Quando, em 1945, os americanos ocuparam Garmish, um jeep, cheio de soldados, estacionou, à porta da casa de Richard Strauss.
Apearam-se, na intenção de entrar à força – se necessário fosse, na residência, – (desconhecendo que era do famoso compositor,) para a revistar.
Surgiu-lhes, então, idoso de oitenta e um anos, que tranquilamente os interrogou:
– “O que desejam?! …”
Os militares ficaram mudos de espanto. O dono da casa era o grande e conhecido Maestro Richard Strauss.
E prosseguiu:
– “ Sou o compositor do: “ Cavaleiro da Rosa”.
De imediato o comandante, em sentido, cumprimentou-o, fazendo a continência, seguido pelos subalternos.
Estavam diante do músico, do compositor, Strauss, admirado em todo o mundo.
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Outra história, igualmente verídica, ocorrida em meados do século XX, em Gaia (Portugal):
Havia, na rua Cândido dos Reis (Direita,) farmacêutico, republicano de sete costados.
Certo dia, o abade de santa Marinha (dr. Azevedo Maia,) que não poupava, nas homilias, os desvarios dos republicanos, foi seriamente ameaçado de morte, por certa organização secreta.
Aflito, não conhecendo a quem recorrer, lembrou-se do farmacêutico, Homem reconhecido pela bondade e justiça.
Atónito, ouviu-o atentamente, condoído da má sorte do abade. Deu-lhe guarita, em sua casa, durante semanas, facilitando-lhe a fuga, para o exílio (Paris)
Há homens justos, de consciência, desde a extrema-direita, à mais nefasta esquerda…; até entre bandidos…
Não dizia, ao morrer, o gangster americano, Crowley: que possuía coração bondoso, e que matava, apenas, para se defender?! Se assim pensava um bandido, o que dizer de um politico…
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Agora, outro episódio curioso:
Contaram-me – já lá vão muitas décadas, – que uma manhã, a policia secreta portuguesa (PIDE) bateu à porta de famoso advogado, para o levar a interrogatório.
Como o jurista estivesse a almoçar, juntamente com a família, a criada, a tremer, foi avisá-lo.
Regressou com o seguinte recado:
-”O Senhor Doutor está a terminar a refeição…”
O agente, amavelmente, respondeu-lhe:
– “Pois diga ao Senhor Doutor que não se apresse. Eu aguardo que termine de comer…”
Decorrido minutos, o advogado apareceu. Ao dirigir-se ao agente, disse-lhe em tom interrogatório:
-”Não receou que fugisse? …”
Ao que o policia, prontamente, respondeu:
– “ Nós sabemos, que o Senhor Doutor, é pessoa de bem. Não ia fugir…Não anda a lançar bombas…”
Esta cena verídica, ilustra bem, que, mesmo para a famigerada policia, as pessoas honradas e honestas ainda eram respeitadas.
Na vida, como na política, pouco importa a ideologia e os partidos; mas, o carácter, a bondade e os bons sentimentos de cada um.