Ouça a crônica:

Poder, sem muitos rodeios, seria a influência da vontade de um sobre a vontade de outro. Para realizar essa empreitada, podemos argumentar para persuadir uma pessoa, oferecer vantagens materiais ou pecuniárias para convencer o sujeito a fazer o que queremos e, é claro, se tudo isso falhar, pode-se coagi-lo a realizar o que é da nossa vontade.

Qualquer um dos meios indicados para exercer o poder não são bons nem ruins em si. São apenas meios para exercê-lo. Agora, aquilo que é de nossa vontade, isso sim meu amigo, pode ser algo minimamente bom ou tremendamente mau.

Por exemplo, posso tentar persuadir uma pessoa pela força dos argumentos, ou por meio de apresentação de vantagens, ou através de elementos coercitivos, para que ela não faça uma bobagem, ou para que realize uma besteira.

Nas duas situações estaríamos procurando fazer valer a nossa vontade, logo, estaríamos tentando exercer o poder que nos cabe no latifúndio da vida.

Imbuídos de boa ou má vontade, tal exercício tem uma grande capacidade de degradar a nossa alma, principalmente se o poder estiver cristalizado, se ele for institucionalizado.

Quando passamos a considerar qualquer ação de nossa parte como algo justificado por aquilo que consideramos justo, o exercício do poder acaba nos brutalizando.

Brutaliza quem o exerce e bestializa aqueles que são alvo do seu exercício.

Como a muito São Thomas Morus havia apontado, de tanto praticarmos algo, acabamos nos dessensibilizando em relação ao nosso semelhante, ao ponto de não mais o reconhecermos como um ser humano. E isso é muito perigoso.

E todos nós estamos nesse barco e corremos o risco de cair na banalização do mal, como bem nos adverte Hannah Arendt. E é justamente em meio a esse clima que são realizadas as maiores atrocidades, que são perpetradas as maiores tragédias, com a consciência tranquila de um indivíduo que acredita, candidamente, que está agindo de forma crítica, democrática e cidadã.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

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