Por Dominique Acirema S. de Oliveira 

Delimitar as regras do jogo é natural e bem apropriado para qualquer cenário social ou político, até porque as leis nos separam da barbárie e da incivilidade. Esses limites impostos de maneira gradativa e orgânica geram segurança e controle, seja para nossos instintos mais primitivos advindo de nossa natureza decaída bem como para definir passos futuros e minimamente antever os desdobramentos sociais.

E aqui, exatamente aqui encontra-se um grande problema daqueles que vivem pela lei e pela ordem, aqueles que se dizem conservadores. (claro, não podemos esquecer que a maioria dos brasileiros são e não o sabem)

Esse problema reside na técnica argumentativa e quando digo isso quero dizer o conjunto total de valores e conhecimentos que é buscado para que se fundamente o pensamento conservador e possa dar uma mínima retórica, e aqui no sentido mais filosófico possível, para só assim e de fato entrarmos em algum debate político ou social.

Temos por essência a sapiência e a técnica, por fundamento a moral tradicional e as regras sociais habituais, nossa visão é cética no sentido da crença comum na bondade inata humana, e isso tudo se assenta na observação da história. Sem grandes efusões de serotonina, ou seja, segundo Burke: “o borbulhar do gás, numa efervescência, dá-se rapidamente; mas devemos suspender nosso julgamento até que essa primeira fermentação diminua um pouco, até a solução clarear, para que vejamos algo além da agitação da superfície conturbada e espumosa. Devo ter razoável certeza, antes de me aventurar publicamente a felicitar os homens por uma bênção, de que eles realmente a recebam”.  E como vemos o autocontrole político também faz parte de nossa formação teórica.

Isso tudo é bem louvável e admirável, diria Sertillanges: “O contato com os gênios proporciona-nos como benefício imediato uma elevação; somente por sua superioridade já nos gratificam, antes mesmo de nos ensinarem alguma coisa. Dão-nos um tom; acostumam-nos ao ar das alturas. Caminhamos por uma região pouco elevada: eles nos transportam imediatamente para sua atmosfera. Nesse mundo de altos pensamentos, o rosto da verdade parece se desvelar; a beleza resplandece; o fato de acompanharmos e compreendermos homens com uma visão tão lúcida mostra-nos que somos afinal da mesma raça, que a Alma universal está em nós, a Alma das almas, o Espírito ao qual bastaria adaptar-se para prorromper em discursos divinos, já que, na origem de toda inspiração, sempre profética, está Deus, o autor primeiro de tudo o que se escreve.”

As palavras de Sertillanges colocam o conhecimento para além do materialismo apregoado como único sentido equacional o qual se dá a conhecer a fenomenologia social e suas relações de poder, é o “alumnus” platônico que vislumbrado pelo luz da “verum scientiam” se espanta com a miséria que o envolvia, entretanto, ao contrário da “A República” esse recém iluminado não quer voltar ao fundo da caverna.

E com as devidas vênias, está aí delimitado o problema dos conservadores modernos, salvo raras exceções nos debruçamos em livros e estudos e nos vemos tomados pela sede de saber mas enquanto isso o debate público vai se tornando pobre, raso e ínfimo, sendo tomado por classes que veem na beleza, na harmonia e nos contrapesos um inimigo a ser destruídos. Não queremos mais a escuridão sepulcral da caverna.

Enquanto seguimos as regras mais fundamentais do bom debate (isso quando nos dispomos a tal pesar), quais sejam: tom de voz, argumentação fundamentada na verdade e lucidez teórica o outro lado, com alaridos ensurdecedores, retórica materialista e sem o mínimo de decoro social, nos levam para o mais fundo poço existencial.

A escolha é fácil ou caminhamos com os gênios, como diz Sertillanges, ou se espojamos na imundícia lamacenta da “pantomima, da patuscada, do devaneio” do homem médio.

Muitos não querem mais voltar a escuridão da subserviência moral e social nem a caprichos da coletividade histérica, porém, “uma alma vale mais que o mundo inteiro” e somos impelidos por uma moralidade inata e absoluta a estender a mão a aqueles que demonstram um mínimo de carência.

Quando Sherlock Holmes diz que: “Isso me levou mais para dentro da toca do coelho do que pretendia. E, apesar de ter sujado meu pelo branco, eu saí dela mais esclarecido”, é mais ou menos isso que quero dizer: se paramos um pouco e tentamos entender, por exemplo, as bases e autoras do feminismo nos deparamos com trechos de obras que nos causam horror e asco, vejamos um pequeno trecho da obra “Dialética do Sexo”, da feminista Shulamith Firestone: “Isto é: para eliminar o tabu do incesto, teríamos que eliminar a família e a sexualidade, como elas são hoje estruturadas.” Mais um trecho da mesma autora: “Desse modo, vemos que na sociedade baseada na família as repressões originadas no tabu do incesto tornam impossível uma sexualidade plenamente satisfeita para qualquer pessoa, (…)”

Não vamos nem perder tempo em tecer algum comentário a questão do incesto trazida pela autora, até porque a mera menção a tal ato causa repulsa e desconforto em qualquer pessoa com o mínimo de juízo.

Mas quero rapidamente e me dirigindo ao fim, dizer: perceba o ímpeto em “eliminar a família”, enquanto sujava meu pelo branco na leitura dessa “obra” (ironia cáustica aqui), me lembrei de um vídeo que recentemente circulou nas redes socias da vida, uma tal de Amanda Palha, a qual se auto denomina: educadora popular, pesquisadora independente, Trv.ª em estudos de gênero, bissexual, bipolar, transtornada e mãe, disse: “Quando dizem para gente: o movimento LGBT quer acabar com a família, (…) sim!”. Isso foi dito em alto e bom som e mais, aplaudido.

Por fim, me arrastarei para fora do toca do coelho platônico porque preciso lavar meu pelo agora, mas fica claro onde temos que nos entrincheirar para combater o bom combate, o cerne na sociedade tem sido dilapidado e não mais velado, mas explícito, a família é a base angular e deve ser defendida, preservada e incentivada a todo e qualquer custo.

 

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