Depois de ficar de fora dos Jogos Rio 2016, o atirador paranaense Rodrigo Bastos retoma o ciclo olímpico rumo a Tóquio

por Luiz Humberto Monteiro Pereira

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Os Jogos Rio 2016 trazem boas lembranças para muita gente. Para o paranaense Rodrigo Bastos, nem tanto. Aos 49 anos, ele é o atirador brasileiro com melhores resultados na fossa olímpica – modalidade também conhecida como tiro ao prato. Foi bronze no Pan-Americano de Indianápolis, em 1987, campeão na Copa de Mundo do México, em 1988, prata no Pan-Americano de Santo Domingo, em 2003, além de ter participado das Olimpíadas de Seul, em 1988, e de Atenas, em 2004. Ao longo do ciclo olímpico para os Jogos do Rio de Janeiro, sempre foi o nome lembrado para representar o Brasil na modalidade. Mas em setembro de 2015, no último evento seletivo para as Olimpíadas de 2016 – o Mundial de Tiro ao Prato em Lonato, na Itália –, a vaga acabou com o gaúcho Roberto Schmits. “A demora da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo na definição das regras prejudicou a seleção para a vaga olímpica”, critica o dentista, que mantém sua clínica odontológica na cidade paranaense de Guarapuava. Depois de assistir às competições nas arenas cariocas pela televisão, Rodrigo se prepara para iniciar um novo ciclo olímpico. “Pretendo disputar todos os torneios que puder até as seletivas da vaga para os Jogos de Tóquio, em 2020!”, avisa o atirador, que é patrocinado pela marca de ferramentas Vonder, pela rede varejista Superpão e pela empresa de luvas cirúrgicas Supermax, todas do Paraná.

Esporte de Fato – O que ocorreu nas seletivas brasileiras para a fossa olímpica nos Jogos Rio 2016?

Rodrigo Bastos –  Ao longo de 2015, a Confederação Brasileira de Tiro Esportivo foi repetidamente cobrada por mim para definir com clareza quais seriam as regras para a conquista da vaga olímpica. Mas não o fizeram em tempo hábil e da maneira adequada. Ao final da última seletiva, pela regra válida no início de 2015, a vaga seria minha. Pela critério que resolveram adotar depois, que alterou as competições válidas para a seleção, classificou-se o Roberto Schmits. Eu até entrei na Justiça, mas a decisão já estava tomada. Não me deixaram sequer explicar nada. Infelizmente eu me deixei levar por essas situações, que para mim já são passado. Foi uma grande lição que aprendi.

Esporte de Fato – Depois de tanto tempo vivendo a expectativa para disputar as Olimpíadas no Brasil, como foi encarar a desclassificação?

Rodrigo Bastos – Para mim, foi normal. Pelo fato das Olimpíadas serem no Brasil, a vaga para a competição da fossa olímpica foi cedida ao país-sede. É muito mais interessante conquistar a vaga competindo com atletas de outros países, como eu fiz quando fui para os Jogos de Seul, em 1988, e de Atenas, em 2004. Quando as vagas olímpicas já pertencem ao país-sede, os critérios de seleção dos atletas se restringem às confederações nacionais – podem se tornar mais subjetivos e às vezes acontece o inesperado. E foi o que aconteceu. Ao longo de minha carreira, além de ter participado de duas Olimpíadas, fiz três finais de Copa do Mundo e a final do Grande Mundial da Espanha – o melhor resultado conquistado até hoje por brasileiros na modalidade. E ainda fui medalhista duas vezes em Jogos Pan-Americanos. Não pude competir nos Jogos Rio 2016, mas fiquei na torcida pelos amigos. Em 2017, começo mais um ciclo olímpico até os Jogos de Tóquio, em 2020. Pretendo participar da Copa do Brasil e das etapas do Campeonato Brasileiro. Quero voltar ao ranking e, se for possível, reconquistar meu lugar na seleção brasileira de tiro esportivo!

Rodrigo Bastos retoma o ciclo olímpico rumo a Tóquio  (Foto no Clube de Tiro Dal Pozzo, em Guarapuava: Sandra Hyczy )

Rodrigo Bastos retoma o ciclo olímpico rumo a Tóquio (Foto no Clube de Tiro Dal Pozzo, em Guarapuava: Sandra Hyczy )

Esporte de Fato – Esse ano, como está a sua rotina de treinos?

Rodrigo Bastos – Treino todas as quarta e sextas, o dia inteiro, no Clube de Tiro Dal Pozzo, em Guarapuava. Lá também dou aulas para alguns alunos – um deles, o José Ari Filho, foi bicampeão brasileiro júnior na fossa olímpica. Nos finais de semana, tenho outras atividades ligadas ao esporte. Como muita gente me pede dicas de tiro, fiz uma parceria com um amigo que trabalha com importação de equipamentos para a prática do tiro esportivo e criamos um curso intensivo que chamamos de “Shooting Weekend”. São eventos realizados em clubes de tiro, nos finais de semana, para ensinar os princípios básicos do esporte para os iniciantes e também dar dicas aos iniciados. Ao longo do sábado e do domingo, dá para apresentar diversos equipamentos para que os alunos possam testar e escolher os que quiserem. É possível até desenvolver produtos sob medida, conforme as características de cada atirador. Tem sido muito legal. Para saber mais detalhes, basta entrar em contato pelo email [email protected] . Tenho feito ainda palestras em eventos corporativos, a convite de empresários, para passar um pouco da minha experiência em temas como concentração e foco – e também para explicar como funciona o esporte. Na sequência das palestras, eu ainda realizo mini-oficinas de tiro esportivo, que ajudam a arrumar novos adeptos!

Esporte de Fato – Depois da medalha de prata conquistada pelo Felipe Wu na pistola de ar nas Olimpíadas do Rio, o que deveria ser feito para que o Brasil  pudesse conseguir mais resultados expressivos nas competições internacionais de tiro?

Rodrigo Bastos – O Felipe Wu está de parabéns! É um menino batalhador e talentoso, que merece muito sucesso! Para que o tiro esportivo pudesse realmente se popularizar e evoluir no Brasil, seria necessário diminuir as dificuldades de importação de armas, cartuchos e máquinas para a prática do esporte, reduzindo os elevados impostos para esses produtos. Com as tributações atuais, fica caro.

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