14 de junho de 2019

EDITORIAL

A solução está na sociedade

A edição 899 vem com duas reportagens que envolvem as duas pontas da sociedade – a infância e a terceira idade. A do trabalho infantil, é acima de tudo uma questão social. A solução do problema está na mão da sociedade, pois se as empresas, sejam de qual área for, não contratarem menores, ou melhor, crianças, a erradicação do trabalho infantil acontecerá.

Assim, se a ganância der lugar ao respiro e ao bom senso, o trabalho infantil passa a ser coisa do passado. Pois se uma família coloca suas crianças para trabalhar seja na transformação da lenha em carvão, no plantio e colheita de algum produto ou em outra situação de trabalho penoso, é porque os que comercializam o produto aceitam.

Claro que há situação que, quem comercializa nem fica sabendo que a família explora a mão-de-obra das crianças.Contudo, se, para garantir o seu sustento uma família precisa utilizar todas as mãos disponíveis, até as das crianças, a sociedade está falhando em vários quesitos com essa família.

Os gestores do setor público podem e devem alertar, fiscalizar, condenar o trabalho infantil, mas quem de fato vai pôr fim a ele é a sociedade. Na outra ponta, a edição traz uma reportagem sobre a envelhescência ao registrar a conferência dos direitos da pessoa idosa. Novamente vai cair sobre a sociedade e muito diretamente sobre as famílias, pois criança naturalmente ama e curte os avôs.

São as atitudes de desrespeito, descaso dos adultos em relação aos mais velhos que vão ensinado aos jovens que esses não merecem ser ouvidos, respeitados e muito menos cuidados. É preciso que o poder público, em suas diversas esferas, criem mecanismos que possam garantir uma envelhescência com qualidade a todos os cidadãos, contudo, o respeito e a garantia do espaço dos idosos de fato só ocorre quando a família o vê como um sujeito de direitos e deveres.

Na verdade, o que se tem visto hoje é que as famílias têm explorado as pessoas idosas, seja o seu tempo, seus proventos ou psicologicamente, pois usam do tempo dos idosos como se ele não tivesse nada para fazer e tivesse a obrigação de ficar, cuidar e educar os netos. Na verdade,eles já cumpriram com suas obrigações e tem o direito de ficar sem fazer nada, se assim desejarem. A convivência entre netos e avós é mais que importante, é salutar, mas não é e nunca foi obrigação dos avós educar e cuidar dos netos, muito menos lhes garantir o sustento.

Hoje o que se vê é que eles estão sendo cobrados tanto no sentido de cuidar como sustentar os filhos e os netos como se fosse obrigação eterna manter marmanjo que já constituiu família e prole.Usam de chantagem emocional para fragilizá-los e obrigá-los a assumirem funções que não são suas.

Quando eles não dão mais conta são isolados. Claro que tanto as crianças como os idosos podem e devem colaborar na organização dos lares, todos podem e devem ter responsabilidades com o bem-estar de todos da família, mas é preciso que essa colaboração seja na proporção e medida da capacidade de cada um.

Essa colaboração não pode impedir as crianças de se prepararem para o futuro, como não podem impedir que os idosos usufruam do que plantaram no passado.

Compartilhe

Veja mais