Por Humberto Pinho da Silva
Lamentam, frequentemente, pais e educadores, que as crianças são irrequietas e incapazes de brincarem como as de outrora.
Conheço vários professores que sentem dificuldade a manterem-nas sentadas, durante uma hora – crianças e adolescentes – dentro da sala de aula. A maioria são desrespeitadoras, e sem educação; movimentam-se, conversam, e usam com frequência o telemóvel (celular).
Não estou a referir-me aos que insultam e agridem os mestres. Inegumes, quantas vezes apoiados pelos progenitores.
Beltrand Russel – conhecido filósofo e sociólogo inglês. Premio Nobel, que faleceu em 1970, aborda, numa das suas obras, esse tema, e tenta explicar as causas desse comportamento ignaro:
(…) ” Os pais modernos são bastante censuráveis; proporcionam aos filhos demasiados prazeres passivos, tais como espetáculos e guloseimas e não compreendem a importância que tem para uma criança um dia ser igual a outro dia, exceto, claro, nalgumas raras ocasiões. Em geral, os prazeres da infância deveriam ser aqueles que a própria criança descobrisse no seu ambiente por meio de algum esforço de imaginação.
Os prazeres que excitam, e ao mesmo tempo não implicam qualquer exercício físico, o teatro, por exemplo, só lhes seriam facultados muito raramente. A excitação é da mesma natureza dos narcóticos, que cada vez se tornam mais exigentes, e a passividade física durante a excitação é contrária ao instinto.
Uma criança desenvolve-se melhor quando, tal qual como uma jovem planta, a deixam tranquila no mesmo solo. Demasiadas viagens, demasiadas variedades de impressões, não são boas para as crianças e tornam-nas mais tarde, quando forem crescidas, incapazes de suportar uma monotonia fecunda. (…) Projetos construtivos não se formam facilmente no cérebro de quem levar uma vida de distrações e dissipações, pois nesse caso os seus pensamentos serão sempre orientados para os prazeres imediatos mais que para realizações distantes. – ” A Conquista da Felicidade”
Conclui-se, portanto o cinema, a Tv., frequentes imagens e jogos excitantes, em demasia, são narcóticos que prejudicam o desenvolvimento natural do cérebro.
Pessoalmente não concordo. Inteiramente, com a opinião do notável sociólogo, mas que tem carradas de razão, isso tem!…
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