Morte é algo não desejável nem por suicidas. E temos até um certo fascínio por esse tema.
E em 1994, achamos interessante uma colega do curso de História, ter feito monografia (hoje TCC), sobre Cemitérios.
Já por diversas vezes fizemos pequenas abordagens sobre o tema. E voltamos a ele, inspirado nas mortes nos dias 13 e 19/09/18 de dois diletos amigos e que queríamos muito bem: Evandro de Almeida, e Zorardo de Deus Rocha, que sem esperar tivemos últimas conversas há pouco tempo.
Seu Evandro e Zorardo, dois homens históricos de Pinhão, ícones em suas áreas de atuação, de mortes que mexeram profundamente com todos aqueles que os conheceram, e que foram alvos de marcantes e comoventes exéquias, além das tradicionais recomendações fúnebres feitas por religiosos.
Na nossa cultura ocidental, a morte é ainda um tema muito delicado.
São Francisco de Assis, olhava a morte com olhos de fé, chamava-a de “irmã”, e morreu cantando e sorrindo; o ímpio e filósofo Voltaire, chamava-a de “carrasca” e morreu amaldiçoando-a.
Uma das pessoas que nos reforçou vontade e gosto de fazer pequenos escritos e reflexões como esta, foi o professor e colunista da Gazeta do Povo, José Wanderlei Dias, que escreveu 10.227 crônicas. E tem uma crônica “Quando eu morrer” que foi republicada no dia 12 de julho de 1992, e que é uma pérola e relíquia que temos recorte em nossos arquivos.
O professor José Wanderlei Dias, de saudosa memória, na citada crônica de 12/07/92, se referiu a morte, não como um fim, mas como um etapa, e entre outras belezas sublimes disse: “que quando morrêssemos, merecêssemos uma lágrima em memória dos sorrisos que houvéssemos …propiciado; deixássemos alguma saudade, em face das esperanças que tívéssemos possibilitado…; legássemos um vazio, pequeno embora, porque nossa presença houvesse sido útil; inspirasse mais “um até a vista” do que um “adeus”; sentíssemos a mão piedosa que nos fechasse os olhos, porque havíamos ajudado a que se visse; as velas que acendessem rememorassem as luzes que tivéssemos posto a iluminar; ganhássemos uma palavra pelos instantes que tivéssemos ouvido, e um instante de reflexão e silêncio pelas palavras que houvéssemos dito um dia; que não morrêssemos de todo ou para sempre, pela vida que tivéssemos conseguido transmitir, preservar ou ajudar….”
Por fim e uma vez mais “Não morre quem vive no coração e memória dos vivos.” Só se morre terrenamente quando se é esquecido.
.(Francisco Carlos Caldas, advogado e cidadão municipalista).
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