Se todos nossos associados adquirirem no comércio local, circularia entre R$ 80 a R$ 120 mil mensais, Laertes Hilário.

Elis Carraro – jornalista do Fatos do Iguaçu

Pinhão possui um rebanho com cerca de 60 mil cabeças entre gado de corte e gado leiteiro, que gera uma economia mensal na casa dos R$ 600 mil reais, somente com o leite produzido em todo o município, transformado em manteiga, queijos e demais derivados, abastecem grandes redes de supermercados e famosas pizzarias, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro.

É com muito orgulho que o presidente da Associação dos Produtores de Leite de Pinhão (APLEP) Laertes Hilário da Cruz compartilha esta informação. A entidade trabalha em parceria com a Cooperativa Agrícola Mista de Micro, Pequenos e Médios Produtores Rurais de Pinhão e Região (Coomaper) onde há 57 sócios “Criamos esta entidade em 2009, é uma junção de outras entidades com o objetivo de auxiliar principalmente os pequenos produtores deste setor.  Entregamos o leite para uma empresa de Candói, que transforma a matéria-prima em vários produtos, principalmente o queijo mozarela, que abastece grandes centros”.

Mas nem tudo são flores, os produtores também sofrem com alguns espinhos, entre eles, o preço, que atualmente está por volta de R$ 1,15, mas há alguns itens que contribuem para uma oscilação como o teor de gordura, proteína e lactose. “O ideal seria o mínimo de R$ 1,30, independente das condições financeiras do mercado, poderia haver até preços maiores em determinadas épocas, mas que não fosse menor que este patamar” salientou o presidente.

E complementa “Temos sócios de Arroio Bonito e outras localidades longínquas onde vamos buscar o leite que outras entidades e cooperativas não o fazem. Outros fatores que contribuem para esta variação é a qualidade e volume. Hoje ninguém ganha menos de R$ 0,90.

O pequeno agricultor tem muita dificuldade na contagem bacteriana e um dos fatores são as fontes de água existentes em suas propriedades, pois é utilizada para a limpeza dos utensílios e para a higiene. ”Elaboramos um projeto para que estas fontes sejam cobertas, desta forma sejam amenizadas as bactérias. É importante usar corretamente os produtos de limpeza para limpar as mangueiras e peças. Faltam orientação e educação sanitária. Fazemos um trabalho de conscientização e às vezes temos que convencer os cooperados a utilizar bons produtos de limpeza, a diferença se tira no leite” frisou o gerente geral da Coomaper, Luiz Antônio Fonseca

EXAMES

O colaborador, ao recolher o leite das propriedades, tem por rotina colher uma amostra do leite, que segue para uma análise criteriosa, acidez do leite, o nível de antibiótico e se há água no leite, que é  feita no laboratório do laticínio para o qual é entregue o produto. “Nós também realizamos alguns testes, o controle de qualidade exigido pela Vigilância Sanitária é extremamente rígido. São estes exames e seus resultados que influenciam no valor pago ao produtor, justificando que nem sempre a mesma quantidade entregue pelos produtores terá o mesmo valor a receber”, salientou o gerente.

PRODUÇÃO

Para o presidente, o que falta aos produtores é planejamento, a maior parte do gado é formada pela raça Jérsei, que tem um leite gordo, propício para a fabricação de queijos, o gado holandês é criado em menor quantidade, produz um leite menos gordo. “Eles planejam da seguinte maneira: eles colocam as vacas para criar entre os meses de junho e julho, pois é época de pastagem e a alimentação é excelente. O período de maior produção de leite é durante a lactação, após seis meses a produção começa a cair. Temos observado que neste primeiro trimestre a produção foi de 120 mil litros, no segundo semestre ficou em 100 mil litros e para o terceiro semestre, a perspectiva é de 150 mil litros. Se houvesse um planejamento, ele poderia dividir em lotes e a cada nove meses que é o tempo de gestação das vacas teria sempre a mesma média de produção”.

A qualificação que os produtores recebem está fazendo o diferencial para melhorar cada vez mais a qualidade do leite produzido em Pinhão. “Contamos com o apoio da secretaria de Agricultura e com a Emater, que sempre estão oferecendo informações e orientações através de cursos e visitas, dias de campo” explicou Laertes.

AUXILIO

A ajuda recebida pelo governo municipal com combustível torna viável a coleta do leite em muitas propriedades distantes, onde esta é a única fonte de renda. Suas terras são ‘dobradas’, impróprias para a cultura de soja, por exemplo, ele pode produzir hortaliças, mas o lucro está na quantidade e há o fator clima, que no inverno somente quem possui estufas consegue produzir e comercializar garantindo a renda.

Um produtor que tem cinco vacas, mas possui um pasto de boa qualidade, ração e sal, chega a uma renda próxima de R$ 1.800 mil/mês. “Em Pinhão somente o total de valores que giram pelo comércio fica em torno de R$ 100 a R$ 150 mil, sendo que 20% são para pagamento dos custos de produção. Se todos os nossos associados adquirissem no comércio local, o valor que circularia seria entre R$ 80 a R$ 120 mil por mês. O volume de leite produzido em Pinhão é de 700 mil litros, recebendo R$ 1,10, ou seja, este setor contribui mensalmente com R$ 600mil para a nossa economia. É um valor considerável”, comentou o presidente.

INCENTIVO

No início do ano o poder público municipal, em reunião com lideranças do setor, repassou que o leite seria uma das cadeias produtivas prioritárias em Pinhão, em primeiro lugar está a produção de hortaliças orgânicas e em segundo lugar o leite. “Temos um cooperado que começou a produção com 100 litros/dia, hoje está na casa dos 400, são exemplos como este que nos motivam a prosseguir e não desistir”, finalizou o presidente.

 

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