Por Dartagnan da Silva Zanela

UM CRONISTA, DE BOA OU MÁ CEPA, ao seu modo, é uma espécie de alienista. Não como o Simão Bacamarte de Machado de Assis. Não. Mas espera lá que lá chegamos pra tratar desse disparate mal traçado. Por agora, tratemos doutro causo. Tudo mundo já deve ter ouvido aquela prosa, vinda dos lábios venenosos daquela galerinha que vive no ideologizado mundo da lua, e que, por isso, com aquele ar de superioridade moral, dizem, batendo os pezinhos: “como você é tongo seu alienado!

Você imagina que um único partido é o responsável por toda a corrupção do Brasil? É isso? Você acha que apenas prendendo o nosso “crush” (crush segundo a ululante filosofa) o nosso país irá se renovar e a corrupção acabar?” Quem nunca ouviu isso, ou algo similar, que atire o primeiro rolo de papel higiênico! Sim, tem que ter paciência, muita; mas, vá lá, convenhamos que apesar de tudo, isso tudo é divertido pra caramba. E te digo a razão do meu desajeitado gracejo.

Em primeiríssimo lugar: não. Isso mesmo. Eu porque falo apenas em meu nome, nunca esperei que a corrupção terminasse com a queda do PT. Aliás, nem espero que ela finde um dia em nosso triste país. Parêntese. Cá entre nós: esse negócio de supostamente falar em nome de categorias e minorias é muito, muito… cê sabe o quê. Fecha o parêntese. Espero outras coisas.

Entre elas, que a dita cuja seja combatida ferozmente, mas não isso, que ela finde numa hecatombe armagedônica, pois sei de que matéria é feita a política e qual é o tom que rege esse tosco baile de máscaras. Sim, já sei: sou um cínico (adivinhão). Aliás, nunca escondi isso de ninguém. Todavia, em meu cinismo sem cura, me permitam lembrar um trem que, pessoalmente, considero tão cômico quanto relevante pra matutarmos um pouco a respeito desse causo enjoado.

Toda vez que vejo alguém vindo pro meu lado com essa lengalenga de “górpi”, mais do que depressa, vem à minha memória – e, quando vem, rio – o fato de que quem esperava que a corrupção fosse varrida do mapa com a ascensão de um partido ao poder não era o tongo alienado que agora vos escreve não. Até parece que foi ontem que a esperança venceu o medo e se enforcou num pé de cebola. E tem mais: quem imagina que apenas uma única pessoa seria capaz de varrer o atraso de nosso país não sou eu não.

E tem outra: quem acredita, com os dois pés juntos, que apenas um partido se importa realmente com o tal do povo, mais uma vez, com o perdão da obviedade, não sou euzinho não. Sim, após dizer essas tonguices, é claro que poderá vir, bem rapidinho, aquela chusma rubra militante pra dizer que esse caipora escrevinhante é um fascista e blábláblá. Cansa ouvir isso, mas, confesso, mais uma vez: divirto-me pacas com essa tranqueira toda. O que seria de nossa vida sem essas bobeiras ditas de modo tão criticamente crítico, não é mesmo? Passado o momento confessional, voltemos ao correr cambaleante dessa mal ditada escrevinhada. Vejamos: quem acredita que o Estado é a solução de todos os problemas? Quem, quem é que devota uma fé quase psicótica em torno da bandeira dum partido político? Quem é que nutre um sentimento idolátrico por uma liderança como se essa fosse uma espécie de salvador da pátria?

Quem defende, com unhas e dentes, que o projeto totalitário de um partido político deve ser visto e encarado como superior aos interesses de toda uma nação? Quem chama de democracia a instrumentalização absoluta do Estado, e de seus tentáculos, para realização do projeto criminoso de poder do partido que fundou e integra o famigerado Foro de São Paulo? Pois é velhinho, mais uma vez: não sou eu não. Tudo bem, tudo bem. Se o cara não vê nada de errado em agir assim, o que dizer? Cada qual com suas loucuragens, não é mesmo?

Porém, seria bacana, bem bacana mesmo, que o fofinho não ficasse tachando todos os que veem essas flagrantes contradições como supostos “promotores” de hipotéticos “discursos de ódio”. Não mesmo cara pálida. Não resistir ao óbvio hilariante e rir, gargalhar de maneira retumbante diante da comédia sorumbática da vida política brasileira não é discurso de ódio não. É só uma forma espirituosa de piedade para com a tolice ideológica alheia.

E quanto ao alienista? Bem, isso é causo pra outra rodada de mate. Já é hora dum abençoado café. Fim.

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