Francisco Carlos Caldas

        Como político e principalmente como cidadão, temos ouvido e visto fala de candidatos das eleições 2020, pela Rádio Comunitária de Pinhão-RCP, TV Fatos, e acompanhado atos do processo eleitoral  de Pinhão e Reserva do Iguaçu, pelos meios de comunicação  e internet.

        E salvo honrosas exceções, nos deparamos com muitas situações, que remetem a nossa memória a uma sátira que este pensante gosta muito, e a primeira vez que ouviu e viu foi num programa Som Brasil do Roland Boldrin. Narrativa de   um político que morreu, e antes de sua passagem para o céu ou inferno teve a oportunidade de escolher um local ou outro, e no inferno esteve em época de campanha eleitoral, e se encantou com os agrados do tinhoso: belas mulheres, músicas, danças, bebidas, companhia de muitos companheiros/correligionários, e apesar do céu ser um lugar, muito calmo, tranquilo, bonito, de paz, optou pelo inferno, só que quando chegou lá de volta, o cenário estava todo mudado (merda, lixo, mau cheiro, poluição, fogo, fumaça, falta de ar puro), e o incauto surpreso indagou ao capeta, sobre a mudança ocorrida, e o Lúcifer explicou: é que você antes veio aqui em época de campanha eleitoral e isso passou, agora você vai ter que enfrentar o martírio, a  árdua e angustiante realidade da escolha feita. É aquela velha história, a decisão de vida virtuosa ou vícios, céu ou inferno, heróis, anjos, endeusamentos, está em cada um de nós. E sem essa de que o agente desonesto,  o ruim,  o aproveitador, está e é culpa ou dolo só dos outros.

          Na edição nº. 427 de 26/10/2010, do Jornal “Fatos do Iguaçu”, foi publicada um crônica de nossa lavra,  intitulada “Deus no Palanque”, em que a abordagem esteve na linhagem desta reflexão. E não é demais o alerta, de que em época de campanha eleitoral, há que se ter muito cuidado com o  amor ao povo, promessas de trabalho e sacrifício para o bem comum, e grandes realizações de candidatos, e que muitos depois de eleitos e no poder, mudam da água para o vinagre, do ouro para o couro, da prata para a lata.

          Como dizia o genial Leonardo da Vinci, “quem pensa pouco, sofre muito”, e  campanha eleitoral, é  de propaganda que é alma de negócios, e de consequência também momentos propícios para a gente refletir e aguçar MECANISMOS DE DEFESAS, contra os falsos profetas, prometedores hipócritas, incoerentes e espécie de lobos travestidos de pele de cordeiro.

          Outra coisa preocupante no que diz respeito a VEREANÇA é que em Pinhão, a atuação de edis nos últimos tempos, está um tanto distoante das funções constitucionais e organizacionais de praxe de um Vereador de Verdade (VdV), ainda que reivindicar coisas e recursos seja da função e legítimo. E há ainda um outro problema, as sessões giram  muito em torno de falas e apartes para as Redes Sociais (facebook), concessões de direitos e benefícios e relatos de pedições de emendas parlamentares, onde as coisas viram uma rede de acerto e  assédios, em troca de  individuais e corporativos apoios políticos para reeleições, numa quase praga de patrimonialismo, onde recursos públicos viram uma espécie de moeda a troca de apoio e votos, para benefícios pessoais e permanência em cargos e poder.

E virou moda, ouvirmos Vereadores e candidatos, se enaltecendo, uns que trouxeram 6 milhões, outros 2 milhões, outros isso e aquilo, e que subsídios que recebem é merreca pelos feitos e benefícios que trazem. E pelo andar da carroça hoje se o criou o contexto de só quem presta são os compartilhadores da paternidade de emendas parlamentares,  e de justificativas de viagens e diárias, e há politiqueiros que se sujeitam até ser funcionários fantasmas da Assembleia Legislativa, com a ignomínia e pouca vergonha de rótulo de assessor de interior como se isso não fosse ilegal, imoral e uma indecência.

E não adianta essa estória de que é lei, legal: uma coisa não é justa por ser lei, mas tem que ser lei por ser justa. E há  “fantasmas” que viram até candidatos, com a maior cara de pau, digna de “Troféu Peroba”, e que subestimam inteligências como se o povo fosse um rebanho.

        Francisco Carlos Caldas, advogado,  ex-Vereador, municipalista e cidadão.

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