Foto: Jaelson Lucas/AEN

Redação Fatos do Iguaçu  com Comunicação/Sistema Fiep

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No dia 3 de setembro, Guarapuava foi oficialmente reconhecida como a “Capital Nacional da Cevada e do Malte” com a promulgação da Lei 14.956/24. O título reflete a importância da cidade, situada na região Centro-Sul do Paraná, que abriga a maior maltaria da América Latina, pertencente à cooperativa Agrária. A unidade é responsável por suprir 30% da demanda de malte das cervejarias brasileiras, com uma produção anual de 360 mil toneladas.

Apesar do reconhecimento, o título de Guarapuava pode estar ameaçado. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do Paraná (Seab), a região de Campos Gerais ultrapassou Guarapuava em área destinada ao plantio de cevada. Em 2023, Guarapuava plantou 43,2 mil hectares com o cereal, mas essa área caiu para 26 mil hectares neste ano, representando uma queda de 40%. Em contrapartida, Campos Gerais registrou um aumento de 10%, totalizando 35 mil hectares.

Esse crescimento está diretamente ligado à Maltaria Campos Gerais, uma nova indústria com capacidade de produção anual de 240 mil toneladas de malte, que já está operando em plena capacidade. A maltaria é fruto da parceria de diversas cooperativas, incluindo Frísia, Castrolanda, Capal, Bom Jesus, Coopagrícola e Agrária.

O gerente de marketing da Agrária, Rodrigo Lass, destaca que a nova unidade requer 800 toneladas de cevada diariamente, com padrões rigorosos de qualidade, incluindo teor de proteína e capacidade de germinação. “Estamos promovendo o fomento ao plantio na região para garantir o abastecimento das duas maltarias. Além disso, o déficit nacional de malte justifica os investimentos”, afirma Lass.

Produtores da região, como Vitor Salomons, de Arapoti, que antes fornecia para a maltaria de Guarapuava, agora destinam a produção à nova unidade em Campos Gerais. “O frete ficou mais barato, economizamos cerca de R$ 30 por tonelada”, comenta Salomons, que também destaca a rotação de culturas na região, incluindo cevada, trigo e aveia.

Apesar do aumento na área plantada, especialistas alertam para os desafios. O engenheiro agrônomo Carlos Hugo Godinho, do Deral, ressalta que a produtividade em Campos Gerais pode não ser tão alta quanto em Guarapuava, devido à seca e à menor familiaridade dos produtores locais com a cultura da cevada. Enquanto a produtividade em Guarapuava varia entre 4,9 e 5,9 toneladas por hectare, em Campos Gerais, a média está entre 4 e 4,2 toneladas.

Apesar dessas dificuldades, a expansão do cultivo de cevada em Campos Gerais reflete a crescente demanda da indústria cervejeira. A produção de malte no Brasil ainda é insuficiente, com parte do insumo sendo importado, o que impulsiona novos empreendimentos no setor.

A cooperativa Agrária, em Guarapuava, fabrica maltes de diversos tipos, como Pilsen, Pale Ale, Munique, Vienna e de trigo. Já a maltaria de Campos Gerais se concentra na produção do malte Pilsen, amplamente utilizado pelas cervejarias nacionais.

O futuro da cevada no Paraná parece promissor, com novas regiões entrando no cenário da produção, enquanto Guarapuava segue como uma referência histórica e industrial no setor. No entanto, o avanço de Campos Gerais indica uma nova dinâmica na geografia do malte no estado.

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