Reportagem publicada na edição Especial de Aniversário de 44 anos de emancipação politica de Pinhão – Pr | Edição nº 279 de 15 de Dezembro de 2006

Capricha gaiteiro que o baile vai começar, o fandango tá bonito você não pode parar…”, é o que diz a letra de um dos sucessos do Grupo Tradição, e com certeza, o entusiasmo do gaiteiro Darci Cunha Ramos em suas apresentações em fandangos, bailes e festas no interior. Pioneiro, por ter fundado o primeiro conjunto da região, professor e inspiração de muitos que hoje também atuam no ramo gauchesco.

Darci ajudou a alavancar personagens da música como Zé Carlos, João Maria (conhecido como Sapo), Juarez Marcondes, entre outros. Beraldo, que hoje integra Os Caciques, também esteve com ele no Os Gaudérios de Pinhão. Jocelino Alves é outro nome. “Embora muitos não reconheçam, Darci é nosso mentor”, ressalta. Jocelino integrou o Guapos do Vanerão. “Muitos partiram para escolas especializadas, pegaram outros rumos, mas sempre começaram comigo”, conta. O gaiteiro sempre recebe homenagens dos companheiros de música. “Mesmo não sendo professor, passo o meu conhecimento para os amigos”, ressalta.

Pioneiro

Gaiteiro, cantor e compositor, ingressou na música com 35 anos. “Gostava da música, mas nunca tinha oportunidade. E foi aí que convidei alguns amigos que também tinham interesse e montamos Os Gaudérios do Pinhão, o primeiro grupo da região”, conta.

Depois de certo tempo, Darci acabou desistindo e vendeu o conjunto, mas não passou muito tempo e logo formou parceria com Os Pampeanos. “Eles estavam um pouco desorientados, juntei o equipamento que eu tinha e começamos a tocar”, lembra. Ajudou a estruturar o grupo e permaneceu com eles por dois anos. “Peguei outro rumo, mas eles continuaram. Hoje sempre que preciso me ajudam, em retribuição pelo o que fiz por eles”, diz.

Darci Ramos,Zé Adão,Luiz Carlos Batista, Jocelino Alves, Carlinhos Amaral e Javer Silvério de Almeida: uma das formações do Guapos do vanerão

Guapos do Vanerão

Há 7 anos montou o Guapos do Vanerão, que hoje é composto por cinco integrantes. Darci é o proprietário e gaiteiro, Zé Adão fica na guitarra e vocal, Felipe na bateria, Junior é o baixista e Sandro o cantor. Fazem pelo menos três trabalhos por mês. “Agradeço as comunidades do município porque não falta trabalho para nós”, enfatiza.

Tocando uma média de cinco horas por show, já chegaram a ter um público de duas mil pessoas. “A animação é grande, o povo aproveita para dançar”. O gaiteiro conta que a melhor fase para apresentações é de abril a agosto, devido a programação em igrejas, festas juninas e julinas.

“Quando achamos o fraco do povo e tocamos o estilo que mais gostam, a empolgação é grande no meio do salão”, explica respondendo sobre o auge em um baile. Darci completa: “O pinhãoense não é acostumado a aplaudir, ele retribui curtindo e dançando”. Darci conta que o grupo procura se inspirar no trabalho dos grupos do Rio Grande. “Não adianta nos sentirmos bem e não satisfazer o povo”, ressalta.

Compositor

Darci já compôs músicas que completariam dois discos, mas talvez por insegurança deixa-as engavetadas. “Não gravo e não cedo para ninguém. Já recebi vários pedidos, mas ainda estou pensando”. De segunda a sexta-feira troca a música pela construção civil e, por falta de tempo, teve que deixar a composição de lado nos últimos meses. Mas chega o final de semana, e o gaiteiro tem que estar ligado na música. “Não fumo, não bebo, não jogo, o meu esporte é a música”, completa.

Superações

“Como fomos direto para a prática, e com o tempo tudo foi se modernizando, deu um pouco de trabalho para acompanhar a evolução da música”, afirma o gaiteiro. Deixando de lado a música nos intervalos entre um grupo e outro, Darci sentiu na pele que em alguns momentos da sua carreira estava faltando algo a mais. E foi aí que correu atrás do prejuízo. “Acompanhando os que vinham do Rio Grande e de outros lugares, com o tempo recebemos instruções e também pudemos ter conhecimento instrumental”, conta.

“O público exige muito. Musicalmente nos defendemos, mas devido a condições financeiras, nos preocupamos com o futuro”. Mas deixa claro: “Enquanto tiver forças, vou persistindo”.

 

 

 

 

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