Silvana Maria Quintana, coordenadora científica em Obstetrícia da SOGESP e professora Associada em Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP
Escrevi este texto com o objetivo de informar pessoas leigas, diminuindo o pânico e orientando sobre o que podemos fazer para auxiliar a “conter” o coronavírus e esta infecção. Somos um povo bem-humorado e amoroso, mas este momento exige uma mudança no nosso comportamento.
Importante:
1. O coronavírus não mata mais que os outros vírus que causam gripe, mas ele tem características que facilitam sua disseminação:
– Período de incubação em torno de 5 dias, variando de 10 a 14 dias (o vírus está no organismo, mas não sabemos). Neste período de incubação podemos transmitir o vírus.
– Portadores assintomáticos: Quando termina o período de incubação, entramos na fase de sintomas (resfriado). Entretanto, 25% das pessoas não apresentarão nada e 70% terão um quadro gripal brando (resfriado comum), mas todas poderão transmitir o vírus.
2. A possibilidade de quadro respiratório grave ocorre em 5% dos acometidos (de cada 100 pessoas que pega o coronavírus, apenas 5 terão um quadro grave). O principal grupo de risco são os idosos e pacientes com baixas defesas (transplantados, usuários de corticoide, portadores de doenças autoimunes). Até este momento, as crianças e gestantes parecem ser um grupo de baixo risco para esta infecção.
3. Os pacientes que evoluem com quadros respiratórios graves deverão realizar tomografia computadorizada e serão internados em UTI. Provavelmente, precisarão respirar com aparelhos e aqui temos um grande problema, pois não há equipamentos suficientes (em nenhum país do mundo) para atender tanta gente.
4. As medidas orientadas pelo Ministério da Saúde do Brasil, e por outros países, podem parecer excessivas (quarentena, cancelamento de eventos e aglomerações, planos de contingência), mas são adequadas. O foco é diminuir a velocidade com que a epidemia se alastra, pois se um grande número de pessoas for infectado simultaneamente, os serviços de saúde não serão capazes de absorver toda a demanda e a saúde entrará em colapso. Como diz o Infectologista Alexandre Cunha: “Estas medidas drásticas devem ser tomadas para que a epidemia venha “em prestações”, de modo que o sistema de saúde suporte esse novo agravo. No Brasil, devemos ter nos próximos meses dezenas de milhares de casos, mas com gestão adequada dos recursos, essa epidemia pode passar como várias outras pelas quais já passamos”.
5. O que podemos fazer para colaborar e tentar reduzir a transmissibilidade do coronavírus?
a) Seguir orientações de fontes confiáveis: Independente da sua preferência política, o Ministério da Saúde está fazendo um excelente trabalho. Não divulguem notícias se não tiverem certeza da fonte, sigam as orientações do Ministério. Esta é uma doença que o conhecimento está em evolução, todos nós estamos aprendendo e alguns conceitos mudam rapidamente.
b) Lavar as mãos! Ensinem seus filhos, familiares e funcionários a lavarem as mãos!
c) Usar álcool gel (70%), tenham uma embalagem sempre junto de vocês
d) Evitar aglomerações: Não é hora de passear no shopping, ir ao aeroporto, viajar sem real necessidade, visitar outras pessoas
6. O que não fazer!
a) Não se cumprimentem com beijos e abraços. Evitem, inclusive, aperto de mão. Ninguém vai ficar chateado, estamos todos preocupados
b) Deixem os idosos em casa, não visitem recém-nascidos, pessoas submetidas a cirurgias, etc.
c) Controle o hábito de colocar a mão no rosto, nos olhos e na boca
d) Não divulgue fake news, tratamentos milagrosos ou números que assombrem qualquer um. Acompanhe as notícias no site do Ministério da Saúde
e) Não faça estoque de comida/material de higiene: desbastecer o mercado só piora.
f) Não deixe de se vacinar para outras viroses: Um indivíduo com coronavírus infecta três saudáveis, um individuo com H1N1 infecta dois saudáveis, um individuo com sarampo e 15 não vacinados.
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