Oitenta mortos, milhares de infectados e mais de 3.000 casos suspeitos. Esses são os números do novo coronavírus, divulgados pelo governo chinês, até a manhã de hoje, segunda, 27 de janeiro do 2020. Com a disseminação rápida das notícias e novos casos suspeitos ao redor do mundo, muitas informações desencontradas surgem.

A suspeita do governo de Minas Gerais de um paciente infectado – posteriormente descartada pelo Ministério da Saúde – é um dos exemplos nesse sentido. Portanto, é importante que os profissionais de Saúde estejam atentos aos procedimentos diante da ameaça de uma nova epidemia.

Médica infectologista, pesquisadora da Escola Paulista de Medicina/Unifesp e membro da Associação Paulista de Medicina (APM), Nancy Junqueira Bellei aponta que a transparência é fundamental.

“Quem fornece informações tem de se certificar dos dados para não gerar confusão. Há uma tendência de a população e dos pacientes entrarem em pânico. Se as informações não são transparentes, perde-se o apoio da população nas intervenções que propõem”, enfatiza.

A especialista conta que ainda não é possível determinar se haverá ou não uma epidemia no Brasil, mas que os médicos têm de trabalhar com essa possibilidade. Para Nancy, é momento também de reforçar para os cidadãos que não entrem em pânico.

O vírus

“Como funciona a detecção: a gente sequencia o material genético do vírus e compara com sequências que são depositadas em bancos genômicos – sites disponíveis para pesquisadores, médicos, universidades etc. Esse é um vírus novo na espécie humana. Poderia estar circulando na espécie animal? Sim. Mas, se não infectou humanos antes, chamamos de novo”, explica Nancy.

Segundo a infectologista, após a análise da sequência genética do vírus, os virologistas buscam, no banco genômico, animais específicos que são afetados pelo coronavírus. Com as técnicas disponíveis hoje, todo esse processo é feito rapidamente, em até três horas.

Atualmente, considerando os humanos, existem quatro espécies de coronavírus que causam resfriados comuns. Esse novo coronavírus pode causar pneumonia, mas, por outro lado, ele parece – segundo Nancy – menos grave do que os outros. “A semelhança entre eles todos é que os pacientes mais graves parecem ser os mais velhos, com 40 anos ou mais, e/ou que apresentem comorbidades.”

“Não há tratamento para coronavírus. Há projetos de vacina em andamento desde a época da SARS, mas não há expectativa de uma vacina, por exemplo, para o próximo mês – tempo suficiente para o vírus se espalhar por todo o mundo”, diz a pesquisadora. Nancy explica que ainda não se sabe muitas informações importantes como o tempo e a facilidade de transmissão e que esses dados ainda vão surgir aos poucos.

Para mais informações sobre o tema, a especialista participou do podcast “O Assunto”, da Globo, em que conversou com os jornalistas Marcio Gomes e Fabiane Leite.

O que dizem OMS e Ministério

Até esta sexta-feira, 24 de janeiro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) havia afirmado que ainda não era possível declarar a situação do coronavírus como uma emergência internacional, embora tenha reconhecido urgência na China. No Japão e na Coreia do Sul, já houve casos confirmados e três cidades chinesas estão em quarentena.

O Ministério da Saúde anunciou a instalação de um Centro de Operações de Emergência (COE) para seguir o coronavírus. O comitê tem como objetivo preparar a rede pública de saúde para o atendimento de possíveis casos no Brasil. Até o momento, segundo a pasta, não há detecção de nenhum caso suspeito no País.

O Ministério considera como caso suspeito os pacientes que apresentem sintomas como febre, tosse e dificuldade para respirar. Além disso, precisa ter viajado para área com transmissão ativa do vírus nos últimos 14 dias antes do início dos sintomas. As áreas com transmissão local são atualizadas e disponibilizadas nesta página.

Também é importante acessar o Boletim Epidemiológico que orienta em todas as áreas de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS), além de deixar clara a definição de casos suspeitos, prováveis, confirmados e descartados.

Da redação da Associação Paulista de Medicina

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