Na linha do princípio da impessoalidade, dias atrás um alguém nos fez uma abordagem de que em Pinhão e outros locais, há pessoas ricas que não sabem aproveitar a vida: uns com os trajes do tipo do Estacho, outros andando de bicicleta, de carro velho,  a pé, botas de borracha, botina desgastada, chinelo, enfim nessa linhagem.

E já sobrou também para este escriba pensante, que apesar só da condição de classe média baixa, também veio a crítica, questionamento de não aproveitar a vida, por usar vestuários simples, andar de bicicleta, veículos velhos (Parati 1986 e camioneta 1997) moto 2008 e às vezes a pé.

E daí surgiu a indagação, mas o que real e efetivamente é  aproveitar a vida? Uma resposta que o interlocutor nos apresentou. Aproveitar a vida é andar de camionete cabine dupla: amarok, fiat toro, ford ranger, hillux, hyundai, ou sei lá de outra marca;  ter carrões, casona ou mansão com piscina e outras comodidades; viajar para lá e para cá por esse Brasilzão de belezas mil ou mesmo para o exterior, entre outros locais, ir para Paris, na Disney, Portugal, Suíca, Egito, Jerusalém, Roma, Dubai; muito foco em bebidas, comilança, lazer, diversão e sexo.

Isso tudo nos fez pensar que muitas pessoas confundem aproveitar a vida, com sonhos de consumo do capitalismo. Nada contra os sonhos de ninguém e do que cada qual faz da sua vida, mas é preciso ter um mínimo de discernimento já que sabedoria só alguns poucos que têm, e saber separar cada coisa. No início da década de 1980, este   sonhava em uma F-1000 ou camionete cabine. Já há tempos nem tchum para elas.

O pensar sobre essas coisas também nos leva a refletir no que é realização pessoal, felicidade.

No ano de 2001, juntamente com mais 22/23 munícipes de Pinhão, fizemos um curso  “Programa Liderar” promovido pelo SEBRAE em parceria com a Prefeitura e Sindicato Rural de Pinhão, e que nos deixou um fantástico legado de uma oportunidade que aproveitamos muito, e que  dele e da apostila encontramos pérolas, entre elas de uma atividade um livrinho biográfico que cada um teve que fazer e o que deste pensante recebeu título “Uma vida de Luta e Crescimento”. E numa atividade do dia 5 de julho de 2001, sobre  Propósito de vida encontramos o texto: “Aos 80 anos eu quero ser reconhecido como…..: um homem de bem, reconhecido pelas virtudes; um pai bem sucedido na formação dos filhos; um homem que esteja cumprindo sua missão; uma pessoa coerente; um político íntegro e inimigo implacável da corrupção; um profissional justo; um homem de fé – cristão; um homem lutador e de muita coragem; um homem que pensou  muito e priorizou a educação”.  De braintorming desse curso com alguns já fisicamente mortos (Luiz e Tereza Kramer, Beto Fucks, Ivonei)  entrou em ação o Conselho de Desenvolvimento de Pinhão, ideia da Festa do Pinhão, agroindústrias, etc.

Na edição nº. 93 de 16-30/04/2001 do Jornal “Fatos do Iguaçu”,  foi publicado de nossa lavra uma crônica sobre SIMPLICIDADE, e 22 anos  se passaram, o mundo mudou muito de 2001 para cá e o que escrevemos sobre aproveitar a vida,  realização pessoal, felicidade ou momentos felizes, continuam atuais. E inspirados numa crônica de Machado de Assis “Um par de botas”, livros e “lives” da Drª. Ana Beatriz Barbosa Silva (médica psiquiatra da Rio de Janeiro), e de Mario Sergio Cortella (professor, filósofo e escritor), cada vez mais nos firmamos sobre  a importância da simplicidade, de darmos o melhor de nós nas coisas que fazemos, e em tudo dar SENTIDO  e dessa forma APROVEITAR A VIDA, sem obsessões ou preocupações em ostentações, ser o maior, o melhor, até porque pódios, o ser campeão, medalhas de ouro, prata e bronze são para poucos; e o essencial é ter paz de espírito e de consciência, ser livre; fazer o que gosta  um ideal, e nessa caminhada fazem parte, lutas, sacrifícios, superações que em regra forjam o caráter e uma  boa formação.

(Francisco Carlos Caldas, advogado, municipalista e CIDADÃO)

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