“O importante é que nosso trabalho leve as famílias a romperem o ciclo de pobreza e vulnerabilidade e aprendam a acreditar nelas”. Edalcléia

O Programa Família Paranaense, do Estado, destina-se à proteção e promoção das famílias que se encontram em situação de alta vulnerabilidade social no Paraná, integrando ações das áreas de assistência social, habitação, agricultura e abastecimento, trabalho, saúde, educação, esporte e lazer, segurança alimentar e nutricional, entre outras. O programa é desenvolvido nos municípios que aderem ao programa, e Pinhão foi um deles.

Em 2016, a equipe do Centro de Referência de Assistência Social – Cras, formado na época pelas assistentes sociais Edalcléia Soraya Cavalheiro, conhecida por Cléia, Franciele Camargo, Iara Aparecida de Oliveira e Márcia Nogueira, com o apoio da Secretaria de Assistência Social do município, trabalharam em cima da proposta do Programa Família Paranaense, que traz uma proposta diferenciada para trabalhar com as famílias em vulnerabilidade, e a partir dele, montaram o Projeto Piracema. “Escolhemos esse nome, pois, ao decidirmos trabalhar com as famílias com uma proposta bem diferenciada, enfrentamos muita resistência, muitas vezes nos sentíamos indo contra a correnteza, como os peixes fazem, na época da piracema”.

A proposta foi levada para as famílias com a ideia de fortalecer seus laços e mostrar que elas podem, e muito “Nosso objetivo é fazer com que as famílias percebam o quanto a família é importante, é o ponto de apoio de todos e que mesmo diante de todas as dificuldades que elas enfrentam, elas podem sonhar e buscar a realização desses sonhos”, disse Edalcléia.

As famílias selecionadas estavam em extrema vulnerabilidade socioeconômica, havia problemas de dependência química, conflito intrafamiliares, violência doméstica, baixa autoestima, habitação precária.

No começo, houve resistência dos próprios técnicos em trabalhar dentro da proposta. ”A proposta traz uma metodologia diferenciada, mexe na nossa zona de conforto, mas, aos poucos, todos foram acreditando e abraçando a causa e os resultados foram muito bons”, contou Edalcléia

O PROJETO

O Projeto é dividido em encontros, e em cada um deles é trabalhado um tema, que vai do estabelecer vínculos com o grupo a provocar as pessoas a refletirem sobre suas possibilidades e potencialidades e seus sonhos. “E ai a gente descobre que os sonhos são o básico, uma queria ter um banheiro em casa, pois eles iam no mato fazer as necessidades fisiológicas, outra queria de novo ter seus filhos, que perdeu por cauda do vicio”, contou Cléia, emocionada.

OS ENCONTROS

Edalcléia contou que o espaço era preparado para que as pessoas se sentissem à vontade, o espaço era decorado de acordo com o tema, a ideia era deixar o mais acolhedor possível. Eram realizadas atividades e dinâmicas para que as pessoas fossem se soltando. ”Não era só ir no encontro, organizávamos tudo, pensávamos nelas e queríamos que percebessem que estávamos acolhendo-as”. “Os recursos eram poucos, mas, todo mundo contribuía, ajudava, e, além disso, o mais importante era que elas sentiam que de fato estávamos ali porque queríamos ajudá-las”.

RESULTADOS

Na hora de falar dos resultados, era visível a emoção da assistente social, Edalcléia, “juntamos esforços de muita gente e conseguimos que a família que sonhava com o banheiro, o construísse. A mãe que estava longe dos filhos por ordem judicial, conseguiu reencontrar os filhos, passou a trabalhar a lutar contra o seu vicio, ainda não podia ficar com eles, mas já estava podendo vê.los”.

NOVAS FAMILIAS

Cléia escreveu o projeto com o trabalho que fizeram em 2016, mas, em 2017, estavam trabalhando com novas famílias, inclusive com uma parceria com a Escola Municipal do Campo Nova Divineia, e os resultados também estavam sendo muito bons. “O importante é que nosso trabalho leve as famílias a romperem o ciclo de pobreza e vulnerabilidade, ele ajuda as famílias perceberem que tem potencialidades e aprendem a desenvolver capacidades, a acreditarem nelas”.

PRÊMIO

Para conhecer e valorizar as ações dos profissionais da assistência social envolvidos na implementação do programa Família Paranaense, da Secretaria da Família e Desenvolvimento Social (SEDS), o governo do Estado criou o Prêmio Boas Práticas e em 2017, o Projeto Piracema foi um dos premiados.

Além de receber o Prêmio em Curitiba, numa solenidade que só participaram os selecionados, receber o certificado e ter o Projeto piracema divulgado na revista do Programa Família Paranaense, a secretaria de Assistência Social recebeu R$ 60.000,00 para atender as famílias do programa e também para gerir o programa com aquisição de materiais permanentes e de consumo.

”O prêmio traz algum recurso para a Secretaria de Assistência, divulga o município, valoriza  nosso trabalho, é muito bom, mas o gratificante mesmo é ver a transformação das pessoas, é elas irem se vendo como pessoas de potencialidades. È preciso ressaltar que o trabalho é feito mais direto por nós assistentes sociais, mas há muitos profissionais envolvidos,  na verdade, ele é feito por muitas mãos” finalizou Edalclélia.

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