Mais uma crônica de Francisco Carlos Caldas

Quando Pinhão sofreu a sua maior e mais grave crise político-administrativa de sua história nos anos de 1993-1996, uma das coisas  que marcou e bateu de frente com as nossas ações de oposição e cidadania, foram ligações telefônicas recebidas nos recomendando a Leitura  Bíblica de Romanos 13, que em síntese prega sujeição as autoridades constituídas,  com tese de que  não há autoridade que não venha de Deus e que as que  existem foram por ele estabelecidas. E que ir contra elas, e ir contra Deus.

O Brasil hoje passa por uma crise, sem precedentes pelo nível de informações hoje existentes. E só falta agora, agentes políticos/“autoridades”, invocarem em suas defesas, Romanos 13. Haja desfaçatez e óleo de peroba, para tantas caras de paus.

No nosso ordenamento jurídico, apesar de repasses de dinheiro público para Fundos Partidários, não há financiamento público para campanhas eleitorais, e essas são feitas, por doações de particulares e próprias que se forem feitas de forma limpa, coerente, e em cima de campanhas de poucos recursos, e depois se forem bem fiscalizadas as relações dos que ajudaram na campanha com o Poder, há mecanismos inclusive do Fisco,  para atenuar investidas de larápios, ímprobos e outros desonestos.

Agora, na vida patrimonial e financeira não há milagres. A nível Estadual e Federal, é mais difícil acompanhar essa evolução, e até porque se usa muito a figura de “laranjas”, testas de ferro, e outras manobras de remessas de dinheiro para paraísos fiscais. Mas a nível municipal, e mais ainda em Municípios menores como o de Pinhão, é bem mais fácil, lutar, dificultar e agir contra enriquecimentos ilícitos e combater crimes contra à administração pública.

A reflexão em tela tem o objetivo, da importância de um posicionamento de que Autoridade que a Bíblica se refere, e que precisa ser respeitada, é aquela verdadeira na acepção correta do termo, e de ações virtuosas focadas para o BEM, o JUSTO.

Há também um outro lado da questão: e enxurrada de ataques, e principalmente injúrias contra políticos ocupantes de funções públicas e investidas de autoridade. E temos o entendimento de que há muitas irresponsabilidades, incoerências e práticas criminosas em relação a isso, principalmente em Redes Sociais. Ora delatores e mesmo autoridades, são chamados de bandidos, golpistas e outros pejorativos; ora, são tidos como agentes do bem, e que  apresentam são tidos como provas irrefutáveis de crimes. Independentemente do lado ou Partido que cada um esteja, e a maneira de ver e sentir de cada um (idiossincrasia), relativismo ético ainda muito forte, e  é preciso se ater a isso sem egoísmos para a caminhada do JUSTO que é muito mais árdua do que a da própria bondade. E sem essa de Robin Hood, “rouba mas faz”, “corrupção aceitável”.

Uma pessoa boa,  justa investida de autoridade, ela fica e age até melhor na função pública do que na particular; já uma de má índole, fraca ou sem princípios e valores éticos,  em regra o Poder lhe sobe na cabeça, e gera atos e coisas ruins. E isso tudo sem entrar no campo da competência, que é também  algo muito complexo e delicado, e que muitas vezes pouco tem a ver com o grau de estudo, que nem sempre gera EDUCAÇÃO e AUTORIDADES de VERDADE.

O que dignifica e que precisam ser respeitadas são as pessoas (seres humanos com suas imperfeições), entre os quais os eventualmente investidos  por mandatos eletivos ou nomeações, de AUTORIDADE na acepção correta do termo e forma Bíblica de Romanos 13, mas sem: distorções, ofensas à honras,  avacalhações e/ou blindagem a bandidos, corruptos,  para que punições justas ocorram ou sejam tentadas e intentadas, tudo dentro de processos legais, contraditório, ampla defesa, e RESPEITO.

Francisco Carlos Caldas, advogado e  cidadão  

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