Por José Carlos Correia Filho*

O que acontece se você chegar atrasado ao seu trabalho? Ou ao ponto de ônibus, ao cinema, à consulta médica, à Missa ou ao Culto? Provavelmente sua resposta vai ser: “vou ter uma punição (emprego), ou vou perder a condução, o filme, a consulta, a Missa, o Culto”. Ninguém nos espera, nada fica esperando gente que não cumpre com seus horários, certo? E a gente sabe disso, a gente se organiza, corre, se vira, e chega lá no horário, estamos condicionados a isso.

Então, por que nossas crianças e adolescentes se acham no direito de não respeitar os horários escolares, acham que podem chegar atrasados, sair mais cedo, faltar sem motivo? E a escola é obrigada a deixar o “pequeno rei, a pequena rainha” entrar, pois ele tem direito? Mas e a educação para que no futuro saibam respeitar os horários e cumprir seus compromissos? Que exemplo estamos dando a eles?

Da mesma forma, se você recebe uma ordem do seu chefe, de um policial, de um juiz, de um médico, você vira para esta pessoa e diz “não vou, vai se ferrar, não estou nem aí, você não me manda, vai tomar no…”? Você sabe que se fizer isso, terá consequências, e podem ser bem sérias. Então você não faz, correto? E se faz, sabe das consequências. Então, por que alguns alunos fazem isso com seus professores? Respondem mal, se negam a cumprir o que lhes foi solicitado, e que faz parte da sua própria formação.

No são capazes de fazer silêncio numa fila, respeitar a hora do Hino Nacional, ficam rindo, debochando. Até os diretores falando e eles abusando, fazendo pouco caso. É impressionante ver como eles não fazem nada, não obedecem, não respeitam. E o professor, a professora, a escola, têm que aguentar, pois “Deus o livre de ofender o pequeno anjo”, obrigá-lo a realizar tarefas. Mas e aí, quando ele se tornar um adulto, como será? A vida ensina depois, e de formas bem piores.

Se você não cumpre com a sua função de forma satisfatória no trabalho, não cumpre sua obrigação eleitoral, não cumpre as leis, não se comporta de acordo com as regras, você é punido, não é? Demissão, processo, prisão, multas de trânsito, ambientais, execução judicial de dívidas e tributos, são apenas alguns exemplos de punições e consequências que podemos ter de acordo com nossos atos.

Então, por que hoje é quase proibido um aluno reprovar na escola? Ele não faz nada, não se interessa, não faz tarefas, trabalhos, entrega provas em branco. Culpa dele, será punido, terá consequências? Não, a culpa é do professor. Desrespeita colegas e professores, quebra coisas na escola, bate nos demais, fala palavrões horrendos, bate o pé, descumpre regras.

Nada de punição, a culpa é dos professores e da escola, ninguém cobra os prejuízos que eles dão, ninguém os faz limpar o que sujaram de propósito, juntar o lixo que jogam no chão.  Jamais! Fazer o “pequeno imperador, a pequena imperatriz”, cumprir regras e arcar com as consequências de seus atos? Isso é um crime, eles possuem direitos. Mas e no futuro, serão cidadãos?

Veja, não é que seja necessária alguma punição violenta, isso NUNCA. Mas educar, fazer com que entendam que devem sim cumprir regras, horários, ter respeito pelas pessoas. Que devem também se preocupar com a SUA FORMAÇÃO. As escolas, os professores, estão a todo ano “se batendo”, buscando novas formas de ensinar, quebrando a cabeça para estimular ainda mais a aprendizagem, mudar formas, metodologias.

Mas e eles? Não possuem nenhuma preocupação, nada de comprometimento, sequer em fazer tarefas e prestarem atenção às aulas. Como que pode? Como isso vai dar certo? Como eles vão ter sucesso? Por que a escola de antigamente ensinava mais? Você, que tem mais de 40 anos, lembra como era a disciplina, o respeito, a autoridade dos professores? Hoje é moda criticar professores, escolas, a Educação em si.

Mas ninguém fala sobre essa questão, a da juventude e sua crescente tendência a bater de frente com a sociedade. Sua preguiça, sua falta de amor próprio, sua falta de respeito.

E eu retomo a pergunta do título: que geração estamos criando? Mais burocracias, termos novos, novas teorias da educação, a criminalização dos professores vai mesmo resolver isso? E a outra ponta? E os estudantes, para eles só os direitos, nada de deveres?

*Professor de História

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