Com a chegada de mais um Carnaval, os foliões aproveitam os bloquinhos de rua e os trios elétricos para conhecer outras pessoas. Em clima de festa, os romances acontecem instantaneamente e é comum que muitos beijem, em um só dia, vários(as) parceiros(as) diferentes. Durante essa época, consequentemente, aumentam os casos de mononucleose ou “doença do beijo”.
A infecção é provocada pelo vírus Epstein-Barr, da família do vírus da herpes, especialmente em indivíduos entre 15 e 25 anos. “É muito comum entre os jovens, pois geralmente ocorre quando adolescentes não imunes contraem a doença logo nos primeiros beijos. Daí o nome de ‘doença do beijo’”, explica a dra. Thais Guimarães, infectologista da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Instituto Central do Hospital das Clínicas e Hospital Servidor Público Estadual e membro da Associação Paulista de Medicina (APM). O contato direto com saliva, objetos contaminados e a transfusão de sangue são as principais formas de contaminação.
Uma vez que o vírus alcance a orofaringe, provoca inchaço nos gânglios do pescoço, resultando em dor de garganta. Por interferir no sistema de defesa do organismo, pode causar, inclusive, o aumento do fígado e do baço. Cansaço, febre, mal-estar e náusea também são comuns enquanto o vírus estiver circulando no sangue. No entanto, na maioria das vezes, a infecção é assintomática.
Já a transmissão ocorre apenas no período de incubação (entre 30 a 45 dias após o contágio), mesmo quando não há a presença de sintomas. Uma vez infectado, o indivíduo pode tornar-se portador do vírus, mantendo-o em seu organismo para o resto da vida. “A pessoa que tem o primeiro contato com a mononucleose produz anticorpos, mas o vírus pode ficar latente e causar, posteriormente, outras patologias, como alguns tipos de tumores”, alerta dra. Thais.
O tratamento se resume em combater os sinais da infecção com analgésicos, anti-inflamatórios, antitérmicos e repouso. O contato físico deve ser evitado, aliado à ingestão de muito líquido para limpeza do organismo. A recuperação se dá, na maioria das vezes, em menos de um mês.
De forma geral, a “doença do beijo” não tem prevenção. Não existe vacina, tratamento (exceto o sintomático) ou preservativos que resolvam. Portanto, a dica é ter cuidado e moderação durante o Carnaval.
“As pessoas que ficam beijando estão mais expostas, porque o contato se dá através da saliva contaminada. Se um indivíduo doente beijar uma, duas, três ou mais pessoas, ele estará passando o vírus para todas elas. Situações de aglomeração, como o Carnaval, são mais propícias à disseminação da mononucleose”, ressalta dra. Thaís.
Além disso, outras doenças ainda mais graves também podem ser transmitidas pelo beijo, como a gripe, a influenza, o resfriado, o sarampo, a rubéola e até o coronavírus. Durante a maior festa brasileira do ano, é preciso estar ciente dos riscos que vêm associados à curtição.
ESPAÇO MÉDICO
Neurologia e Genética
O II Congresso Brasileiro de Neurogenética, realizado pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN) com o apoio da Associação Paulista de Medicina (APM), tem como foco a discussão referente à pesquisa e atualização da área. O campo que une Neurologia e Genética vem crescendo nos últimos tempos. Portanto, o evento promete abordar temas variados, essenciais ao desenvolvimento de novas técnicas e descobertas.
O dr. José Luiz Pedroso, membro da Comissão Organizadora, espera atrair especialistas do Brasil e da América Latina, entre os dias 26 e 28, no Centro de Convenção Rebouças. Para isso, garante a presença de palestrantes nacionais e internacionais. Mais informações em abneuro.org.br
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