O condutor de rafting André Brandão comemora o heptacampeonato mundial conquistado no Japão

por Luiz Humberto Monteiro Pereira | humberto@esportedefato.com.br | Foto:Divulgação

Se no futebol masculino a seleção brasileira vai à Russia em 2018 em busca do hexacampeonato mundial, a seleção brasileira de rafting masculino já comemora o hepta – é a maior vencedora dos mundiais da modalidade. Representado pela equipe Bozo D’Água, da cidade de paulista de Brotas, o Brasil conquistou pela sétima vez o Mundial do esporte radical de descida de corredeiras em equipe utilizando botes infláveis. Esse ano, a competição foi realizada em outubro nas corredeiras do Rio Yoshino, no Japão, com a participação de seleções consagradas na modalidade – como Japão, Argentina, República Tcheca, Rússia, Grã-Bretanha, Nova Zelândia, Eslováquia, Indonésia e Estados Unidos. “Foi um dos títulos mais difíceis desde o nosso primeiro Mundial, em 2007. A equipe local era muito forte e grande favorita, pois há uma década sempre está nos pódios de todos os campeonatos mundiais”, explica o bombeiro militar santista e condutor de rafting André Brandão, de 34 anos, morador de Brotas, integrante da equipe Bozo D’Água e da seleção brasileira de rafting masculino.

Esporte de Fato – Como o rafting surgiu na sua vida?

André Brandão – Sou formado em Educação Física e sempre gostei de esportes. Mas esta modalidade esportiva surgiu na minha vida no ano de 2000, quando eu trabalhava na empresa Mata Dentro Ecoturismo como vendedor. Como comercializávamos pacotes turísticos para a prática do rafting, precisei conhecer a atividade. Me apaixonei e nunca mais parei de praticar.

Esporte de Fato – Quais são os desafios para quem se dedica ao rafting?

André Brandão – Sem dúvida é a falta de incentivo, pois temos que conciliar o esporte com outras fontes de trabalho para conseguir renda. Não vivo do esporte, infelizmente. Nossa rotina de treinos é de 4 horas diárias, sendo duas em academia e as demais com treinos práticos no rio, cinco vezes por semana.

Esporte de Fato – Por que a seleção brasileira de rafting é representada pela equipe de Brotas?

André Brandão – Para representar o país é preciso ganhar o Campeonato Brasileiro, que vale a vaga no Mundial. E a nossa equipe foi vencedora 15 vezes!

Esporte de Fato – Como funciona uma competição de rafting?

André Brandão – São seis remadores no barco, mais dois reservas, um treinador e mais equipe de apoio. Na competição, são quatro provas por tempo. No Sprint, os barcos percorrem um trecho de 500 a 800 metros. A equipe que fizer o percurso em menos tempo ganha 100 pontos. No Sprint Paralelo, um bote contra o outro disputam o primeiro lugar – remo a remo – em um trecho de 500 a 800 metros. A equipe que fizer em menos tempo ganha a prova e, além disso, tem direito de escolher o melhor lugar de largada. A pontuação é 200 pontos. O Slalon conta com um trecho de 500 a 800 metros. Nele os botes têm que passar dentro de balizas erguidas por arames. Nas balizas, sinalizadas em verde, o bote desce a favor da correnteza do rio. Já nas vermelhas, descem a favor do rio e sobem contra a corrente para fazer a baliza. Se o bote encostar na baliza, a equipe sofre cinco segundos de penalização. Se um dos atletas não passar dentro das balizas, perde 50 segundos. A prova vale 300 pontos. O Descenso ou Maratona é uma prova de resistência de 21 a 15 km, dependendo do rio. Para a equipe que terminar em menor tempo, vale 400 pontos. A equipe é campeã por meio da somatória de todas as provas. Ou seja, é importante manter a regularidade.

Esporte de Fato – O que diria a alguém que quisesse começar a praticar o rafting hoje?

André Brandão – Seja bem-vindo a um esporte onde a natureza é o grande cenário! O primeiro passo é ser um amante da natureza. Gostar de esportes em equipe, de se relacionar com outras pessoas e praticar atividade física também são alguns diferenciais para ingressar na modalidade.

Esporte de Fato – É um esporte caro?

André Brandão – Apesar de ser um esporte coletivo, com despesas altas, competimos com o mínimo necessário. Nestes 15 anos representando o Brasil, eu acredito que o mais difícil é levantar fundos para as viagens. Atualmente, a equipe Bozo D’Água conta com um patrocinador máster, a fabricante de produtos químicos RadiciGroup, e dois co-patrocinadores: a Gazin Colchões e o Restaurante Brotas Bar. Temos ainda o apoio da Casa do Pão de Queijo do Zaza (Brotas), Rio de Aventura, Canoe, Hidro 2 Eko, Zafir Inflavéis, Active Gym, TCP Treinamentos, Clínica Dominato, Cros Fit Dominato, Recanto das Cachoeiras, Nikey Sushi, Eco Ação, Holus Turismo, Apta, Jhonatam Personal, Mãe Nica Doces, Areia que Canta, Montana, Casa Valente, Locamax, Triade Seguro, Restaurante Mariana, Restaurante Casinha e Cachoeira Martelo.

Esporte de Fato – Quais são as próximas competições que pretendem disputar?

André Brandão – 2018 é um ano muito importante, pois temos o pré-mundial na Austrália, em maio; Brasileiro, em julho; e Mundial na Argentina, em novembro. Além disso, temos circuitos europeus para participar, mas tudo dependerá das verbas provenientes das vendas de jantares e camisetas – uma forma que encontramos para ajudar nos subsídios da equipe. Por isso, é muito difícil falar em calendário, já que estamos quitando ainda as contas deste último campeonato.

 

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