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Em entrevista ao Deadline, Erick Bretas falou sobre os planos de expansão da emissora

A Globo entrou na guerra do streaming em 2015 com o lançamento do Globoplay, serviço que combina as novelas extremamente populares da emissora com drama original de alta qualidade, esportes e conteúdo internacional, incluindo programas das principais empresas americanas.

Desde então, o serviço se expandiu para o mercado dos Estados Unidos, atendendo principalmente aos expatriados brasileiros, e o plano é crescer ainda mais no mercado internacional em 2021. O prazo chegou ao Diretor de Produtos e Serviços Digitais da empresa na Califórnia, Erick Bretas, que supervisiona todas as operações online da Globo incluindo Globoplay, para discutir planos para o próximo ano.

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Erick Bretas | Crédito: Globo / Sergio Zalis

Bretas revela que a plataforma de streaming deve estar disponível em toda a Europa até o final do ano, mas continuará focada no público brasileiro. A estratégia original está crescendo, com 82 programas agora sendo filmados ou em desenvolvimento, mas a pandemia continua sendo um desafio para a produção.

Durante um evento em Miami nesta semana, a empresa revelou que agora tem 101,6 milhões de usuários em todos os seus produtos digitais, com 30 milhões de usuários em suas camadas pagas e suportadas por anúncios no Globoplay.

No que diz respeito ao conteúdo, a empresa diz que o drama sobrenatural recém-lançado Desalma é seu projeto mais ambicioso até o momento, enquanto está promove outros projetos como Amor de Mãe e o retorno antecipado do popular Verdades Secretas para uma segunda temporada em 2021.

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Novela Amor de Mãe | Crédito: Globo

Bretas disse que, no geral, o objetivo da empresa agora é fundir as operações digitais em todos os seus negócios enquanto se prepara para um futuro digital onde seus principais concorrentes serão empresas como Netflix e Amazon.

DEADLINE: Oi Erick, você pode começar nos dando uma visão geral de suas responsabilidades?

ERICK BRETAS: Eu supervisiono todos os negócios digitais da Globo, sou equivalente a um diretor digital. Também sou o “líder” da Globoplay. Temos muitos outros negócios digitais [junto com o serviço de streaming] e estamos entrando em novos empreendimentos.

Lançamos o Globoplay há cinco anos. A princípio, era um serviço que se pensava em complementar a TV Globo, mas com o passar do tempo ganhou força e hoje é um serviço mais independente.

DEADLINE: O que você pode nos dizer sobre a base de assinantes da Globoplay?

BRETAS: Não divulgamos o número total de nossos assinantes, a Netflix também não o faz com mercados específicos. Nós protegemos esses números. Mas posso dizer que encerramos o ano de 2020 com um aumento de 89% sobre o número de assinantes em 2019. Não foi apenas a pandemia, tivemos também o Big Brother Brasil que é muito popular no Brasil e aumenta nossas assinaturas – algumas pessoas cancelam a assinatura depois do programa, mas outras permanecem porque são atraídas pelo conteúdo geral das séries, filmes, novelas. Mas Big Brother é algo que as pessoas usam para descobrir a Globo, é o nosso maior programa.

Big Brother Brasil | Crédito: reprodução

2020 foi um grande ano. Estamos transmitindo 100 milhões de horas todos os meses. A maioria é para assinantes, mas também temos algum conteúdo gratuitos para visualização. Se você não é assinante, pode assistir a algumas notícias, programas de variedades, entrevistas e pequenos clipes das novelas.

DEADLINE: Está claro que sua participação no mercado brasileiro é enorme. Como é a presença da Globoplay nos EUA agora?

BRETAS: É pequena. Nossa estratégia internacional é não atrapalhar as grandes plataformas, buscamos atender os expatriados brasileiros. O que estamos descobrindo, no entanto, é que muitos desses brasileiros estão em famílias internacionais, e as pessoas começaram a nos pedir para legendar programas para que as famílias possam assistir juntas. Isso estende nosso conteúdo a um público mais amplo.

DEADLINE: E quanto à estratégia internacional mais ampla?

BRETAS: Nosso plano é expandir internacionalmente. Devemos passar pela Europa este ano, mas pretendemos disponibilizar a Globoplay em todo o mundo. Temos feeds de nossos canais lineares (disponíveis no serviço digital) que são adaptados a fusos horários individuais. Mas estamos sempre focados nos brasileiros que moram no exterior.

Uma das maneiras pelas quais queremos que nosso conteúdo atinja públicos mais amplos é buscando parcerias com serviços de streaming globais ou regionais. Existem outros serviços regionais muito fortes, como Stan na Austrália, Joyn na Alemanha, iFlix no Sudeste Asiático. A ideia é estreitar nossos relacionamentos trocando conteúdo ou, em alguns casos, coproduzindo. Você verá mais disso. Embora todos estejam falando sobre os serviços de streaming nos Estados Unidos, vemos cada vez mais serviços relevantes nos mercados nacionais, como nós.

DEADLINE: É competitivo lá fora, e os gigantes dos EUA têm bolsos fundos …

BRETAS: Acho que esses serviços “menores” podem conviver tranquilamente com os grandes serviços dos Estados Unidos porque não acho que as empresas americanas serão capazes de produzir conteúdo local com a mesma qualidade e com o mesmo entendimento dos mercados nacionais. Minha convicção pessoal é que veremos a coexistência de serviços de streaming locais e globais. Mas não posso prever quantos sobreviverão a essas guerras, é difícil sustentar mercados onde você tem 12-15 serviços.

DEADLINE: Quem são seus principais concorrentes no Brasil?

BRETAS: A Netflix é muito grande no Brasil. Eles desenharam sua estratégia de expansão internacional no Brasil, chegando lá depois de se expandirem para os territórios de língua inglesa do Reino Unido e Canadá. Eles produzem muito conteúdo local. A Amazon também está começando a produzir conteúdo local, e a Disney acaba de chegar e planeja produzir muito. Também estamos vendo movimento da HBO, que já produz para seu negócio de TV paga e provavelmente também para seu serviço de streaming. Todos os gigantes estão produzindo no mercado brasileiro.

Temos alguns outros serviços de streaming locais. Nossa concorrente Record TV tem o PlayPlus, que é semelhante ao Globoplay. Temos o Looqe, que é mais focado na transação, mas também tem algum SVOD. É um mercado muito populoso.

DEADLINE: E você acredita que a Globoplay é a plataforma que mais cresce no Brasil?

BRETAS: Achamos que em algum momento de 2020 fomos os que mais cresceram. É difícil dizer porque as empresas não divulgam seus números reais. Às vezes, programas específicos significam que os assinantes aumentam em um determinado mês, oscila muito.

DEADLINE: Mesmo sem esses números específicos, você sabe qual é sua posição no mercado em termos de número geral de assinantes?

BRETAS: No mercado brasileiro somos com certeza o segundo ou o terceiro, atrás do Netflix e talvez da Amazon, com quem competimos de perto.

DEADLINE: De volta ao conteúdo, conte-nos sobre co-produção e parcerias.

BRETAS: No ano passado lançamos o incrível show The Head, que foi produzido pela Mediapro. Eles foram muito habilidosos em formar um consórcio de compradores / co-produtores e nós fomos um deles. Eles também tinham Hulu Japan, HBO Asia, Viaplay na Escandinávia.

Também temos um acordo com a Sony, estamos produzindo The Angel Of Hamburg juntos e há um segundo show que entrará em produção este ano. Há mais conversas acontecendo sobre as quais não posso revelar detalhes agora. Procuramos histórias que possam ser contadas em diferentes línguas e para diferentes públicos, são tantas as histórias que interessam ao público brasileiro e que também seriam do interesse de um público americano ou europeu, temos de sete a oito projetos como este no pipeline que tem personagens que viajam ou se relacionam a uma história ou evento real que aconteceu em vários lugares ao mesmo tempo. Portanto, há mais por vir.

DEADLINE: Você quer dizer idiomas diferentes no mesmo show?

BRETAS: Sim. Como Narcos, por exemplo.

DEADLINE: Já falamos do Big Brother, que outro conteúdo faz sucesso no Globoplay? É principalmente em português ou o conteúdo em inglês também faz sucesso?

BRETAS: Oh sim, também licenciamos conteúdo de todos, Disney, Warner, NBCU, todos. Temos programas em inglês muito populares. Eu diria que o drama mais popular que temos em nossa plataforma agora é The Good Doctor, que é a Sony.

DEADLINE: Você também tem um acordo mais amplo com a Disney.

BRETAS: Temos uma parceria comercial com a Disney+ através da qual agrupamos seu serviço com a Globoplay. Nós realmente acreditamos que os dois serviços são muito complementares. Se você quer o melhor serviço de conteúdo brasileiro, a Globoplay com certeza é a sua melhor opção, e a Disney+ tem o line-up voltado para a família. É uma excelente combinação e o preço é muito competitivo, é menor que a assinatura premium da Netflix.

DEADLINE: Com a expansão da Disney + para o Brasil e outros mercados, você espera que esse negócio chegue ao fim?

BRETAS: Pode acabar, mas eu diria que a Disney está feliz e nós também, então não há razão para pensar no fim dessa relação no momento.

DEADLINE: O que você pode nos contar sobre o lado dos originais da Globoplay? Isso está aumentando?

BRETAS: Sim, é. Agora temos 82 programas em fase de desenvolvimento ou em produção. Lançamos 13 originais no ano passado, apesar das dificuldades da pandemia, e cinco deles eram grandes dramas. Originais são a peça mais importante de nossa estratégia agora.

Esses programas foram projetados para streaming, é muito diferente de um programa de TV aberta. Para a TV aberta, você visa um público mais amplo e a narrativa precisa ser mais lenta, então mesmo que você perca os episódios, você pode entender o que está acontecendo. Com o streaming, o público fica mais envolvido e o segue de maneira mais rigorosa. Você pode exigir mais deles e ser mais nervoso, dar mais informações por capítulo.

DEADLINE: Dê-nos uma amostra do que está por vir …

BRETAS: Verdades Secretas é uma das nossas maiores apostas em 2021. É a segunda parte de um programa que foi lançado pela primeira vez na TV aberta em 2015. Foi tão popular que a segunda parte será lançada em streaming porque acreditamos que vai impulsionar nossas assinaturas.

A novela das 11, Verdades Secretas, foi um grande sucesso em 2015. | Crédito: reprodução

DEADLINE: Qual foi o impacto da pandemia na produção?

BRETAS: Estamos começando a retomar algumas produções agora. Ainda é muito desafiador, pois estamos no meio de uma segunda onda. Estamos gerenciando isso com muito cuidado, pois, claro, a saúde de nossos funcionários é nossa prioridade. Mas estamos conseguindo retomar alguns com diretrizes muito rígidas, o que significa que é mais lento – você está produzindo 30-40% do que normalmente produziria em um dia. Quando tivermos a vacina é quando voltaremos com força total.

No Brasil, alguns dos serviços globais de streaming tentaram avançar, mas houve casos em que o elenco contraiu Covid e tiveram que encerrar as produções. Não é fácil ir a todo vapor neste momento.

PRAZO: E deve ser caro também.

BRETAS: Sim. Tivemos um caso em um programa específico em que a logística era tão complicada que o custo subiria para 120% a mais do que o orçamento original. Nesse caso, suspendemos – não cancelamos – e só retomaremos quando tivermos a vacina. Em outros casos, estamos absorvendo os custos crescentes.

Fonte: Deadline

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