Com 25 anos nas quadras de vôlei, o levantador Raphael Vieira brilha no Taubaté e curte a volta à seleção
por Luiz Humberto Monteiro Pereira humberto@esportedefato.com.br I Foto: Divulgação FIVB
Nas quadras de vôlei, o levantador decide quem ataca e cria espaços para os companheiros finalizarem. Há 25 anos, essa é a rotina do levantador Raphael Vieira. Hoje, aos 38 anos, ele é um dos trunfos do EMS Taubaté Funvic na disputa da Superliga masculina de vôlei 2017/2018, que começou em outubro. “É uma competição mais longa e que vamos entrar para disputar o título, respeitando todos os adversários, é claro”, pondera. Mineiro de São João Del Rey, mas criado na cidade fluminense de Resende, iniciou sua carreira nas quadras de vôlei enfrentando a “peneira” do Banespa, equipe paulistana pela qual jogou até 2001, vencendo um campeonato nacional. Em 2004, Raphael foi para a Rússia jogar no Zenit Kazan, onde foi campeão da Copa Russa. Depois de dois anos, foi para a Itália. “No Trentino, consegui realizar vários sonhos como profissional, como a conquista do tetracampeonato mundial”, relembra. Passou pela Turquia, onde defendeu Halkbank Ankara. Até que em 2014, depois de 11 anos no exterior, retornou ao Brasil para jogar em Taubaté. Lá, ajudou a levar o time paulista ao vice-campeonato da Superliga Masculina de Vôlei 2016/2017 – a final, em maio, acabou vencida pelo Sada Cruzeiro, pentacampeão do torneio.
Esse ano, voltou à seleção brasileira. Sob o comando do técnico Renan Dal Zotto, participou do grupo que conquistou o Sul-americano, no Chile, em agosto – já havia vencido essa competição com a seleção em 2005 e 2009. No mês, seguinte, também estava na conquista da Copa dos Campeões, no Japão. “O vôlei é realmente a minha vida e tenho muito amor por esse esporte, por tudo o que conquistei e que eu sonhava. Gostaria que isso permanecesse por muito tempo ainda”, avalia o levantador, que mora na cidade catarinense de Balneário Camboriú e aproveita todo o tempo livre para passar com os filhos e a esposa
Esporte de Fato – Como o vôlei surgiu na sua vida?
Raphael Vieira – Foi em 92, quando o Brasil foi campeão olímpico. Eu fazia todos os esportes e depois das Olimpíadas de Barcelona, me apaixonei pelo vôlei. Quando eu tinha 13 anos, pedi aos meus pais, de presente de Natal, que me levassem para participar de uma peneira em São Paulo, no Banespa. Entre cinco mil garotos, passaram cinco. E eu fui um deles. Foi ali onde tudo começou. De lá fui para o Bunge/Barão, um time que tinha em Blumenau/SC, e depois passei pela Ulbra/SC e Canoas/RS. Até que, em 2004, fui jogar na Rússia.
Esporte de Fato – Além da Rússia, você jogou também na Itália e na Turquia. Qual é o melhor país para ser jogador profissional de vôlei?
Raphael Vieira – A Itália é o melhor lugar. É hoje, no mundo, o país com o melhor campeonato, de muita tradição, com muitos estrangeiros juntos e isso faz com que o nível da competição seja muito alto. A Rússia também tem um campeonato muito forte, com diversos jogadores de alto nível e um país onde foi muito gratificante jogar. A Turquia tem uma liga um pouco mais fraca, mas com alguns times bem fortes, como o que eu joguei. São aqueles que montam os seus elencos para buscar o título da Champions League.
Esporte de Fato – Quais são as suas perspectivas no EMS Taubaté Funvic?
Raphael Vieira – É um projeto que vem melhorando a cada ano e fico feliz de poder participar desde o começo. É um time montado para disputar títulos, em busca de grandes objetivos.
Esporte de Fato – Apesar de sempre ter sido considerado um dos melhores levantadores do mundo, nunca conseguir se firmar na seleção do técnico Bernardinho. Como foi voltar à seleção brasileira, agora com Renan Dal Zotto, para conquistar o quarto título Sul-americano, no Chile, em agosto?
Raphael Vieira – Sempre procurei fazer o meu trabalho buscando ser feliz e tentando melhorar como profissional, pegando tudo de positivo que o vôlei pode me dar. A seleção sempre foi um grande sonho e sempre será. Com o Bernardinho, foram opções e respeito muito. Sou muito grato a tudo o que aprendi com ele. Todas as passagens que tive no comando dele foram muito gratificantes para mim e sempre entendendo que o técnico tem que fazer as suas opções. Isso não me deixou triste ou bravo. Foi um aprendizado muito grande.
Esporte de Fato – O Sul-americano do Chile foi o primeiro título de Renan Dal Zotto como técnico da seleção brasileira. O que achou de trabalhar com ele?
Raphael Vieira – O Renan é um técnico extremamente capaz e preparado. E com a pressão de substituir um técnico tão vencedor e amado pelo povo brasileiro como o Bernardinho. Esses resultados deram muita segurança e mostraram que a seleção continua no caminho certo. O Renan conseguiu manter a seleção brasileira no mesmo nível e, com certeza, vai manter por muito tempo. Foi muito legal ter conquistado esse tetracampeonato sul-americano para mim e espero continuar.
Esporte de Fato – A conquista do Sul-americano garantiu a vaga para o Mundial de 2018, que será disputado em setembro do ano que vem. Tem planos para estar lá?
Raphael Vieira – Foi muito bom estar na conquista do Sul-Americano, no Chile, e garantir a vaga para o Campeonato Mundial. É óbvio que as vagas estão abertas para os melhores jogadores e eu, com certeza, vou fazer de tudo para defender de novo o meu país. É sempre uma honra e um sonho vestir a camisa do Brasil. Não posso falar nada agora porque realmente tem muita coisa para acontecer ainda, mas tenho certeza de que o Renan vai fazer as opções para a melhor seleção possível disputar esse Mundial. Vou tentar fazer de tudo para estar lá, respeitando os profissionais da minha área. Quero aprender cada vez mais e viver grandes oportunidades e campeonatos.