Mais uma crônica de Francisco Carlos Caldas

            Um dos problemas de gestão que temos constatado na história político-administrativa de Pinhão, é a prática de Secretários, Diretores, Chefes de Serviços, e mesmo ocupantes de outras funções, fazerem uso dos cargos, para estruturar e viabilizar candidaturas ao cargo de Vereador, Vice ou Prefeito.

            É claro que quem em funções públicas ou mesmo privadas, demonstra competência, dedicação e resultado positivo em atuação, naturalmente que acaba sendo cogitado e até indicado para disputa e exercício de cargos eletivos, mas que isso seja de consequência e natureza das coisas. Há que se ter muito cuidado com o assunto porque na teoria e prática há sério risco, potencialidade e tentações, de atuação mais voltada para o seu umbigo, interesses pessoais e patrimonialistas, e prejudicarem as causas do bem comum, decência e dignidade da vida pública.

            Nós retornamos de estudos e de formação profissional para Pinhão, em 9 de março de 1981; houve filiação um partido político em 10/11/1981, e só em 1988, disputamos uma primeira eleição. Primeiro houve todo um processo de preparação, busca de conhecimento de causa, trabalhos comunitários, atuação em diretorias de associações e entidades. E nessa caminhada lá se foram 7 (sete) eleições disputadas, 4 com êxito e 3 com perdas, todas num mesmo Partido, semelhante linhagem e princípios, tanto na situação como na oposição, com as naturais diferenças de uma coisa e outra, e em regra com posições firmes e claras, que os adeptos “do me engana que eu gosto”, têm dificuldade ou não querem compreender.

            Pinhão não é um deserto de gente competente, honesta e trabalhadora, mas o problema é que muitos com essas e outras virtudes, não se envolvem diretamente, ou só muito acanhada e timidamente entram em embates da política, e o espaço sobra e é ocupado, muitas das vezes não pelos melhores ou  de mais  potencialidades de ações republicanas e de interesse público.

            E daí vira e mexe, as pregações e programas de campanha são uma coisa, e ações políticas  outra. E muitos no contexto de situação e posição, mudam da água para o vinho ou vinagre, quando na realidade,é possível e se pode, se ter uma postura ao menos com um mínimo de coerência e retidão nos princípios e linhas básicas defendidas antes de se chegar ao poder. O feio,  falcatruas, maracutaias, improbidades administrativas, mordomias, privilégios, patrimonialismos e males do gênero, são práticas negativas e reprováveis não só quando feitas pelos adversários, ou pelos Lulistas,  Bolosonaristas, ou qualquer sobrenome ou  sigla.

            A classe política dos Municípios, Estados e União,  ainda muito precisa de uma espécie de MOBRAL e balbuciar o ABC da verdadeira política como arte e supremacia do bem comum, e refletir e ao menos bebericar o pregado pelo filósofo Confúcio que viveu nos anos de 551 a 479 antes de Cristo-a.C, e que há uns  2500 mil anos disse; “O homem nobre é exigente para consigo mesmo; o vulgar só ou mais para com os outros”. Aí está o cerne da questão. É ridículo, seres, principalmente de militância política, que não se enxergam, que não têm espelho em casa, e que ficam por aí a torto e direito, a deitar falação mal  de atos dos outros e não se tocam dos atos e falas que praticam, e subestimam inteligências dos outros e povo.

     (Francisco Carlos Caldas, advogado, municipalista e cidadão)

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