A conjuntura política em que nos encontramos atualmente é realmente periclitante. Periclitante. Meu Deus. Que palavra horrorosa que fui tirar de minha algibeira para nominar a situação em que nos encontramos no momento. Talvez tenha pego ela porque meus bolsos estão cheios de palavrões e aí, em meio a esbórnia toda que impera neles, essa me pareceu a palavra mais, como direi, prudente e sofisticada para a ocasião.
E diante do resultado previsto – mas não desejado por esse que agora escrevinha essas linhas – da votação que foi realizada na Comissão Especial da Câmara dos Deputados sobre o Voto Auditável, podemos fazer a pergunta chapolínica: e agora, quem poderá nos defender? Quem? As mesmas pessoas de sempre, amigão. Ninguém. Sigamos em frente que a luta está mui longe de terminar.
Sigamos porque o momento exige muita, mas muita seriedade, empenho, fibra, proteínas, desprendimento, espírito público, laxante, patriotismo, fé em Deus, vodka, pé na estrada, Tostão, Rivelino e Garrincha. Enfim, o trem tá feio mesmo.
Como ocorrerá a votação no Plenário da Câmara, em breve saberemos. Sim senhor. Iremos saber tintim por tintim, ou não. Vai que dá aquela leseira lazarenta e a gente abandona o celular do lado e deixamos pra outro momento para nos informarmos melhor sobre os fatos, quando o sangue da galera esfriar e a poeira do arrasta pé abaixar. Aguardemos pra ver.
Seja qual for o resultado que será obtido desse furdunço legislativo e dos perrengues judiciários, há algumas coisas que não podemos deixar de tomar nota, não mesmo, pois, tais pontos, literalmente, são o puro filé do boi.
Conversando com várias pessoas, não foi uma nem duas que juraram de pés juntos, fazendo figas, que elas imaginavam que a proposta da implantação do voto auditável seria para que nós voltássemos a usar o sistema de cédulas manuais nas eleições. É mole ou que mais? Tem mais sim senhor.
Essas pessoas, todas de boa-fé, tinham essa percepção equivocada por duas razões. A primeira porque simplesmente estavam mal informadas, ou porque estavam se informando mal. A segunda, porque confiaram no que muitas pessoas criticamente críticas, desprovidas de honestidade intelectual, disseram para elas a respeito do assunto.
Isso mesmo! Pessoas desprovidas de honestidade intelectual. Qualquer um que saiu por aí dizendo que estava sendo proposto o retorno do sufrágio com cédulas manuais estava mentindo descaradamente ou, como dizem as mesmíssimas pessoas criticamente críticas, estavam espalhando Fake News. E é óbvio que as agências de checagem nada checaram.
Outra mentira deslavada e sem vergonha que muitas alminhas espalharam pelos quatro cantos com o intuito de, é claro, bem informa a população em nome da ciência, da democracia e do sanduíche de mortadela, é que as pessoas levariam o voto impresso para casa após a votação. Jesus, Maria e José, é muita má fé.
O voto impresso é para ser sufragado numa urna paralela a uma urna eletrônica de terceira geração. Isso mesmo. As que atualmente são utilizadas pelo TSE são, ainda, as urnas de primeira geração, logo, defasadas. Ou seja: aqueles que estavam afirmando criticamente que o projeto proposto defende um retrocesso técnico, repito, mais uma vez, estavam propagando levianamente um monte de Fake News.
Abre parêntese: chega ser sintomático vermos essas alminhas boazinhas espalhando memes onde dizia-se que, hoje, defecamos em privadas, porém, há alguns que querem que voltemos a usar penicos para obrar. Ora, até compreendo que tais figurinhas criticamente críticas comparem uma urna eleitoral com uma privada, tendo em vista o que elas fazem nas urnas. Fecha parêntese.
E tem outra cara pálida: como o senhor deve saber, a implantação do voto impresso, auditável, já havia sido votada e aprovada pelo Congresso Nacional duas vezes. A primeira foi em 2009; a segunda, em 2015.
E para o espanto de zero pessoas, nas duas ocasiões os Supremos, em conluio com os Vingadores, disseram que não se podia, que não se pode e que não devemos fazer isso porque seria [adivinhem] inconstitucional. Que barbaridade. E tem gente que leva a sério essa turma de preto. Por isso prefiro o Hokage da Aldeia da Folha onde mora o Naruto. Este sim é sábio; já as vetustas figuras são outra coisa que, por razões óbvias, prefiro não dizer o que são.
Mas o mais divertido nesse circo caótico todo é vermos o meme que viralizou nas redes sociais onde é feita uma montagem com uma fala do senhor Kim Kataguiri proferida em 2018, defendendo com muito tutano o voto impresso, junto com o vídeo do seu voto – tímido, envergonhado – na Comissão Especial da Câmara dos Deputados contra o voto auditável. Ops! Não apenas isso. Essas cenas são dispostas e apresentadas com aquela musiquinha engraçada pacas para que nós nunca mais esqueçamos a virada de casaca do rapaz. [veja, veja o vídeo. Basta clicar aqui. É de partir a moela de tanto rir].
Isso sem falar que o próprio TSE admitiu que houve invasão do sistema de apuração, mas que, segundo eles, nada aconteceu e que tudo segue muito seguro, sem a menor necessidade de aumentar a segurança no processo eleitoral. Entendo.
Trocando em miúdos, vamos supor que a casa de um dos Supremos seja invadida e, aparentemente, nada de grave tenha supostamente acontecido por conta da invasão e, se formos seguir a mesma lógica, o Supremo invadido [hum… invadido] não irá se preocupar em aprimorar a segurança de sua modesta casinha, apesar da violação.
Enfim, há muitos outros pontos, mas para o momento, é isso. Chega de escrevinhar. E, como havíamos dito linhas acima, sigamos em frente. Sigamos porque o momento exige muita, mas muita seriedade, empenho, fibra, proteínas, desprendimento, espírito público, laxante, patriotismo, fé em Deus, vodka, Tostão, Rivelino e Garrincha porque o trem tá feio mesmo e tem muita gente sem razão e mal informada que não se cansa de dar azia na forma de opinião criticamente crítica.
Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela
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