Ouça a crônica:

Num dia qualquer do mês de julho do ano de 1994, estava eu indo a um banheiro, da empresa onde, na época, estava estagiando.  Obviamente, estava indo ao banheiro para fazer aquilo que se faz num banheiro. Não, nada disso. Não é o que você está pensando. Era apenas o número um.

Enquanto me aliviava naquele ambiente pouco iluminado, tal qual minha consciência, porém, bem higienizado, ao contrário da minha mente, eis que vejo grudado na parede, junto à janela, um pequeno cartaz, ilustrado com um desenho tosco pra caramba, de um corredor cruzando a linha de chegada, com os seguintes dizeres: “onde muitos veem apenas a derrota, outros reconhecem o início de uma nova jornada”.

Nunca me esqueci dessas palavras que, ao seu modo, ficaram para sempre escritas em meu coração e, por isso, toda vez que o dito cujo do desânimo ousa invadir minha alma para arrastar-me pelo lamaçal da desesperança, vem a minha mente essa lacônica afirmação, lida por mim naquele insalubre ambiente: “o que muitos chamam de derrota, outros chamam de recomeço”.

Sim, é uma grande obviedade, tão grande que ela pode ser encontrada próximo a um mictório de um banheiro de uma empresa qualquer e, talvez, seja por isso mesmo, por ser tão óbvia, que nós vivemos muitos dos dias da nossa vida ignorando-a, da mesma forma que viramos nossas costas para outras incontáveis verdades que, com simplicidade, procuram abrir os nossos olhos e expandir nossa compreensão para além das cercanias da nossa soberba ignorância nem um pouco original.

E o pior é que não aceitamos mesmo. Resistimos a acatar a sabedoria presente na simplicidade das pequenas lições. Não aceitamos, não queremos e temos raiva de quem quer aprender algo com elas, tendo em vista que, na maioria das vezes, o que nós queremos é apenas e tão somente reduzir a grandeza e a beleza da vida ao tamanho diminuto e mesquinho da má vontade que impera em nosso umbigo.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

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