Uma anedota, de vez enquanto, cai sempre bem; como o sal serve para temperar a comida, a anedota também adoça a conversa ou o texto.
As que vou narrar não irão provocar o riso do leitor, nem talvez simples sorriso.
A primeira, foi escrita pelo célebre bispo Fulton Sheen, em: ” Paz de Espírito”:
” Um homem foi confessar-se a um sacerdote. Durante a confissão furtou o relógio do padre e disse-lhe que tinha roubado um relógio. Disse-lhe o padre que o restituísse, ao que o ladrão respondeu: ” Dou-lho a si, Senhor Padre”. Não, a mim, não; respondeu o sacerdote. ” Dê-o ao dono.”
” O dono diz que o não quer! Volveu o homem. ” Nesse caso, concluiu o padre, ” pode guardá-lo.”
Agora gracinha de Teófilo Braga, contada por Agostinho de Campos, em: ” Língua e Má Língua”:
” No tempo da Grande Guerra, alguém perguntou a Teófilo Braga, se era francófilo ou germanófilo. O sábio não estava para dar satisfação ao perguntador e respondeu assim:
– Eu cá sou Teófilo.”
Mais uma gracinha. Desta vez do Mestre Camilo Castelo Branco, coligida por Luís Oliveira Guimarães, em: ” O Espírito e a Graça de Camilo”:
” Andava Camilo a passear pelo Porto. Deparou negociante seu conhecido com grande volume de livros.
-Quantos livros leva!…
– São para meu filho, que é estudante. São quatro quilos de sabedoria!
– Deus queira que não lhe roubassem no peso”
Mais outra de Camilo:
“Camilo foi convidado para participar num baile em casa de família amiga. A senhora com quem dançava, disse-lhe:
– Meu marido é ciumento. Só permite que dance com pessoa que não seja jovem, nem bonita
– Eu também costumo fazer o mesmo. – Respondeu o romancista.”
Outra, contada por Cruz Malpique, em: ” Psicologia do Tédio”:
” Certo dia D. João V, de Portugal, foi confessar-se. O padre Martinho de Barros, repreendeu-o pela vida libertina que levava.
O rei resolveu vingar-se da repreenda, tanto mais que conhecia a vida nada exemplar do sacerdote, e deu ordem que só servissem, ao padre, às refeições: galinha.”
O sacerdote, indignado de comer tanta galinha, queixou-se ao Rei.
- João respondeu-lhe:
– Nem sempre galinha, nem sempre rainha…
Termino com um, dos muitos ditos contados por D Francisco de Portugal, in: ” Arte da Galantaria”, obra editada no ano de 1670:
” Chegou tarde um galã a um sermão. Aparecendo depois dele a Dona que ele galanteava, disse o galã: ” que só ela podia fazer que viesse a graça depois do sermão.”
A graça do trocadilho pode ser fina, mas não tem graça nenhuma. Mas saiu dos lábios de Tomé de Sousa, primeiro governador-geral do Brasil, segundo D. Francisco de Portugal.
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