
Reunião ocorreu no fim da tarde desta terça-feira (8).. Créditos: Orlando Kissner/Alep
Redação Portal Fatos do Iguaçu com Ascom/Alep
Membros do Conselho Estadual de Saúde do Paraná (CES/PR) entregaram, nesta terça-feira (8), um manifesto de repúdio às falas anti-vacinação proferidas no plenário da Assembleia Legislativa do Paraná. A entrega foi feita durante reunião com a deputada Márcia Huçulak (PSD), vice-presidente da Comissão de Saúde e líder do Bloco Parlamentar de Saúde Pública da Casa.
Além da manifestação formal, os conselheiros demonstraram preocupação com a possível tramitação de um projeto de lei que visa eliminar a exigência do comprovante de vacinação para a matrícula de crianças nos primeiros anos escolares. O projeto, segundo a deputada, ainda não foi protocolado, mas já gera apreensão entre os profissionais da saúde.
O Conselho Estadual de Saúde é composto por gestores, prestadores de serviços, profissionais e representantes dos usuários do sistema de saúde. Durante a reunião, o conselheiro Decarlo Cisz Trevisan, representante do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-PR), alertou para o risco de comprometimento da chamada “imunidade de rebanho”, que depende da ampla cobertura vacinal da população.
“Temos que tomar a vacina para fortalecer esse sistema. Quanto mais pessoas tomarem, mais pessoas estarão protegidas”, afirmou Trevisan.
O manifesto entregue à deputada ressalta que os discursos anti-vacina carecem de embasamento científico e representam uma ameaça à saúde pública, sobretudo em um cenário de queda nos índices de imunização no país. A deputada Márcia Huçulak reforçou essa preocupação ao afirmar que o desestímulo à vacinação contra uma doença acaba comprometendo a adesão a todas as demais vacinas.
“Ao desincentivar o uso de um imunizante, desestimula-se o uso de todos”, destacou a parlamentar.
A hesitação vacinal, apontada pelos conselheiros como resultado direto da desinformação, tem causado retrocessos preocupantes. Casos de doenças antes erradicadas ou sob controle, como a coqueluche, voltaram a ser registrados. Em 2024, Curitiba já contabilizou duas mortes de bebês pela doença – os primeiros óbitos registrados em 11 anos – ambos de crianças que não haviam sido vacinadas.
O manifesto reforça que os posicionamentos contrários à vacinação infantil ignoram evidências científicas consolidadas, colocando vidas em risco e comprometendo os avanços conquistados em décadas de políticas públicas de saúde.
“O combate à desinformação e a defesa da ciência são compromissos do Conselho com a saúde pública e com a proteção da população brasileira”, afirma o documento.
Ainda segundo o manifesto, a vacinação contra a covid-19 é um exemplo recente da eficácia dos imunizantes, tendo salvado milhões de vidas ao prevenir hospitalizações, sequelas e mortes.
“Defender a vacinação não é uma questão ideológica. A vacinação não é uma decisão meramente individual, mas um compromisso coletivo que visa a proteger toda a sociedade”, pontua o texto, que também faz referência ao artigo 196 da Constituição Federal, que estabelece o dever do Estado de garantir ações e serviços de saúde para todos os brasileiros.
Participaram da reunião os conselheiros Decarlo Cisz Trevisan, Maria Cristina Galacho de Souza, Maria Lúcia Gomes e Maurício Duarte Barcos.