Numa recaída dos tempos que participamos da Pastoral da Família da Matriz de Pinhão, fazendo parte de equipe de curso de noivos e depois preparação para o batismo, deste último sacramento no final da década de 1990 e início deste século.
Na preparação de casamentos, o nosso tema era planejamento familiar que nos revezávamos com o cidadão Francisco Dellê, e esse tema foi, é e será uma das nossas espécie de paixão, obsessão ou algo do gênero.
É claro que achamos teoricamente lindo, o até comovente o “até que morte nos separe”, ou “com você eu moro até debaixo do viaduto, da ponte”, mas com a experiência de mais de quatro décadas como advogado da área da Família e Sucessões, já de tempos, vemos hoje a instituição do casamento e vida comum de um casal (união estável), como uma espécie de negócio, com planejamento estratégico, mais ou menos na linha que dizem que os chineses fazem, onde há tratativas, disto e daquilo, e que vai pagar isso e aquilo, e até um comprando e fazendo negócios com o outro, emprestando dinheiro com documento (título de crédito) e algo nessa linhagem.
Caso não dê certo, e na linha do regime de comunhão parcial de bens, em que cada um fica como exclusivo os bens que tinha e recebidos por sucessão e doação dos pais como dispõe o art. 1.658 e 1.659 e incisos do Código Civil de 2003.
É a racionalidade no lugar do sentimentalismo, da emoção, da paixão, do improviso, da babaquice, do golpe do baú, das peleias por questão materiais e ambições desenfreadas. E a prática, do cada um no seu quadrado, do SER LIVRE, ainda que o AMOR resolve e está acima de tudo.
Este escriba e pensante é casado há mais de 43 anos pelo regime de comunhão parcial de bens, e há bens exclusivos de um e de outro, e há bens comuns, que se tiver que serem repartidos, partilhados ou vendidos, não vai ser bicho de 7 cabeças, bicho papão, ou motivo de estresse e discórdia a alimentar o espírito e cultura litigante da nossa gente em que muitos se não tiverem uma peleia para lidar, fofocar e alimentar, a vida não está boa!
Como já dito em várias outras crônicas das 619 publicadas, somos adeptos do planejamento familiar, do planejamento sucessório, do pragmatismo (do ser prático e operacional), do planejamento estratégico meio que em quase tudo, que as possibilidades de errar diminuem sensivelmente.
Não vejo hoje como um mal pessoas se casarem ou terem união estável, cada um morando num lugar, ou numa mesma kitnet, apartamento, casa, e cada um sendo respeitado e respeitando o que foi ajustado, nenhum esmagando, sufocando o jeitão e a LIBERDADE do outro. Casamento com comunhão parcial de bens e vida em comum (união estável), com contrato escrito e bem especificado das coisas, e do que cada um tinha, tem e que entrou na relação.
Não se trata isso da pregação do egoísmo, do individualismo, pessimismo e outros “ismos”, mas exaltação do direito inalienável da LIBERDADE, defesa de princípios de pragmatismo, eficácia, eficiência e efetividade, e um jeito de conviver, suportar e ter paciência, tolerância com as diferenças e os diferentes, respeito a “natureza das coisas”, afinal e como já escrevemos sobre o SER LIVRE E ORIGINAL, em edição de do Jornal Fatos do Iguaçu, em que entre outras coisas um enfoque extraído de uma Revista Acendedor: “O bambu tem por natureza, a propriedade de crescer reto; o cipó…de se enroscar; a grama …de se espalhar pelo chão”, e a individualidade, presença e sabedoria divina em cada um, mas há que se conciliar isso tudo com responsabilidade, educação, virtudes, respeito, disciplina, decência, dignidade, e cada coisa e ato no seu lugar e tempo, este último Senhor da Razão.
É muito difícil ser paciente, tolerante, com uma mesma pessoa, mesmos erros e fraquezas todos os dias, sem se ter expectativa de mudança, muitas vezes difícil de acontecer.
Essa reflexão não é para impactar, mas se impactasse ficaria bem contente.
(Francisco Carlos Caldas, advogado, municipalista e CIDADÃO).
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