Por Dominique Acirema S. de Oliveira
Pode um filósofo e ideólogo de um sistema econômico político materialista, pretender, digamos, a metafísica? E mais, ver na religião o estorvo de um intento que em última análise não negava sua existência e eficácia, mas a devoção natural do ser humano ao seu Criador?
São perguntas que aparentemente não fazem o menor sentido, aja vista esse dito cujo a qual falo, o sintetizador das teorias socialista/comunistas que apenas via na religião mais uma forma de alienação da classe trabalhadora; nada mais que o ópio que anuviava o intelecto do proletariado.
Karl Marx estava mais preocupado na expropriação fundiária e aplicação da renda da terra para as despesas do Estado, na implantação de imposto forte e progressivo (eita), abolir o direito a herança dentre outras coisas.
Mas o que quero tratar previamente é uma questão um pouco mais antiga, de quando o pequeno Marx gostava (e se gostava) de receber heranças.
Antes de se ligar e estudar economia e de se tornar um comunista de renome mundial Marx foi um humanista. E não é de se estranhar em ouvir cristãos falando de maneira positiva sobre esse sistema, ora, se Cristo tem as respostas a respeito do que se deve fazer para alcançar o céu, Marx deve ter as respostas para ajudar os famintos e alienados sobre a terra (ironia da braba aqui).
Afirma-se que Marx era intensamente humano e sua luta tinha apenas um objetivo: ajudar as massas exploradas, e isso significava acabar com o inimigo do povo: o capitalismo.
Resumidamente para aqueles que querem apenas a síntese da coisa é basicamente isso: quando o capitalismo for superado (leia-se, destruído), pela ditadura do proletariado, e salvo que há historiadores que defendem que a ideia de proletariado já é falha devido não todos os países serem plenamente industrializados e a partir disso nasce outro ramo cultural para inculcar a máxima comunista através de qualquer forma que aquela sociedade forneça, a qual basicamente é extraído das máximas de Antônio Gramsci.
Voltando, após isso surgirá uma sociedade na qual todos trabalharão segundo suas aptidões, lembrando que a vagabundagem hoje tão valorizada em nossa sociedade não será permitida no mundo perfeito comunista: “Obrigação de trabalho para todos…” O Manifesto Comunista, pg 55, Ed. Martin Claret, 2014.
Agora, por último estágio revolucionário e com pretensões divinas, não haverá mais Estado para governar sobre o indivíduo, nem guerras, nem falta de nada, surge uma irmandade universal, justa, perfeita e eterna.
Teoricamente é lindo, pleno e desejável, porém a história da humanidade mostrou que nessa equação socialista/comunista falta uma variante de extrema importância e relevância: a maldade do coração do homem sua perversão moral e adoração a mammom.
E como é minha intenção trazer um aspecto um pouco diferente das abordagens sobre Marx vale trazer um pequeno trecho de algumas “obras”:
“A abolição da religião enquanto felicidade ilusória dos homens é a exigência da sua felicidade real. O apelo para que eles deixem as ilusões a respeito da sua situação é o apelo para abandonarem uma situação que precisa de ilusões. A crítica da religião é, pois, em germe a crítica do vale de lágrimas de que a religião é a auréola.” A Crítica da Filosofia do Direito de Hegel.
Nota-se de forma clara um sentimento antirreligioso isso porque a religião, principalmente a cristã, impede o avanço do ideal comunista, e como um materialista não pode esperar respostas de nenhum demiurgo, se faz assim necessário extirpar todo esse conceito.
Bom, e se eu disser que essas palavras são de Marx: “Através do amor de Cristo, voltamos nossos corações ao mesmo tempo para nossos irmãs que intimamente são ligados a nós e pelos quais Ele deu-Se a Si mesmo em sacrifício.” Marx e Engels, Obras Reunidas, 1º volume, International Publishers, New York, 1974.
Não quero esticar ainda mais essas páginas, mas quero de alguma forma alertar aos cristãos de modo geral: o comunismo é embalado em papel brioso e muito convidativo, porem seu interior é sepulcro caiado. Um homem que em sua juventude era um cristão e que escreveu diversos poemas a Cristo acabou por ser influenciado por outros piores que ele para um caminho de vale de sombra e morte.
Para encerrar, primeiro devemos deixar claro que Marx não era ateu no sentido amplo da palavra, em outro poema ele escreve: “Desejo vingar-me d’Aquele que governa lá em cima.” Portanto, ele sabia que alguém está lá em cima. Mais um: “Os vapores infernais elevam-se. E preenchem o meu cérebro. Até eu enlouquecer e meu coração. Se transformar dramaticamente. Vê esta espada? O príncipe das trevas vendeu-a para mim”. Poema, “O Violinista”. E também sabe que a alguém a baixo.
E por último, com a implantação do socialismo/comunismo haverá a emancipação derradeira do homem no homem, veja, não há quem possa destronar Deus, mas transformar o homem servo de seus intestinos e de instintos primitivos é rebaixar a coroa da criação no espúrio é transformá-las em animais é a vitória de quem Marx chama de príncipe das trevas.
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