Por Dartagnan da Silva Zanela (*)
UM CÍNICO AFAGO NO EGO JUVENIL – Um traço comum a todos os movimentos políticos totalitários, estejam eles à destra ou à sinistra, é o uso de jovens como massa de manobra.
Movimentos desse tipo de peçonha, usa sistematicamente um velho ardil do demônio para instrumentalizar politicamente a gurizada: o apelo a vaidade que, nos mancebos, não é pequena não.
Esses canalhas enchem a bola da piazada! Dizem cinicamente que eles são os arautos da criticidade, que as injustiças do mundo só serão reparadas se eles, os jovens, agirem de pronto e de imediato para mudar tudo, que o futuro a eles pertence e que, por isso, devem toma-lo em suas mãos, já e agora e, vaidosamente, muitos acabam caindo nessa vil conjuração, sendo reduzidos a condição dum mero peão num abjeto tabuleiro de xadrez ideologicamente desorientado.
E, é claro, tudo isso é feito sob os auspícios das mais decantadas boas intenções. Sempre as tais das boas intenções.
Detalhe: não nos esqueçamos de que as tais boas intenções, sem caridade e sabedoria, não passam de mais um dos muitos ardis utilizados pelo pé sujo.
Enfim, seja como for: todo aquele que vier com aquele velho papo de que os jovens devem tomar e ocupar as ruas e tutti quanti, todo adulto que afirme docemente que uma multidão de guris é um impoluto baluarte de justiça, cuidado! Porque quando o afago é demasiado até mesmo o maior dos pecadores desconfia.
Por isso, jovem navegante, abra olhos e não caiam no canto dessas malditas sereias totalitárias. Despertai e vigiai porque o mar é tenebroso.
DECADENTE BRASILIDADE – O Brasil está a cada dia que passa mais e mais abestalhado mesmo. Tanto estamos assim que, atualmente, para muitos, covardia tornou-se sinônimo de coragem cívica.
E não é só isso. Não são poucos os que encaram a desídia intelectual como sendo algo equivalente a uma espécie de virtude cardinal, que encaram a incúria moral como sendo algo equivalente ao tal do respeito e, não menos importante, para muitíssimos, saber beijar na boca é penhor seguro de maturidade. Só por Deus mesmo.
Enfim, se continuarmos por essa decadente vereda, o melhor que temos a fazer, urgentemente, é revogar a brasilidade atual para salvar o pouco de dignidade que ainda resta da nossa cambaleante nacionalidade.
NA CONTRAMÃO DA EDUCAÇÃO – Somente é possível falar em educação quando se tem em vista o cultivo e a realização das virtudes cardinais no coração dos mancebos para, desse modo, edificar o seu caráter em dignidade e verdade.
Agora, quando temos a substituição do cultivo das referidas virtudes pela lavoura do rancor e da presunção na alma dos infantes, como o faz a tal “educação crítica”, tão primada nessas plagas, invariavelmente o coração dos guris torna-se vulnerável a ser tomado, sorrateiramente, pelas mais baixas inclinações que, gradativamente, deformam o seu caráter.
Desse modo, a piazada fica susceptíveis a manipulação rasteira da parte das mais vis almas sebosas que não se cansam de massagear seus egos juvenis para realizar os mais escusos propósitos e, os biltres fazem isso, levando-os crer, candidamente, que eles estão agindo com total autonomia.
Resumindo: as tenras gerações são ensinadas a agir feito gado imaginando que são cidadãos esclarecidos. E, infelizmente, muitos acabam agindo assim.
VERDADE SEJA DITA – Uma das grandes mentiras de nossa época é aquela que reza que nós não temos tempo pra nada, que nossos dias estão cheios demais e blábláblá. Na verdade, os nossos dias são estufados de bobagens que recebem de nossa parte uma imensa e indevida atenção e não cheios de obrigações impreteríveis.
Eliminadas as asneiras que tanto pareço damos em nossas horas livres veremos a quantidade de tempo que diuturnamente nós jogamos na lata de lixo com coisas que, se devidamente ponderadas, a única coisa que mereceriam de nossa parte seria o nosso desprezo. Só isso e olhe lá.
SEM RODEIOS – Todos aqueles que acabam sendo manipulados para realização de fins políticos escusos, fantasiados de boas intenções, que acabam sendo instrumentalizados como uma arma política, pouco importando a circunstância, a idade ou nacionalidade, necessariamente, sempre ignoram que estão sendo utilizados como massa de manobra porque estão alienados de si e do mundo. Aliás, se estivessem cônscios do entrevero, não se entregariam tão alegremente para cair em tamanho e vil engodo.
E se isso já não fosse suficiente, as vítimas desse tipo de artimanha (depre)cívica, não querem nem saber de serem alertadas do mal que elas estão sofrendo e, principalmente, do mal que estão causando, pois, como já havíamos dito, se soubessem, não estariam sendo usadas como gado, sendo marcadas ideologicamente sem nada saber ou perceber, tal qual uma turba de alienados (in)felizes.
Pior! Quando os ditos cidadãos vem a tomar consciência de sua ignóbil condição, na maioria dos casos, negam, com os pés juntos, que foram feitos de bobos, porque a vergonha diante do vexame revelado é, muito, muito grande mesmo que, nesse caso, o melhor é agir feito avestruz: enfiar a cabeça num buraco e fingir que nada aconteceu.
(*) Professor, cronista e bebedor de café.