Redação Fatos do Iguaçu

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A equipe da TV Fatos esteve nesta sexta-feira, 30 de agosto, em uma área localizada dentro da zona de proteção ambiental da Copel, adjacente à Fazenda Rodeio, no município de Reserva do Iguaçu, PR. A Fazenda Rodeio, atualmente em processo judicial de reintegração de posse, foi o lar de 65 famílias de agricultores que foram despejadas e agora lutam para retornar às suas terras.

Na noite de quinta-feira, 29 de agosto, duas casas pertencentes a esses agricultores foram incendiadas, aumentando a tensão na região. Uma das vítimas foi o senhor Eloir, cujo imóvel, localizado em uma área protegida pela Copel, foi completamente destruído pelo fogo. Eloir e sua família foram forçados a abandonar suas terras há cerca de cinco meses e agora vivem no acampamento Resistência Camponesa, uma parte da Fazenda Rodeio onde várias dessas famílias se estabeleceram após o despejo.

Eloir lamenta a perda não só da casa, mas também de todos os bens que ela abrigava, frutos de anos de trabalho árduo na agricultura familiar. Ele ressalta que as famílias não estão disputando áreas de campo, mas sim lutando para retornar às suas moradias.

Foto: Arquivo/Pessoal Ferreirinha

Outro agricultor, conhecido como seu Ferreirinha, também teve sua casa incendiada na mesma noite. Ferreirinha, um homem idoso que passou toda a vida trabalhando na terra, preferiu não falar diante das câmeras devido ao choque e à tristeza pelo ocorrido.

As famílias despejadas são, em sua maioria, agricultores que viviam há décadas na Fazenda Rodeio, cultivando hortas, criando animais e sustentando suas famílias com o fruto de seu trabalho. Agora, enfrentam um cenário de incerteza, medo e pressão psicológica, vivendo em condições precárias no acampamento.

Regiane, uma das moradoras do acampamento, conta que seu companheiro está na Fazenda Rodeio há mais de 19 anos, onde construíram sua vida do zero. Ela expressa a indignação de ver o que conquistaram ao longo de anos ser destruído em poucos minutos. Regiane e outros moradores pedem que as autoridades olhem por eles e garantam o direito de continuar nas terras que cultivam.

A líder comunitária Gi, que ajuda na coordenação do acampamento, relata que as famílias estão cumprindo as ordens judiciais de não invadir as áreas de campo. No entanto, elas enfrentam uma constante pressão psicológica, com ameaças de despejo e atos de intimidação, incluindo a presença ostensiva de forças policiais sem apresentação de ordens oficiais. Gi também menciona que o Ministério Público tem demorado a agir, deixando as famílias em um estado de vulnerabilidade.

As mulheres do acampamento, que foram as principais entrevistadas pela equipe da TV Fatos, destacam a luta diária para manter suas famílias e proteger seus lares. Elas clamam por segurança e pedem que as autoridades intervenham para impedir que novos atos de violência e destruição aconteçam.

Essas famílias, que sempre trabalharam na agricultura familiar, estão agora vivendo uma verdadeira batalha pela sobrevivência, não apenas em termos de terra, mas também pela dignidade e segurança de suas vidas. Elas pedem por justiça e por medidas que possam garantir a continuidade de suas vidas na terra que cultivaram e cuidaram por tantos anos.

Assista a reportagem especial da TV FATOS com reportagem de Nara Coelho e imagens de Naor Coelho

 

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