Mais uma crônica de Francisco Carlos Caldas

No dia 3 de agosto de 2018,  e mesmo depois disso, nas telas de televisores, smartphones, notebooks, vimos muitos imagens da lamentável tragédia em que perdeu a vida na madrugada do dia 22/07/18, Tatiane Spitzner, advogada de Guarapuava, e que também se desgraçou na vida o professor e biólogo Luis Felipe Manvailer.

            Desde a ocorrência dessa desgraça e outras de natureza semelhante, voltamos a matutar o que leva pessoas bem instruídas e situadas a serem autores ou vítimas, enfim de se envolverem em coisas desse tipo.

            Dos meus tempos de advocacia criminal e Júris que atuava de 1981 a 2000, muitas vezes fizemos verdadeiros libelos-crimes acusatórios contra o binômio arma de fogo e bebida alcoólica, em que essas duas coisas juntas geraram e geravam muitos homicídios, crimes e desgraças evitáveis. E muitas vezes citamos  a doutrina de Edgard Magalhães Noronha, de sua obra Direito Penal, 1º. Volume, Ed.Saraiva-1980-SP, pág. 188 “que é irrisão (escárnio, zombaria) ter o homem feito das fezes de uma bactéria….sua delícia”, que “é o álcool um dos flagelos da Humanidade”.

E também nos Júris, muitas vezes citamos, entre outras coisas que “Há momentos na vida que a mais leve contrariedade toma as proporções de uma catástrofe” (de Godofredo Rangel, de um livro do 2º. ano ginasial-1969); “O coração do homem é como a mó de um moinho; se jogardes trigo, tereis farinha; se jogardes pedras, tereis então, cascalhos” (Fulton Shenn), ou ainda, “Quando leres a história de um grande criminoso, antes de condená-lo, agradece ao céu magnânimo por não estares em seu lugar; por não teres te envolvido nas mesmas circunstâncias ou não teres recebido os mesmos influxos” (Lischttenberg). Que em momentos de ira, emoção, não tomemos decisão.

Tenho cá com os meus botões que essa impactante tragédia, na melhor das hipóteses tem causa imediata em ingestão de bebida alcoólica pelo casal, pois, faltou discernimento para ambas as partes, pois, os mesmos como pessoas bem instruídas tinham em tese e sã consciência que ter mecanismos de defesa, para não deixar as coisas chegarem ao ponto que chegaram.

Na minha juventude na década de 1970, a gente tomava alguma bebida alcoólica para criar coragem para convidar alguma prendinha para uma dança no Clube União e Progresso ou bailes de fazendas, ou para dar um “papo na mina” para uma paquera ou namoro. Hoje as coisas tomaram um rumo feio, onde as pessoas bebem a exaustão, e que ficam a um ponto que inviabiliza curtirem as outras coisas boas da vida,  e principalmente fazendo uso de veículos, hoje até mais do que armas, criam um potencial muito grande para desgraças, tragédias, luto, tristezas, sofrimentos. Com pena das duas famílias, e outras vítimas desses males.

(Francisco Carlos Caldas, advogado, municipalista, cidadão)

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