Por Dominique Acirema S. de Oliveira
No meio a todo esforço diário que desprendemos para a satisfação dos compromissos ora assumidos, sempre existem nos hiatos alguma regalia e por menor que seja, é esse momento que faz tudo valer a pena. Porém, hoje, em particular, depois de um extenuante dia laboral e não sei porque cargas d’águas, me recordei de uma pequena frase: “A história de todas as sociedades existentes até hoje é a história das lutas de classes.”
Em um primeiro momento, como disse, exausto do dia intenso de trabalho, me pareceu fazer algum sentido e principalmente se tomado em sentido amplo: Luta de classes, luta, mas o que isso quer dizer afinal?
Porque se isso é deverás verídico, hoje perdi a luta! Deixei algumas tarefas para outro dia. Porém se isso quer dizer que estou em beligerância para com aqueles que devo subordinação só posso dizer que essa frase “lutas de classes” é pura lorota.
Mas por que isso importa agora? O que isso tem haver? Sou, na verdade somos massacrados diariamente com essa política: luta de classes. É uma estratégia de guerra, divide et impera.
Para essa constatação basta ligar a tv e debruçar em sua frente, saíra dali com muita vontade de lutar, plenos de direitos e com uma sede de justiça social que beira a loucura!
Por outro lado, “o manifesto do partido comunista”, obra a qual é encabeçada logo no primeiro parágrafo com a frase supracitada, desconhece as várias categorias de processos sociais, parece não ter havido lugar para as formas conjuntivas nem para as disjuntivas, pois, apenas uma modalidade recebe acolhida, o conflito.
Veja, se você ligar seu televisor ou ler algum jornal e não perceber a saturação de estímulos para a luta sinto lhe dizer, mas você é um alienado político! Bom, pelo menos são os que dormem com o “manifesto” na cabeceira e Marx nas soleiras das portas dizem.
Ainda, o proletário, segundo Marx, não se limita a suplantar a burguesia, está tem que ser destruída, isso porque ela representa a alienação econômica responsável pela miséria no mundo de hoje, daí a luta.
E essa destruição é através da luta. Entretanto essa luta não se dá mais a níveis bélicos, mas cultural, religioso e acadêmico, e diga-se de passagem: tem funcionado! E é isso que torna essa ideia como um entrave, um cisco em um lugar difícil de alcançar. Já presenciei em púlpitos de igrejas as mais calorosas palavras a essa ideologia a qual seu sintetizador diz: a religião é o ópio do povo.
Adolescentes e jovens ouvem tais palavras de dentro de uma igreja depois seguem para os bancos colegiais e acadêmicos onde são dilacerados com esse viés “libertador” e carregado de justiça social, recebem um diploma e batem de frente em alta velocidade com o trem chamado vida, acabam muitas das vezes perdendo o rumo de casa, seja essa ou a por vir, se é que me entende.
Existe um reducionismo extremo na “filosofia” de Marx: alienação, luta de classes e estado, sendo esse último o “messias” que salvará a todos e essa é a filosofia revolucionária.
Uma coisa que sempre se fez claro para mim é a lógica do ciclo da maldade humana, no mundo utópico comunista tudo será devolvido a comunidade a base da distribuição será igualitária entre todos, porém esse papel cabe ao estado, mas quando falamos estado esquecemos de fazer o seguinte raciocínio: o estado nada mais é que um nome, esse estado é feito por pessoas sujeitas as mesmas vontades e desejos, bondades e maldades.
O que quero dizer com isso é o seguinte, resumidamente, a luta existe sim, mas não é contra os hierarquicamente superiores a mim ou a qualquer outro, não, a luta é própria do ser humano, sou eu contra eu mesmo, contra minhas paixões lascivas, meu desejo de usurpar para mim na “mão grande” o que o outro conquistou a duras penas.
Mas confesso com o coração pesaroso, que o socialismo me agradaria se por nome me chamassem: Estado!
Me deito satisfeito, porque um grande sábio antigo disse e hoje compreendo: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas.” Me deito satisfeito pela luta de hoje, porque compreendo quem é meu inimigo e sabedor que a exaustão está nessa luta que se faz dentro de cada homem, cada ser.
E em condições para a guerra de amanhã, pronto para a luta que farei contra minha própria maldade e devassidão, fazendo o meu melhor aonde estiver.
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