Antonio Kirschibaner

Seo Antoninho trabalhou com 8 prefeitos e atuou em 4 Câmaras de Vereador

Nara Coelho
Por Nara Coelho

O contabilista e controlador interno da prefeitura de Pinhão/PR, Antonio Kirschibaner, hoje com 70 anos, entra 2021 aposentado após trabalhar por 32 anos no serviço público, 25 dedicados à prefeitura de Pinhão.

Um profissional respeitado pelos colegas de trabalho pela sua competência profissional e pelo seu determinismo em sempre primar pelo rigor das leis e normas.

O Fatos do Iguaçu escolheu Antonio Kirschibaner para estrear a editoria Fatos, Locais e Pessoas Especiais, que mensalmente trará uma reportagem especial, trabalhada com mais cuidado e aprofundamento, valorizando ou reconhecendo o trabalho de alguma pessoa, um espaço diferenciado ou um fato marcante na região. A entrevista foi realizada em sua residência no início de janeiro pela jornalista Nara Coelho.

Antonio Kirschibaner

Antonio Kirschibaner
Foto: Arquivo/Fatos do Iguaçu

Nasceu em 1950 na localidade de Pinaré, distrito de União da Vitoria-PR, na época, mas se criou na região do atual municipio de Candói. Para os pinhãoenses e região é o seo Antoninho Kirschibaner, um profissional detalhista, exigente. Aos 19 anos já estava trabalhando em um escritorio de contabilidade.

Estudou no Colégio Catequista de Queluz, em Guarapuava, fez o curso básico em contabilidade, “Eu na verdade entrei tarde na escola, naquele tempo tudo era mais dificil e complicado, ao terminar o ginásio, tínhamos duas escolhas a fazer, o Cientifico, que era mais voltado em preparar para o vestibular ou os cursos técnicos, escolhi fazer o básico em contabilidade, até porque naquela época quem tinha o curso técnico podia assinar como contador os balanços, só não podiamos fazer auditoria”.

SEO ANTONINHO E O PINHÃO

Ele nos contou que sua ideia era trabalhar com a contabilidade comercial, nunca tinha imaginado que viria morar no municipio de Pinhão, mas o convite do contador Nereu Souza de Oliveira mudou seus planos, “Eu vinha às vezes fazer uns trabalhos para o seu Nereu e  em 1978 me convidou para trabalhar com ele, achei que seria bom e vim”.

Em 1979 ele recebeu nova proposta, “O falecido Mario Morski me convidou para dar aula no recém inaugurado Colégio Mattos Leão no curso básico em Administração e eu passei a trabalhar de manhã com o seu Nereu, à tarde no escritório que o Mário tinha e à noite eu dava aula. Não era fácil dar conta de tudo, mas quando a gente é novo enfrenta tudo, (risadas)”.

Mas não foram só flores a vinda para Pinhão, “Eu vim sozinho, não tinha parentes aqui e na época havia rejeição aos forasteiros como eles mesmo diziam, morei em república, com rapazes que também não eram daqui, como os falecidos Rafael Burko e Teodósio Bedreski, era uma dificuldade encontrar casa para alugar”. 

O PINHÃO HOJE

“Valeu sim, ter escolhido Pinhão, encontrei um bom campo de trabalho, construí minha familia aqui. Vi Pinhão crescer, cheguei aqui eram poucas casas, pouco comércio, ruas de terra. Tem muito para crescer, mas hoje está muito melhor tanto na estrutura como houve avanço de mentalidade e cultural”.

VIDA DE PROFESSOR

Atuou como professor por 8 anos, 7 anos no Colégio Mattos Leão de 1979 a 1986, o atual Colégio Mario Evaldo Morski.

Ele não só lecionou 3 disciplinas como foi o primeiro secretário do Colégio, mas reconhece que só conseguiu dar conta porque teve a ajuda da professora Tereza de Quadros Barbieri, “O Mario lutou pela criação do Colégio, inclusive enfrentando o Zattar, que por questões políticas com o próprio Mario, não ajudou e ainda tentou atrapalhar. O Colégio foi criado, mas não tinha nada, nenhuma estrutura, e quando me dei conta, estava lá, sem nenhuma experiência, professor e secretário, mas disposto a enfrentar as novas tarefas, (risadas). Quem me ajudou muito foi a Dona Tereza Quadros, que era diretora da Escola Procópio e a Clarice que era secretária as duas me ajudavam a preencher a documentação”.

Por um ano lecionou aula de Práticas Comerciais no Colégio Procópio Ferreira Caldas.

Se valeu a pena ter sido professor, a resposta vem fácil “Um tempo muito bom, hoje é uma alegria ver os meus alunos aí trabalhando, com família, como a Jocelita Dellê e a Estela, que se tornaram professoras, a Estela Passos, que era minha colega de trabalho na prefeitura. A médica, hoje famosa, Linei Augusta Brolini Dêlle Urban, a Tatiane Hoffaman”. Ele frisou, “Eu tive uma identidade”.

A FAMÍLIA

Nesse tempo como professor, Antoninho teve uma aluna muito especial, a Maria Elenir Baggio, que em 17/01/87 se tornou sua esposa, o casal tem dois filhos o médico Antonio Kirschibaner Junior e a filha Camila Kirschibaner, que está cursando Veterinária.

O companheirismo é visível entre o casal, pois Maria Elenir nos deixou bem à vontade para a entrevista, mas quando o marido esquecia de mencionar algum detalhe que ela considerava importante ela aparecia e lembrava a ele.

A VIDA PÚBLICA

Em 1984 Mario Morski foi assassinado, Antoninho então assumiu o escritorio de contabilidade, passou a trabalhar no Sindicato Rural.

Em 1982, sentido a necessidade de buscar mais conhecimento, entrou na faculdade de Contabilidade e se formou em 1987.

Em 1989 recebeu o convite e foi trabalhar na prefeitura municipal de Pinhão, “Quem me convidou e me apresentou a contabilidade pública foi o senhor Chico Dellê, nesse ano comecei mais um desafio, mas já tinha mais experiencia na profissão e gostei muito”.

Em 1993, Antoninho foi trabalhar concursado na prefeitura do então criado municipio de Candoi, “Foi uma experiência marcante, gostei muito de trabalhar com o velho Farah, ele foi um prefeito meio linha dura, tipo ditador, mas transformou o local e tudo funcionava como devia funcionar”.  

Início da carreira na Prefeitura Municipal de Pinhão-Pr | Foto: Arquivo/Pessoal

Em 1997 recebeu convite para voltar a trabalhar na prefeitura do Pinhão, “Como estava cansado de passar a semana em Candoi e só voltar para casa no final de semana, resolvi aceitar o convite, abandonei o concurso e vim trabalhar como contador, com cargo comissionado”.

Ficando na prefeitura de Pinhão até maio de 2008, quando o prefeito José Vitorino Prestes dispensou seus serviços.

O CONTRALADOR INTERNO

Antonio Kirschibaner
Foto: Arquivo/Fatos do Iguaçu

Sempre acompanhando as atualizações e atento às oportunidades ele fez a pós graduação oferecida pela Unicentro em Controladoria Interna, devido a ela, classificou-se em primeiro lugar para a vaga de Controlador Interno, de 2010 até início de 2021 foi o controlador interno da prefeitura de Pinhão. “Aprendi muito com o Tribunal de Contas enquanto controlador interno”.

Segundo Antoninho, o Controlador Interno é como se fosse um auditor interno, “Ainda está longe de ser o ideal, em geral a fiscalização está longe de atingir o ideal, seja nas prefeituras ou Câmaras de Vereadores”.

AS MUDANÇAS AO LONGO DO TEMPO

O contabilista falou das mudanças que aconteceram ao longo da sua carreira, “Nos últimos 20 anos houve muitas modificações, a lei de licitação de 93 a 101, a lei de responsabilidade fiscal/2000, a 8.666 das licitações e a 10520 dos pregões trouxeram mais responsabilidades aos prefeitos, se organizou mais e se evitou situações complicadas, os atos dos governantes são hoje cobrados com mais exigência”.

Ele lembrou que a lei Camata foi muito importante, “A Lei Camata estabeleceu o limite da folha de pagamento, na verdade ela melhorou um ponto da lei 4.320 de contabilidade pública de 1964, em vigor até hoje com atualizações”.  

Mas ele destacou, “Na teoria as modificações  foram grandes e ficou melhor, mas, na prática ainda há muito o que se realizar”.

OS AVANÇOS TECNOLOGICOS

 “Em relação à tecnologia, avançou muito, hoje o Tribunal de Contas consegue fazer a fiscalização online, Pinhão já passou por uma auditoria online.  Em 1989 as coisas eram demoradas, hoje com o SIAM o controle é mensal. O controle orçamentário pode ser feito instantaneamente”.

Ele complementou “De 20 anos pra cá grandes mudanças ocorreram mas podemos dizer que de legislação está completa, o que falta é mais fiscalização, rigor nas cobranças e colocar a lei na prática”.

TRABALHOU COM  5 PREFEITOS DE PINHÃO

Equipe do prefeito Osvaldo Lupepsa | Foto: Claudio Sens ( in memoriam) em 12/1999

Quando pedimos que ele avaliasse como foi trabalhar com os cinco prefeitos de Pinhão, ele já destacou, “É preciso lembrar que cada um viveu uma realidade diferente”.  

O primeiro prefeito com quem o contador trabalhou foi o Darci Brolini, ”No tempo do Darci não tinhamos nada e quando voltou no seu terceiro mandato nem deu tempo de ele governar com as mudanças”.

Segundo ele, uma administração mais voltada para a área técnica tem mais chance, o governo flui mais, “O Deco não tinha formação na área administrativa, mas já tinha sido gerente de uma empresa, isso ajudou muito, foi bom o trabalho com ele”.

O primeiro prefeito com quem  Antoninho trabalhou como controlador interno foi com José Vitorino Prestes, “Com o Vitorino enfrentamos várias dificuldades. Já com o prefeito Dirceu de Oliveira já consegui colocar algumas normas administrativas, fluiu um pouco mais, mas pouco. Ficou muito na teoria”.

 Em relação ao último prefeito que ele trabalhou, o Odir Gotardo, considera que foi onde o trabalho aconteceu da melhor forma, “Acredito que por ser advogado, as normativas passaram a ser cumpridas. Facilitou o trabalho por ter uma visão bem melhor da administração pública e das verbas e regulamentações dessas”.

Ele destacou que na administração de Pinhão, há vários problemas internos bem complicados, muitos vícios administrativos, “Por exemplo, a implantação do relógio ponto encontrou muita resistência”.

Ele complementou sobre a adminstração do prefeito Odir, “Com essa visão ele conseguiu estruturar o parque rodoviário, houve dinamização na compra de veículos, foi  a administração que mais investiu em máquinas e obras, que só saíram agora e que ficou grande valor em investimento, na questão financeira vai fechar com um saldo por volta de 7 milhões positivos, saldo real liquido livres dos restos a pagar, vai ser dificil algum outro prefeito superar esse valor, e isso que ele viveu situação econômica do pais ruim, caiu a arrecadação e diminuíram os royalties devido a estiagens”.

UM APAIXONADO PELO SEU TRABALHO

Foto: Nara Coelho/Fatos do Iguaçu

Enquanto conversamos foi ficando muito visível a sua paixão pelo seu trabalho e seu conhecimento na área. O amor pelo Pinhão, cidade que escolheu para viver. Demonstra que não perdeu oportunidade de aprender e se aperfeiçoar ao longo de sua carreira e que se aposenta tranquilo e com a certeza do dever cumprido.

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