Não são poucas as vezes que medimos os outros com nossa trena pra lá de catimbada; régua essa que toma nossa pequenez como unidade de medida universal e, com essa medida podre e nada original, dizemos para nós mesmos que Fulano é uma grande pessoa e que, Sicrano, coitado, não valeria um vintém furado.

Como todos sabem, tal tipo de impostura nada mais é do que mais uma coisa de piá pançudo e, infelizmente, como havíamos dito, não são poucas as vezes que agimos como tal, feito um guri abestalhado.

Não importa muito se consideramos alguém uma pessoa de grande quilate, ou quão pequena nos pareça essa ou aquela figura porque, no frigir dos ovos, tudo o que medimos com nossa mesquinhez acaba sendo tão somente nada vezes coisa nenhuma, principalmente porque não queremos nem saber de levar em consideração a integridade da pessoa que está sendo sumariamente julgada por nós no pútrido tribunal de nossa consciência que, muitas vezes, toma a nossa mendacidade incurável como árbitro final.

Não é à toa que muito daquilo que é tido por nós na conta de uma grande personalidade não passa, muitas vezes, de mais uma mediocridade em meio a tantas outras que, apenas destaca-se diante dos nossos olhos, porque nós nos reconhecemos nela e nos identificamos com ela. Que coisa, hein?

Também, não é por acaso que toda vez que vemos alguém que se eleva, mesmo que apenas um pouquinho, acima das pesadas brumas da mediocridade reinante, a consideremos uma ameaça para a nossa gelatinosa integridade de uma alma sebosa criticamente crítica.

Nos idos gregos, as almas aquilatadas eram muitas vezes ostracizadas pelos “bons cidadãos” da polis; já no mundo atual, muitas delas são canceladas pelas redes descentralizadas de canalhas unidos e perseguidas pelos patifes que vivem mancomunados. Patifes esses que vivem muito bem, diga-se de passagem.

Enfim, como todos nós sabemos, e ignoramos, desde priscas eras tudo continua na mesma debaixo da barra da saia do sol. Tudo, tudinho mesmo, inclusive e principalmente essa nossa intratável mania de não refletirmos sobre os critérios que escolhemos para orientar nossos atos e omissões, pensamentos e sentimentos que germinam nos átrios de nosso coração.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

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