energia, que está cada vez mais competitivo. Para cada instalação, haverá um plano específico de destinação ou administração que atenda exigências legais e regulatórias do poder concedente às quais a Copel está submetida”. 

300 EMPREGOS DIRETOS

Nosso levantamento de informações mostrou que vários copelianos, como são chamados os funcionários diretos da empresa já foram transferidos, continuam morando nesse momento nas Vilas, porque estão realizando trabalhos remotos, devido a pandemia, contudo já estão ligados a departamentos de outras esferas.

 Sobre as previsões de demissões a Copel respondeu “Não há até o momento deliberação que implique em demissão de pessoas”.   

Mas, ficam algumas questões no ar, se a empresa está desativando as Vilas, e como ela mesmo diz, para cada estrutura está realizando um plano de destinação, o que acontecerá com os trezentos funcionários terceirizados que atuam na manutenção e conservação dessas estruturas?

 Com as empresas terceirizadas que hoje prestam serviço à Copel, e geram entre as duas Vila aproximadamente  300 empregos diretos, obtivemos a informação que na revisão anual do contrato que elas têm de cinco anos, haverá uma diminuição de contratação.

Segundo informações extra oficiais, a Copel irá diminuíndo mês a mês cinquenta empregados entre setembro e janeiro de 2021.

FUNDERE

Há anos um grupo de pessoas ligadas a Copel, prevendo que a questão do fim da concessão traria consequências socio econômicas aos moradores locais e visualizando que essas estruturas poderiam promover o desenvolvimento da região com a exploração do turismo, montaram o projeto de uma Fundação que se manteria ligada à Copel e daria uma destinação social e de desenvolvimento sustentável explorando as belezas de Faxinal do Céu e toda a estrutura que por quatro décadas teve o investimento do dinheiro público enquanto  eram uteis à empresa.

Essa Fundação hoje existe, é a Fundere-Copel, Fundação Para o Desenvolvimento Regional, inclusive com prestação de contas publicadas no jornal impresso e no site do Fatos do Iguaçu.

Quanto à possibilidade da Fundação assumir as Vilas e demais estruturas, respondeu, “Estudos demonstraram que a exploração dos ativos das vilas residenciais por intermédio da Fundação para o Desenvolvimento Regional – Fundere Copel seria inviável por questões regulatórias e jurídicas”.

Fatos do Iguaçu, estará acompanhando os acontecimentos e realizando uma série de reportagens sobre a importância socioeconômica e cultural dessas estruturas e as consequências da desativação dessas para a região.

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