Eu a vi de longe.

Não, eu o vi de longe.

Seus cabelos.

Compridos estavam ao sabor do vento.

Ela estava sentada sobre uma plataforma, cabeça baixa, olhos fixos em um livro.

Mas de longe vi apenas seus cabelos.

Eu os vi e fiquei torcendo para que o sinal que ditaria se eu iria parar ou continuar me ordenasse que ali parasse.

Precisava ver quem era a dona daquela moldura que se movia ao sabor da natureza.

Quem deixava, naquele fim de manhã ensolarado, que seus cabelos ficassem assim tão livremente ao sabor do vento?

Para minha sorte, enquanto me aproximava, o amarelo tornou-se vermelho e eu parei, a sua frente.

Aumentei a música que já tocava dentro do carro e pude observar quando lentamente ela levantou os olhos.

Nossos olhares se encontraram e ela sorriu pelo tempo suficiente para me encantar.

Rapidamente abaixou a cabeça e continuou a leitura.

Eu, absolutamente enlevado, fiquei parado ansioso por um novo olhar.

O verde chegou, tive que ir.

Fui dirigindo devagar, procurando um retorno, meus olhos precisavam encontrar os dela novamente.

Dei a volta, naquela cidade, que me era confusa e desconhecida, e consegui voltar àquela avenida, para encontrar a plataforma vazia.

Olhei em volta a tempo de vê-la embarcar sorridente.

Pensei em segui-la, buzinar, pedir mais um segundo de sua atenção, fazer alguma coisa, qualquer coisa.

Nada fiz.

E, desde então, procuro, em manhãs ensolaradas, a garota que com sorriso encantador e cabelos ao vento arrebatou meu coração.

Vivi Antunes é ajuntadora de letrinhas e assim o faz às segundas, quartas e sextas no https//www.viviantunes.com.br

 

 

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