Segundo a definição do dicionário, empatia é a “capacidade de compreender o sentimento ou reação da outra pessoa imaginando-se nas mesmas circunstâncias, de se identificar com outra pessoa; faculdade de compreender emocionalmente outra pessoa”.

Creio que seja uma das qualidades mais fascinantes e mais necessárias em um ser humano, e infelizmente, uma das que mais falta nos dias atuais. Vivemos a era da informação, da comunicação, das redes sociais. E eis que justamente aí que a falta de empatia tem mais sido perceptível. Com a dinâmica da Internet, as pessoas mal tomam conhecimento, superficial e imediato, de algo a respeito de outrem, ou ainda de uma opinião externada por qualquer pessoa, já estabelecem um (pré) julgamento, e sentenciam o outro a uma alcunha qualquer. Não há um esforço maior em conhecer as razões e o contexto nos quais tal situação ocorreu, tal opinião se formou e se fundamenta. Diga-se de passagem, fundamentar uma colocação, uma opinião hoje em dia, se tornou algo dispensável para a maioria de nós. Tem se preferido navegar o mar do “achismo” e do senso comum, guiados pelo “diz a maioria”.

Carl Ransom Rogers, psicólogo estadunidense, disse certa vez que “ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”.  Ora, e não temos nós, na maioria das vezes, feito exatamente o contrário. Queremos o debate, defendemos a democracia, bradamos pela liberdade de expressão. Mas se tal expressão for contrária à nossa própria opinião, já não nos serve. O diferente nos causa raiva, uma ação diferente das nossas ações cotidianas nos assusta, e nos causa reações por vezes infantis e dotadas de larga dosa de bestialidade.

Na escola, professores e alunos não se entendem, por inexistência da empatia. Nos ambientes de trabalho e negócios, patrões, empregados, clientes e prestadores de serviços se deixam levar pelo espírito egoísta e egocêntrico de “estar sempre certo”, mesmo que para isso cometa erros sequenciais. Entre amigos, nas famílias, pessoas rompem relações, se ofendem, trocam acusações e deboches pelo Facebook e outras mídias, numa ânsia infinita de impor suas verdades em detrimento das verdades alheias. Ninguém se entende, as pessoas afirmam coisas para si mesmas, acreditam piamente nestas coisas, e tentar impô-las aos demais sem a mínima cautela em ultrapassar os limites do direito de opinar sem obrigar seus interlocutores a aceitar seu ponto de vista.

Precisamos, pois, nos interpretar melhor. Fazer uma leitura mais ampla dos nossos semelhantes, buscar uma compreensão mais profunda das razões que levam o outro a ser quem é, a pensar como pensa a agir como age. E entender que em qualquer situação ou discussão, não há necessidade de se apurar um vencedor, alguém que prove por “A mais B” que está certo e que todos os demais estão errados. Percebamos que a humanidade nunca foi e nunca será homogênea, e que justamente a heterogeneidade é dá graça e sabor ao mundo. Olhemos para os outros com generosidade, humildade, respeito. Ouçamos mais as ponderações de todos, busquemos entender melhor nossos semelhantes. Sejamos mais empáticos diariamente para com as pessoas de nosso convívio. Com essas ações certamente construiremos um mundo melhor para todos, e demonstraremos a grandeza humanística que tanto se faz necessária atualmente.

José Carlos Correia Filho – professor de História

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