Humberto Silva Pinho

Por Humberto Pinho da Silva

Numa ventosa e fria manhã de abril, estava no amplo e airoso cais ferroviário de Aveiro.

Acabara de estacionar o comboio originário da cidade do Porto. Escancararam-se as portas. Em roldão., saíram, a largos passos, passageiros.

Iniciou-se o a assalto…Todos querem ser os primeiros, na busca e melhor lugar. Em alarido, a multidão fermente, acotovela-se, na ânsia de abrir caminho.

Ouço vozes de protestos, apartes lamentosos em surdina, e crianças procuram furar entre floresta de pernas.

Na confusão endiabrada, fui arrastado para junto de chapa de aço esburacada…

Oprimido e espremido, olho em redor: bicicletas emaranhadas (7), trotinetas, sacos… e entre eles, no carrinho de rodas altas, nené choraminga, de olhos esgazeados.

Em cada estação entram e saem passageiros – aos pulos, aos saltos, costeando malas, empurrando trotinetas, afastando bicicletas.

Ouço zunzuns de conversas cruzadas, guinchos de mancebos, gritinhos estilhaçados de mocinhas acéfalas, como se viajasse em barca poveira.

Cachorrinho, entalado entre pernas, chora baixinho sua desdita.

Frequentemente realizo a viagem, e nunca me vi em tais apuros.

Que se leve malas e animais – que são, quase sempre, ótimos companheiros, – aceita-se; agora colossais malões, trotinetas e sacos…parece-me demais.

Por que não limitar o numero de velocípedes e outros objetos, nos transportes públicos?

Outrora despachava-se para não incomodar os viajantes. E agora?

Em época em que as carruagens são confortáveis, proporcionando agradáveis viagens, em segurança, era bom evitar excesso de bagagem, para não pensarmos que se viaja no vagão de mercadoria ou em transporte de gado.

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