Nas aulas teóricas, a participação das alunas  com perguntas e observações foi constante | Foto: Nara Coelho/Fatos do Iguaçu

Nove mulheres da fazenda Campo Bonito, de Reserva do Iguaçu, tiveram  16 horas de curso  sobre sensores e GPS  

Por Nara Coelho

Desde que as mulheres primitivas perceberam que podiam plantar o alimento para garantir o sustento  básico da família, esse plantio veio acompanhado de muita observação das mudanças climáticas e variações do solo, e esse conhecimento foi se acumulando e sendo transmitindo de geração a geração.

Mas o mundo se modernizou e chegou na era da tecnologia. A tecnologia chegou na agricultura. Hoje, inclusive, fala-se em fazenda digital, ou seja, de se utilizar a tecnologia para buscar diminuir o máximo possível as variáveis que interferem na produção e colheita agrícola, pelos menos naquelas que o homem pode interferir como forma de plantar e controle do solo, ou mesmo o efeito do clima e tempo durante a produção agrícola.

Agricultura de Precisão

As tecnologias de AP – Agricultura de Precisão detectam, monitoram e orientam homens e mulheres do campo na gestão da propriedade para melhorar a produtividade, a preservação do meio ambiente e a renda. A Agricultura de Precisão começou com as tecnologias das máquinas dotadas de receptores GPS e geração de mapas de produtividade.

Essa tecnologia é hoje encontrada em boa parte do maquinário utilizado nas fazendas de grande e médio porte, como a fazenda Campo Bonito, de propriedade de Eduardo Reinhofer, em Reserva do Iguaçu

SINDICATO RURAL

O Sindicato Rural Patronal, com o apoio da FAEP –  Federação de Agricultores Estado do Paraná, em parceria com o SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, tem oferecido cursos que qualificam os agricultores e seus funcionários.

O engenheiro agrônomo do Sindicato Rural, Adriano Kluger Rocha, que coordena os cursos do SENAR em Pinhão e Reserva do Iguaçu, explicou que sempre foram realizados cursos com as mulheres, mas sempre na área de alimentação e social e desde do ano passado, eles vem trabalhando com elas a questão mais direta do trabalho no campo. “Nós resolvemos ampliar as ofertas dos cursos para as mulheres e temos trabalhado a questão mais direta do campo, ano passado fizemos para elas curso sobre os tratadores, grade, plantadeiras, e esse ano, decidimos trabalhar com a agricultura de precisão”

O CURSO

O engenheiro agrônomo Pellisson Kaminski, que foi o instrutor do curso,  explicou que as mulheres estudaram basicamente sobre GPS e sensores, “ Hoje os tratores vem com sensores que fornecem várias informações que ajudam o agricultor a gerenciar melhor a propriedade seja na parte operacional ou de produção, ou suporte para tomada de decisão, promovendo assim uma evolução administrativa da fazenda”.

AS MULHERES

Das nove mulheres que estavam participando do curso, seis eram esposas de funcionários e três, além de serem esposas, trabalham na fazenda na área de alimentação e limpeza.

Ao acompanhar a aula teórica, foi possível ver o grande interesse delas a cada detalhe repassado pelo engenheiro. As perguntas eram feitas sem nenhum constrangimento, a interferência com comparações e observações das alunas eram constantes, que foram ampliadas durante as aulas práticas no trator e tudo feito dentro de um clima que, se sentia, tranqüilo e alegre.

Toda atenção estava na explicação do funcionamento do GPS e sensor que vem no trator

Segundo o instrutor, as mulheres demonstraram um raciocínio muito rápido e agilidade na compreensão das informações que o sensor repassa ao produtor, ”É a minha primeira turma de mulheres, mas está sendo muito bom, elas têm um raciocínio rápido e compreendem facilmente o que os gráficos expõem. Além disso, a mulher é por natureza bem mais detalhista e cuidadosa, o que ajuda muito no trabalho com o maquinário e com os cuidados que o sensor indica quando algo está errado. Com certeza serão excelentes operadoras desse maquinário”.

Na aula prática, elas foram dividias em dois grupos, aproveitamos para conversar com Lucimara Aparecida C. dos Santos, Marta S. dos Santos, Joseane Aparecida Silva, Franciele Batista Paulletee, Ilma Macedo de Matos.

Por que elas decidiram participar do curso? A primeira resposta foi unânime, “Oportunidade de ampliar conhecimento”. Mas continuando a conversa, algumas confessaram: “Na verdade, eu estou fazendo o curso porque tenho vontade de trabalhar com o trator”, contaram Lucimara e Marta. E complementaram, “Na realidade, sempre tivemos vontade de trabalhar com a lida no campo, mas a gente acaba se envolvendo com as coisas da casa, mas, como agora tem surgindo oportunidade, estamos aproveitando”.

Entre risos confessaram “Queremos largar a vassoura e pegar o trator”, muitos risos. De todas.

Todas disseram que foi muito válido e que já estão ansiosas para o módulo dois do curso, que acontecerá mais adiante.

Enquanto as mulheres realizavam o curso sobre Agricultura de precisão, seus maridos, que são funcionários da fazenda, realizavam o curso sobre fertilizantes  num espaço próximo.

As participantes do curso com o instrutor engenheiro agrônomo Pellisson Kaminski e o representante do Sindicato Rural engenheiro agrônomo Adriano Kluger Rocha

 

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