Elis Carraro – jornalista do Fatos do Iguaçu
Por meio do projeto Florescer, mulheres vítimas de violência recebem conscientização a respeito do tema para buscarem ajuda
Assédio, exploração sexual, estupro, tortura, violência psicológica, agressões por parceiros ou familiares, perseguição, feminicídio. Há inúmeras formas e níveis de intensidades de promover a violência contra as mulheres, e isso é preocupante por ser algo ainda recorrente e presente em muitas cidades como o Pinhão, que está registrado como um dos municípios com maiores índices de violência, segundo dados da secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres.
A fim de minimizar as mazelas deste sofrimento que centenas de mulheres enfrentam, a Unicentro em Guarapuava desenvolveu o projeto ‘NUMAPE (Núcleo Maria da Penha): produção e utilização de materiais audiovisuais no enfrentamento à violência contra a mulher – Florescer‘, que funciona em parceria com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, a SETI.
O NUMAPE faz parte de um núcleo da Universidade Sem Fronteiras e assim, várias universidades possuem Numapes, no entanto, cada um atua de uma forma diferente e abrangendo uma região específica. Dentro da Unicentro existem dois Numapes, um no campus de Irati, e outro na Santa Cruz, que abrange a região de Pinhão.
O projeto surgiu em sala de aula no curso de Jornalismo da Unicentro em Guarapuava, quando um grupo de alunos desenvolveu um material jornalístico voltado para o tema da violência contra a mulher. O material tratava-se de um spot de rádio (pequeno programa de rádio), um documentário com o depoimento anônimo das vítimas e um livreto de histórias. Em seguida, a professora do curso de Jornalismo, Ariane Pereira, juntamente com cinco alunos, apresentou esses materiais à Secretaria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres de Guarapuava, que passou a divulgá-los em seus eventos a fim de motivar as mulheres a buscar ajuda. Mais tarde, os materiais foram compartilhados com a Câmara Técnica Estadual de Gestão do Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, que propôs que estes materiais sejam cedidos para as entidades paranaenses de combate à agressão e de apoio à mulher e, também, aos demais Numapes do Estado.
Os materiais são disponíveis para que as entidades que tenham interesse possam divulgá-los a fim de que as vítimas vejam os materiais e se identifiquem para buscar ajuda segundo dados da NUMAPE, centenas de mulheres já foram atendidas em Pinhão após a divulgação desse material por se encorajarem a buscar ajuda, e o mais importante, saberem que não estão sozinhas.
Nesse sentido, especialistas afirmam: é preciso reconhecer as diferentes formas de violência, dimensionar este grave problema social e, assim, avançar em concepções e práticas que revertam o quadro discriminatório que autoriza e perpetua agressões reiteradas contra mulheres e meninas. É necessário envolver os homens na superação dessa cultura violenta, reconhecer e dar atenção para as formas institucionais de violência praticadas. O Estado deve assegurar o protagonismo das mulheres por meio de políticas públicas de educação, autonomia econômica e financeira, igualdade no trabalho doméstico e no trabalho remunerado, cobrar respostas do Poder Público e da iniciativa privada nesse sentido, assim como garantir o investimento na expansão com qualidade da rede de atenção e enfrentamento à violência.
Por reconhecer a importância de estar sempre colocando em pauta a questão do combate à violência contra a mulher, o Fatos do Iguaçu aceitou o convite do NUMAPE/Unicentro para formar uma parceria, buscando assim dar a sua contribuição social. Para ir além de apenas divulgar o material de não à violência doméstica e o de realizar reportagem abordando e alertando sobre o problema, estará no próximo dia 23 promovendo uma mesa redonda com o tema: “Maria da Penha: a mulher, a violência e encaminhamentos”, em parceria com o NUMAPE, o Creas de Pinhão, o grupo Margaridas e o Sindicato Rural Patronal. Você, leitor, é convidado a participar desse debate, que acontecerá no Sindicato Rural Patronal, com início às 18h30 min.