Humberto Silva Pinho

Por Humberto Pinho da Silva

Nos tempos da minha juventude, o trabalhador – em geral a família vivia do seu salário, – era mal pago, mesmo assim, muitos possuíam pé-de-meia.

Da magra féria, o obreiro, se era poupado, guardava parte, para o sustento da família, e depositava o restante, receando o desemprego, e na vaga esperança de um dia adquirir casinha.

Preferia aforrar na Caixa Geral de Deposito ou noutra Caixa, que desse juros mais elevados, que os bancos, com a vantagem de aceitarem pequenas quantias.

O desejo de quase todos, principalmente os que pertenciam à classe média (qual a quantia mínima necessita a família, nos nossos dias, para pertencer à dita classe?) era virem a possuir a casa própria. Cantinho que pudessem dizer que era seu.

Pergunto agora: valerá a pena comprar a casinha?

No final do século XX, li num jornal do interior, a história de dois irmãos. Um trabalhador; outro valdevinos, que fazia biscates e vivia à custa do salário da mulher.

O trabalhador, comprou andar e ficou a pagar mensalidades ao banco.

O outro, construiu barraco, nos subúrbios.

O trabalhador, aforrava tudo; nem féria tinha. O valdevinos ausentava-se: no Verão para as morenas areias algarvias, e no Inverno, feriava na Serra da Estrela, ou ia para Serra Nevada.

Um dia, as autoridades, demoliram o barraco, e deram-lhe apartamento confortável, a renda simbólica.

Entretanto o trabalhador, mourejava para pagar sua rica casinha, fazendo grandes sacrifícios, aforrando tudo que podia, para cumprir as mil obrigações.

Perguntava o articulista: valerá a pena comprar casinha? Ter que pagar: impostos, derramas, obras, condomínio, seguros etc.…etc. … Vendo assim as coisas, direi que não…

A vida sempre foi, e será dos espertos, e não de quem trabalha e aforra; e quem governa, parece gostar, por vezes, mais do valdevinos, que do trabalhador honrado e honesto. Quem saberá a razão?

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