“O câncer não me pertence, eu o venci”
O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, com 59,7mil novos casos esperados para 2018, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Mas, quando diagnosticado precocemente, a chance de cura é de 95%.
A GUERREIRA
A pinhãoense Kleze Ariane Loures, 35 anos, mãe de três filhos, separada, é operadora de caixa e desde maio desse ano tem travado a batalha pela vida ao descobrir que tinha no seio esquerdo um tumor agressivo, porém estava no inicio da sua formação e localizado só na mama.
Fatos do Iguaçu teve o prazer de entrevistar essa guerreira, que chegou com um sorriso lindo para a entrevista, cheia de charme, com sua maquiagem e brincos cor de rosa, que decoravam um rosto que refletia luz e disposição de viver.
Após seis meses da morte de sua mãe, devido ao câncer de mama, Klezer descobriu que estava com um tumor no seio. Mas, diferente de sua mãe, ela escolheu se tratar e lutar pela vida
A DESCOBERTA
Ela conta que, ao realizar o toque nos seios na hora do banho, observou que havia um caroço.
“O dia que o médico me deu o diagnóstico foi como se eu tivesse tomado um tiro, mas a bala ficou lá, não estourou e eu decidi que ela vai estourar para o bem, a doença e o tratamento estão sendo para mim uma lição de vida”.
CONFISSÃO
Kelze confessou que não tinha o hábito de ir ao médico, que só ia quando fazia os pré-natais, e seu filho mais novo está com 11 anos. “Não façam o que eu fiz, eu não ía ao ginecologista, eu não me cuidava, precisei passar pela doença para ver o quanto é importante se cuidar e estar indo anualmente ao médico, parece bobagem, mas não é, todas as doenças são mais simples de serem tratadas no início”
TRATAMENTO
Kleze já passou por oito sessões de quimioterapia, sendo quatro vermelhas, que provocam a queda dos cabelos, as brancas provocam inchaço, dificuldade para andar e dirigir, porque doem muito as articulações. “Se a mulher conseguir passar pela quimioterapia, a doença a gente tira de letra. Foi muito difícil, mas eu sempre me lembrava, vou vencer, o câncer não me pertence e com essa experiência vou poder ajudar outras mulheres. A quimio judia muito”, contou ela com os olhos cheios de lágrimas. Mas, já sorrindo, fez questão de reforçar, “Mas tem que tratar, se tiver que fazer 10 ou 30, tem que fazer”.
SUS
Ela contou que todo o tratamento tem sido feito pelo SUS – Sistema Único de Saúde, e tem sido ótimo e muito humano, “A oncologia de Guarapuava é muito dez, o amparo é total, somos tratados com todo cuidado e delicadeza, cuidam do lado psicológico, não precisei pagar um exame, só tenho a agradecer a todos de lá”.
LENÇOS E PERUCAS
“Ganhei vários lenços e uma peruca, mas não consegui usar, parecia que eu queria mascarar a situação, coloquei a peruca, ficou muito legal em mim, mas parecia que eu estava colocando uma máscara, que estava me escondendo, assim, assumi minha careca, só coloco gorro se estiver frio porque gela demais”.
OS OUTROS
Nossa guerreira conta que muitas pessoas parecem ter preconceito e vêem o câncer como uma sentença de morte. “As pessoas parecem que têm medo que o câncer seja transmissivo, elas ficam com receio de me abraçar, pegar na minha mão, de conversar, a pessoa olha e fica visível que elas estão pensando “nossa que dó, ela tem câncer, vai morrer”. Tem sempre uma historia dramática para contar. Mas, na verdade, o câncer de mama não mata se for tratado e cuidado com carinho de quem passa pela doença”.
CIRUGIA
Kleze terá que fazer mastectomia, a cirurgia de retirada total ou parcial da mama, e que já está se preparando para isso. “Todo o processo mexeu muito comigo, no começo não conseguia me olhar no espelho, não pela careca, mas por estar muito inchada, eu tinha engordado 11 quilos. Já me via sem a mama, mas os 15 primeiros dias foram muito difíceis, ai comecei a pensar que Deus não me permitiu passar por isso em vão, era para eu perceber que eu estava errada, para ajudar quem precisa e para aproveitar mais a vida, mas da forma certa, não da forma errada como eu estava fazendo. A mama faz parte da estética da mulher, é difícil aceitar, eu tenho trabalhado isso e essa aceitação já começa a brotar, a nascer em mim, o choque inicial já passou e temos que nos amarmos como somos, e a cada dia é uma luta, eu vivo ele intensamente, não me preocupo literalmente com o amanhã”.
FAMÍLIA
Nós precisamos de atenção, carinho, a família é nosso tudo, meus filhos têm sido meu alicerce e todos os demais da minha família estão lá nos ajudando. Quem tem câncer precisa de muita atenção e carinho e a dose tem que ser tão grande como das quimioterapias.
DEUS
Kleze é uma mulher de fé. “Eu sempre coloquei Deus acima de tudo, eu penso que se estou passando por essa doença é para eu amadurecer, ficar mais próxima e também as pessoas, ninguém vem à toa no mundo, todos temos uma missão a cumprir e nada que acontece é por acaso, assim, tenho enfrentado tudo com Deus junto de mim”.
RECADO
Kleze deixa seu recado às mulheres: “Não façam como eu, mulheres, se cuidem, vão ao médico pelo menos uma vez por ano, faça o toque todo mês e a mamografia anual quando for necessário e, acima de tudo, se amem”.
Para quem está com câncer ela lembra que a doença é passageira, “o câncer se alimenta da tristeza, é preciso passear, se divertir, dar risada, amar e ser amada, ai tem cura”. E reforça: “Não deixe para amanha o abraço, a atenção, o carinho das pessoas que as rodeiam porque o amanhã pode não ter.
Kleze finalizou afirmando: “è fundamental querer viver, eu quero viver e ser um testemunho que é possível vencer, o número de mulheres que vence o câncer é muito maior que os que perdem a batalha. Eu serei uma vencedora que se ama e se assume assim, careca, com bochecha de corticóide, 11 quilos a amais, mas feliz e vivendo cada dia.com muito amor.
Edição: Nara Coelho | Foto: Naor Coelho
Assista a mensagem de Kleze para as mulheres: