Por coincidência ou não, o dia do professor no nosso país é comemorado no dia que é dedicado à memória de Santa Teresa D’Ávila que, além de ser uma alma de grande quilate, também é uma santa doutora da Igreja, com o título de Mater Spiritualium. Ou seja: Mãe da Espiritualidade.

Abre parêntese: No dia 05 de Outubro, como todos sabem, é o dia mundial do professor e, por coincidência ou não, foi nesse dia que a professora Helley Abreu Batista – que teve 90% do seu corpo queimado tentando salvar a vida dos seus alunos, numa creche em Janaúba, no Norte de Minas Gerais – morreu. Fecha parêntese.

Do pouco que conheço a respeito da vida e sobre a obra de Santa Teresa, há um ponto que considero de suma importância, principalmente quando pensamos nos incontáveis entreveros que turvam o nosso olhar sobre os problemas que permeiam o ensino, de um modo geral, na atualidade.

Em sua época, o século XVI, ela abraçou uma tremenda obra, a de reformador da Ordem Carmelita. Não precisaria nem dizer, mas, vamos lá: devido a sua dedicação a essa empreitada, ela sofreu inúmeras perseguições, inclusive foi processada pelo Tribunal do Santo Ofício.

Tal série de perseguições foi promovida justamente pelos carmelitas que não viam com bons olhos o zelo com que ela se dedicava à reforma da Ordem. Detalhe importante: a tigrada não apenas perseguiu a ela, mas também aos seus amigos e, naturalmente, procuram a todo custo destruir as conquistas obtidas com sua dedicação. Resumindo: ela e seus amigos passaram por tremendas provações.

Mas isso não a abalou. Nada disso. Não nos esqueçamos: ela não é uma alma de geleia como eu e você, amigo leitor. Não. Ela é Santa Teresa D’Ávila. Ela suportou todas as perseguições; silente, ela acolheu todas as calúnias, injúrias e difamações e, após alguns anos de martírio, o processo que havia sido movido contra ela pela Inquisição foi arquivado e, desse modo, ela pode voltar a dedicar-se a reforma do Carmelo.

E é claro que as insídias, calúnias e perseguições não pararam de bater à porta de sua vida, mas ela continuou seu trabalho, pois sabia que todo seu esforço, toda sua dedicação, não era para sua vã glória, mas sim, para a glória do Senhor. E assim ela seguiu com seu trabalho até o fim dos seus dias aqui neste vale de lágrimas.

Outro ponto fundamental que, penso eu, seja importante lembrarmos, é que a mestra de Ávila, enquanto reformadora, tinha uma grande preocupação quanto ao tipo de pessoa que eles estavam formando. Questão essa que se encontra no cerne de todo esforço.

Se respondemos essa questão de qualquer jeito, nós estamos literalmente brincando com o destino de inúmeras almas, tendo em vista que a formação, ou deformação, que oferecemos a uma pessoa é uma das partes fundamentais do destino dela.

Ou então, se voltamos nossos esforços para uma direção secundária, ou mesmo contrária a finalidade maior da alma humana, corremos o risco de levarmos incontáveis indivíduos a terem a sua personalidade mutilada e seu caráter corrompido.

Santa Teresa percebeu que havia algo de muito errado no seu tempo e, por isso, não mediu esforços para, dentro de suas limitações e com o auxílio da Graça, mostrar àqueles que tivessem olhos para ver e ouvidos para ouvir, que eles estavam se desviando do caminho que leva à verdade; e a verdade nos leva necessariamente para o alto, para o que há de mais elevado, nos livrando de sermos arrastados para o que há de mais baixo em nossa alma e para além dela.

Enfim, procuremos não nos esquecer nos dias que dedicamos às nossas lides, as palavras de Santa Teresa D’Ávila, que nos admoestam dizendo que “o Senhor não olha tanto a grandeza das nossas obras. Olha mais o amor com que são feitas”. Por isso, nunca nos esqueçamos que não é na grandeza material, ou no reconhecimento social, que nosso coração deve procurar a tal da satisfação, mas sim, na entrega graciosa e amorosa que fazemos à tudo aquilo que realizamos. E tudo o que realizamos deve, necessariamente, ser para a glória do Senhor, não para a nossa vã satisfação.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

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