Conta-nos a filósofa húngara Agnes Heller que, certa feita, ela estava trocando umas figurinhas com o filósofo francês Michel Foucault e, lá pelas tantas, um rapaz perguntou ao renomado professor se ele era estruturalista ou pós-estruturalista. Foucault, de forma lacônica, respondeu: “eu sou Michel Foucault”.

Ou, se preferirem, eu sou eu e minhas circunstâncias, como diria José Ortega y Gasset. É isso o que somos.  Adesão incondicional a este ou aquele “ismo” nada mais faz do que nos agrilhoar a um sistema de autojustificação que venda nossas vistas para a complexidade da vida e, ao invés de integrarmos, em nossa personalidade, a história vivida por nós, acabamos por ser absorvido pelas circunstâncias historicamente vividas, sendo digeridos por elas e reduzidos a um amontoado de massa fecal existencial.

Não é à toa que não são poucas as pessoas que literalmente adotam uma ideologia como sendo uma espécie de continuação do seu nome e, é claro, de sua personalidade fragilizada.

Quantas e quantas vezes ouvimos um e outro abençoado pronunciando-se, aos quatro ventos, não como indivíduo, mas sim, como coletividade. Infelizmente, não são poucas as vezes em que isso ocorre.

Detalhe importante que, penso eu, deve ser devidamente destacado: não há nada de errado em defendermos uma causa, apoiarmos um partido ou sermos signatários de uma ideologia. O que acaba sendo perigoso é quando uma ideologia, um partido ou uma causa se assenhoram da nossa personalidade e passam a ocupar o lugar de nossa consciência individual.

Quando isso ocorre, nossa consciência individual é calada pelo vozerio estridente da legião totalitária que, com seu coletivismo ideológico, passa a habitar em nós, similar a um processo de possessão.

Numa situação como essa, o sujeito passa a crer que está exercitando sua “consciência crítica” quanto está tão só e simplesmente reverberando tudo aquilo que é sussurrado pelos membros da legião que passou a integrar. Sussurrar esse que pode se dar de forma direta, acompanhando-se o que é compartilhado pelos seus iguais, ou indiretamente, através das imagens e figuras de linguagem que pululam o seu imaginário pesteado.

É um círculo vicioso. Quanto mais o abençoado perde a autonomia da sua consciência, menos ele sente falta dela. Quanto mais alienado de si e do mundo ele fica, mais ele crer que está cônscio de tudo.

Enfim, uma pessoa que se divorcia de sua consciência individual e fica amancebada com uma ideologia é similar a um viciado que se entrega a um processo contínuo de auto destruição e crê que, fazendo isso, está dando uma demonstração de suma esperteza. E é cada esperteza que é melhor nem dizer.

E é isso. Fim de causo.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela


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