No dia 31 de maio, a moradora da Comunidade Bom Jesus, no Arroio Bonito II, no município de Pinhão/Pr, enviou para o Jornal Fatos do Iguaçu uma mensagem pedindo ajuda para denunciar as condições da estrada e da ponte que os moradores têm que atravessar para sair da comunidade.

Essa comunidade está a 55 km da sede do município. A moradora Marlei França e seu esposo Edélcio Estevão estiveram na redação do Fatos do Iguaçu expondo as dificuldades de trafegar nessa região.

“Nós moramos na região da Igreja Bom Jesus e para chegar na comunidade tem a serra do Simão e tem mais alguns topos nesse trecho  que estão perigosos sem falar da ponte”.

Um direito

“Não estamos brigando por uma coisa banal, estamos brigando por um direito que é nosso, de nossos filhos frequentarem a escola, e nós podermos ir e vir porque nós realmente precisamos de estrada boa”.

Viemos buscar ajuda, pedir socorro

O casal decidiu buscar a reportagem do Fatos porque já denunciaram nas redes sociais, não encontraram no vereador da região o respaldo que esperavam e nem o abaixo assassinado da comunidade resolveu.

“Nós, do interior, seja no Arroio Bonito, como em todo interior, necessitamos de estrada, que nas serras seja feito calçamento, já fizemos abaixo assassinado, nada adiantou, buscamos ajuda com o vereador e nada, por isso resolvemos vir aqui expor nossa situação e pedir ajuda, porque a cada dia a estrada e a nossa situação só piora”.

A Ponte

“A ponte está caindo, está virada em buraco, a gente vai passando ela balança toda, porque já está podre. A gente passa com medo, passamos porque precisamos passar”.

Outro acesso

Há um outro caminho que dá saída da comunidade, mas esse é complicado e oferece mais perigo, “Nós temos acesso à estrada principal lá pela beira do rio, mas está sem condições de passar carro, está todo pedroso e esburacado, sair por lá é mais ruim que enfrentar a ponte que está bem perigosa”.

“Nossos filhos não têm acesso direito à escola”

A escola mais próxima da comunidade Bom Jesus é na localidade de Nova Divinéia, que fica a 10 km.

O casal Marlei e Edélcio são pais da pequena Emylle, 7 anos, que está cursando o primeiro ano escolar, vivenciando o processo de alfabetização, mas tem conseguido ir pouco para a escola. O Davi, de 4 anos, que já passa a ser nova preocupação dos pais, pois, a partir de 2023 ele também irá para a escola.

“Choveu, as crianças da comunidade não vão para a escola, se chover uma semana, elas ficam em casa essa semana toda”.

Os maiores sofrem, mas vão para a escola

“Os alunos que são maiores, descem até a beira do rio, saem de casa às 9h50 para chegar lá, até às 11h, horário que a kombi escolar passa para pegar os alunos, que tem que levar roupa para trocar porque chegam lá embarreados e molhados”.

Os pequenos, as mães têm que levar e buscar, “Para os pequenos irem por lá, nós, mães, temos que levar e buscar às 17h, vamos chegar em casa com eles das 18 horas em diante, que agora no inverno já é noite”.

Marlei complementa, “Nossos filhos não estão tendo acesso direito à escola, eles perdem muitos dias de aula, a minha, que está começando a aprender, acaba encontrando muito mais dificuldade para aprender”.

Privilégio?

“Nós deixamos os pequenos sozinhos para levar os outros, pois queremos que eles tenham o privilégio de ir para a escola, porque a gente sabe a quantia que é preciso os estudos. Nós não tivemos acesso, queremos que os nossos filhos tenham” .

As crianças chegaram a pé e de noite

A kombi levou as crianças cedo para a escola e na hora de voltar estragou, outra kombi foi buscar e também estragou, “Ai soltaram as crianças desde pequenos de 4 anos aos maiores de 14 anos sozinhos na estrada, já eram 8 horas da noite, nós preocupados, sem saber aonde nossos filhos estavam. Foi um carro da saúde, que tinha ido buscar um morador, que achou as crianças pela estrada e trouxe os pequenos de 4 a 7 anos”.

A estrada

“Tem trecho que os carros pequenos, se não estiverem carregados, com uma ajudinha da gente empurrando, consegue passar”.

O casal detalhou “Tem trecho que virou em valeta, Deus me livre do carro cair, pois é só barroca. A Kombi que leva as crianças para mais estragada pelo excesso de esforço que tem que fazer para subir a serra”.

Muitos prejuízos

“Tem lugar que o carro vai arrancando o cano de escape, nós moradores acabamos tendo muitos prejuízos, é comum os pneus dos carros furarem nas pedras e perderem os canos de escape. Não temos como tirar a nossa produção, a gente até desiste de plantar, não tem como trazer para vender”.

“Não temos acesso à saúde”

“Acesso ao médico, nós ficamos sem, pois, se chover, o médico não consegue ir, o postinho nosso é o da Nossa Senhora Aparecida, se estiver pra chuva, os motoristas da saúde não vão, pois sabem que não saem”.

Assista a entrevista da moradora Marlei França 

https://fb.watch/dKUxMZdeUJ/

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