Aceita que dói menos

Todo mundo reclama da rotina, de quando as coisas ficam naquela mesmice, sem alteração. Não importa a idade, sexo, cor, religião, status social, as pessoas não gostam do marasmo. Elas querem mudanças, renovação, evolução. E isso seja na vida pessoal, profissional ou social. Quando falamos em cidade, município, mais ainda as pessoas querem mudanças, renovação, desenvolvimento, progresso, atualização, modernização.

Esse desejo é mais que bom, é saudável, é necessário, é essencial para o crescimento e evolução das pessoas e dos lugares. O grande problema é que as pessoas querem mudanças, mas querem que as coisas mudem sem mexer na sua zona de conforto, ou seja, as pessoas querem que as coisas aconteçam e se renovem, mas, sem dar trabalho ou exigir delas novas atitudes, ações, novos comportamentos e até mesmo nova maneira de olhar a vida e o outro.

Quando se quer que o desenvolvimento e a modernização cheguem ao município, as pessoas esperam que venha tudo de bom, mas que isso não mexa no seu dia -a-dia, mesmo que isso interfira na vida de muitas pessoas atrapalhando-as. Modernização e progresso exigem renúncia. Para a transformação acontecer, é preciso renunciar a velhos hábitos, jeito de fazer e pensar.

Quando a mudança é num ambiente público, a coisa fica muito mais complexa, pois é claro que para facilitar, organizar e melhorar a vida de muitos, sempre vai mexer, tocar, exigir adaptação de alguns. Mas, se de fato, as pessoas querem um município melhor, mais organizado e dentro da modernidade, vão encarar a mudança e a sua necessidade de adaptação de forma muito tranqüila, talvez seja um pouco trabalhoso, e até à primeira vista, pode parecer que se saia prejudicado.

Contudo, se realmente as melhorias são pensadas em prol de um bem comum, muito dificilmente elas realmente trarão prejuízo a alguém. Agora, se são pessoas que só tem o discurso de modernização, de que é importante organizar, arrumar para que a cidade flua melhor, mas no fundo o que quer mesmo é tão somente o seu próprio bem estar e lucro, aí, com certeza, as mudanças serão um verdadeiro terremoto, vão provocar angustias e desespero, pois a pessoa terá que forçosamente sair da sua zona de conforto e buscar soluções na marra.

Claro, poderá escolher por não se adaptar ás mudanças e arcar com as conseqüências e os prejuízos. Contudo, não poderá jogar a culpa nas mudanças, porque a culpa será na realidade do discurso vazio, do egoísmo e da acomodação.

O progresso e a modernização têm, podemos dizer, vida própria, e eles vêm, chegam e vão provocando as transformações, assim, é melhor aceitar logo, e ver como  se pode fazer dentro da nova ordem, pois como diz a música, aceita que dói menos

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