Uma vez ou outra brinco com a famigerada “caixinha de perguntas” do Instagram e, nessa molecagem digital, sempre aparece uma e outra pergunta feita por amigos, alunos e ex-alunos. Num dia desses, na semana que findou, abri uma caixeta desse naipe e, dentre as perguntas que me foram feitas, estava essa: “o que o senhor fará neste feriado?”

No caso, o perguntador estava se referindo ao dia de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, imperatriz da Terra de Vera Cruz e padroeira do nosso amado país.

Normalmente costumo matutar antes de responder uma pergunta, nem que seja só um cadinho, mas essa perguntinha eu respondi na voada, sem pestanejar. Disse, laconicamente: irei rezar por mim, pelos meus e por você. E recomendo que faça o mesmo nesse dia. Ponto.

Aliás, não recomendo tal prática apenas nesta data tão especial. Creio que seja interessante que procuremos encontrar, em todo feriado, em cada dia ordinário, um momento, por pequenino que seja, para nos recolhermos na gruta do silêncio e, com o coração contrito, fazermos nossas orações, meditações e reflexões.

São José Maria Escrivá, de forma curta e direta, nos lembra que o ócio não significa, necessariamente, ficarmos largados sem nada fazer. Nada disso. Ócio, antes de qualquer coisa, é fazermos outra coisa que, normalmente, não conseguimos realizar com o devido esmero em nossa [soturna] rotina diária de trabalho.

Nesse sentido, o nosso precioso ócio acaba sempre sendo preenchido com aquilo que nós consideramos ser as coisas mais importantes da nossa vida; e é justamente aí que a porca torce rabo, e torce feio, porque muitas vezes colocamos cada coisa no centro de nossa vida que, só por Deus.

Não são poucos os indivíduos que ocupam suas horas vazias com a difícil tarefa de se largar num canto da vida feito um saco de batatas; não são poucos aqueles que, mais assanhados, só consideram que seu ócio foi devidamente aproveitado, se este for devidamente regado com todos os abusos e excessos possível e pensáveis; como também são muitos os que conectam esse tempo liberto das lides ordinárias para, é claro, procurar tentar colocar em dia as tarefas que foram se acumulando em nosso trabalho, ou em nossa casa.

Seja como for, cada um sabe o que é melhor para si ou, ao menos, presumimos saber alguma coisa em nosso voluntarioso autoengano.

Por isso, dentro das limitações dessas linhas mal escrevinhadas, ouso dizer que além daquela cervejinha de meia em meia hora a partir das nove da manhã, seria muito importante, mas muito importante mesmo, que procurássemos, hoje e em todos os feriados e dias dedicados ao repouso semanal, nos recolher um cadinho junto à gruta do silêncio, na companhia de nossas orações, meditações e reflexões para, quem sabe, fecharmos de vez esse ciclo de auto sabotagem e abrirmos nossos olhos para vermos, com clareza, o que estamos colocando no altar central de nossa alma como sendo o trem mais importantes da nossa vida.

Sim, eu sei que todos nós consideramos o ter uma vida de oração como algo de suma importância, mas também, todos nós estamos cônscios, carecas de saber, de que não damos a devida atenção e importância para essa declaração que fazemos da boca pra fora e que, em alguma medida, reverbera em nosso coração que insiste em fazer ouvidos moucos para isso.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

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