Por Maurício Marques Canta Jr.

O Imbecil Coletivo, degeneração intelectual de causa política, permitiu a formação do Psicopata Coletivo, a degeneração moral por causas espirituais.

Se antes o problema era compreender, agora a dificuldade é sentir.

Centenas de mulheres reclamaram do assédio (e até estupro) de um indivíduo que garante receber espíritos desencarnados e promover curas. Imediatamente, surgiram dúvidas da veracidade das declarações (ninguém pode ser obrigado a acreditar em nada), mas desembocou no acinte “como pode a pessoa voltar para receber a mesma violência?”

Incapaz de sentir o medo, a dúvida, a necessidade, o desespero, a verdadeira opressão que uma vítima de abuso sexual sofre, abriram-se os portões do inferno para que a lasciva anímica do ódio ao ser humano, portanto a si mesmo, tornasse-se regra geral.

Em outro caso, uma criança de dez anos de idade teve uma experiência espiritual (independentemente dos nossos julgamentos, afinal: a experiência foi dela), que a impediu de cometer suicídio após ter sido estuprada por metade da sua vida.

O que aconteceu? Piadas e gracejos sobre goiaba e Jesus.

A degeneração ética da política demonstra a perversão moral do espírito, numa coexistência literalmente diabólica (de separação) de ódio ao mundo real.

Afinal, corrupção é exatamente isso: perverter o destino normal de uma realidade.

Se a ponerologia demonstra que governantes psicopatas produzem governados histéricos, o tédio do histérico alimenta uma reação psicopata, onde não basta negar a realidade em nome do governante, mas provoca uma necessidade de também reproduzir o mal de que fora vítima.

A intimidade da alma com a realidade revela-se na capacidade de empatia. A partir do momento que um indivíduo não consegue nem perceber o que o outro sente, a sua humanidade diminuiu, e muito.

Parece tudo um exagero meu?

Veja esse post no Facebook:

“A mulher disse que o médium a estuprou seis vezes. Te (sic) juro que não entendi”.

Daí, acompanhe algumas respostas ao post (li até onde aguentei):

[i] “Foram seis vezes…..? Acho que ele enjoo, então!”

[ii] “Talvez ela tenha retornado mais vezes por que gostou do remédio amargo. UGH!”

[iii] “Se ela voltou por 6 vezes é porque gostou né mesmo!  Eita gente retardada”.

[iv] “Nem eu , teve uma que foi 10 vezes como assim ? Gostavam então né?”

[v] “Um velho forte e sarado… rsss”

[vi] “Acabou gostando kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk”

[vii] “- oi, tá muito ocupado hoje?- é que eu vim ser estuprada. Mais ou menos isso”.

[viii] “Eu também tive um vizinho que fez isso comigo seis vezes !! Eu já o esperava na garagem do prédio !! Nossa !! Era horrível !!! SQN”

[ix] “Sem a menor dúvida, essas que foram estupradas mais de um vez, voltaram porque gostaram…”

[x] “Bom, eu que tô batendo parma há uns anos, acho que vou recorrer à esse garanhão. Uhuuuuu!!!”

[xi] “Nesse caso especifico imagino que tenha sido algo assim:1ª vez ela não percebeu o que era…..2ª vez ela ficou na dúvida ser era o que era…3ª vez ela achou que foi muito rápido e não teve certeza…4ª vez ela pensou, ‘Será que isso é isso mesmo? Que bom que é isso’…5ª vez ela quis ter certeza que era bom, e que aquilo, não era uma vela, mas que era bom era…. 6ª vez ela ficou brava porque teve alta, e “aquilo era aquilo mesmo” e agora tinha certeza que podia reclamar e denunciar…”

Depois disso tudo, finalmente, apareceu uma resposta que mostrou um pingo de decência:

“Ele estuprou a filha dele, gente… Uma engravidou aos 16 anos… As pessoas acreditam em picaretas da pior espécie. Um abusador da boa-fé de pessoas desesperadas. Esses psicopatas manipulam pessoas sofridas e com depressão. Fazem o diabo pra enganar pessoas fracas… E bonitas, claro. Canalha da pior espécie. Eu acredito nessas mulheres. Vendendo passiflora a 50 reais.. E o povo comprando. E o psicopata enriquecendo. A ignorância é a pior doença”.

A corrupção financeira que varreu o país, num grau e organização inéditos, não poderia deixar de estar acompanhada pela corrupção moral, então espiritual, de um povo que não aguenta mais o mal invadir as nossas vidas, destruir a nossa saúde e corromper a nossa educação.

Trabalhar a vida inteira apenas para sobreviver, enquanto políticos e seus comparsas enriquecem na nossa frente, gera uma revolta que, em muitos casos, pode nos transformar em tudo aquilo que odiamos.

A questão é perceber que a nossa revolta contra a corrupção não pode tornar-se uma revolta contra o mundo.

Afinal, tudo isso é prova do que vivemos, não do que somos.

O limite e sentido de nossas vidas não deve ser determinado por quem nos violenta.

Com mais ladrões, estupradores e assassinos enjaulados nas penitenciárias, com a demonstração institucional da luta contra essa corrupção que vilipendia a nossa nação, caberá, a cada um de nós, emergir desse estado de coisas para a realização de um país do tamanho dos nossos sonhos, ao invés de uma nação que consista dos nossos pesadelos.

Enfim, o primeiro passo para a cura é o reconhecimento da doença.

Não devemos nos abalar com o problema, mas lutar pela sua solução, com fé, postura e atitude.

O mundo exige a coragem que mora dentro de você, até porque agiremos na medida em que acreditamos.

Sentir, acreditar, decidir e agir: a verdadeira nação é feita por cada um de nós


(*) Bacharel e Mestre em Direito pela UFPR. Advogado, professor orientador em especialização pela UNITER e aluno do COF (Curso online de Filosofia).

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