Humberto Silva Pinho

Por Humberto Pinho da Silva

Durante longos anos ouvi diariamente: comentários e pareceres de amigos e conhecidos e, frequentemente escuto na cafetaria, onde todas as tardes tomo o reconfortante cafezinho, conversas sobre os mais diversos assuntos.

De tudo que ouvi e escuto, conclui: a maioria das pessoas são como dizia o mendigo de Joracy Camargo: ” Pensam que pensam, mas não pensam“.

São simples repetidores do que ouvem ou leem dos fazedores de opinião.

Os pareceres variam, em norma, consoante a posição que se encontram no xadrez da vida: alteram-se com a situação económica do momento.

Poucos são os que possuem convicções e certezas fundamentadas – ainda que asseverem que as têm…

Se perguntarmos a ferrenho torcedor a razão de ter aderido a certo clube desportivo, não saberá, por certo, responder.

” Sou, porque sou.” – Argumenta; ou porque o pai já o era; ou simplesmente para ser do contra: a família torcia por outro clube.

Acontece, igualmente, na política. Poucos militantes conhecem a ideologia e os estatutos. Basta-lhes repetirem o que diz o líder; os mais fanáticos, mesmo reconhecendo o erro, são incapazes de o reconhecerem.

Infelizmente o que se passa no desporto e na política, ocorre algumas vezes, na religião:

Se perguntarmos a crente, porque permanece nesta ou naquela denominação, por certo não saberá responder. Talvez declare: Que é a Igreja da maioria; porque gosta do sacerdote; ou era a da sua meninice.

Também na Igreja, como na política, há infelizmente, quem busque interesses financeiros ou projeção social:

Conheci homem que frequentava Igreja Evangélica, porque recebia, algumas vezes um queijo flamengo!…

Conheci, igualmente, escritor, amigo de meu pai, cujas obras alcançaram importantes prémios. Uma vez confidenciou-lhe:” No início da carreira tive que aderir a partido político de esquerda, para conseguir editor!…”

O mesmo aconteceu a intelectuais, na época da ditadura…que mais tarde inscreveram-se em partidos de esquerda, após haverem recebido benesses do antigo regime.

Tenho, portanto, sempre reservas quando ouço ou leio comentários na média, porque é raro ser-se imparcial. Todos sofremos influencias. Poucos são verticais e honestos. Mas ai de quem lhes diga isso!…

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